UAlg cria Hub azul para passar conhecimento em renováveis e vigilância marinhas para as empresas

CRIA da Universidade do Algarve quer partir da investigação que já é feita na instituição para potenciar as áreas das energias e da vigilância marinhas

Há um Hub Azul em formação no Algarve, onde cabem a investigação, mas também as iniciativas empresariais ligadas ao mar. A Universidade do Algarve aproveitou o facto de ser parceira de três projetos europeus ligados às energias renováveis marinhas e vigilância marítima para lançar um cluster na região, que possa potenciar aquilo que já se faz por cá.

«Esta é uma área interessantíssima, pois tem um potencial de crescimento enorme e existe muito conhecimento na Universidade do Algarve e junto dos parceiros internacionais nessas áreas», resumiu ao Sul Informação Hugo Barros, diretor do CRIA – Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia da Ualg, que está na génese deste Blue Hub algarvio.

Esta foi, de resto, uma das principais ideias que saíram da conferência “Blue Hub – Serviços e tecnologias para o Crescimento Azul”, que decorreu em Julho na Universidade do Algarve.

Investigadores e empresários juntaram-se na sala de seminários da reitoria da Ualg, no Campus de Gambelas, em Faro, para discutir o futuro da economia azul na região, com especial enfoque nas áreas das energias renováveis e da vigilância.

A conferência foi realizada no âmbito dos projetos “PROteuS”, “Pelagos” e “Maestrale”, dos quais o CRIA é parceiro. Todos estão debaixo do mesmo “chapéu”, o programa MED da União Europeia, e têm um objetivo comum: criar um cluster para o Mediterrâneo.

Hugo Barros, diretor do CRIA

O CRIA decidiu, desta forma, «criar uma unidade algarvia para estes setores. Com o Hub, pretendemos dinamizar ações com o mercado e identificar tecnologias, produtos ou serviços que possam ser transferidos para empresas, do Algarve ou das regiões que integram o cluster mediterrânico», revelou ao nosso jornal Ana Gonçalves, gestora de projetos do CRIA.

O ponto de partida é a investigação que já é feita na Universidade do Algarve nas áreas abrangidas por estes projetos MED.

No Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) há um grupo dedicado às renováveis marinhas, que já testou com sucesso um protótipo para extração de energia das marés, na Ria Formosa.

Agora, como o Sul Informação avançou, os investigadores da UAlg juntaram-se a dois gigantes tecnológicos ibéricos para tentar garantir financiamento do Horizonte 2020, o programa de financiamento europeu destinado a apoiar grande projetos, que envolvam muitos milhões de euros.

Para Ana Gonçalves, o processo de criação de um ecossistema empresarial ligado às energias marinhas «poderia ser muito mais rápido se nós conseguíssemos fazer do Algarve e da Ria Formosa um local de testes para empresas, universidades e centros de investigação com maior capacidade, à semelhança do que os nossos investigadores fizeram no ano passado, com o projeto SCORE».

Foi a experiência ganha neste projeto que permitiu ao CIMA avançar com a proposta que já passou à segunda fase do Horizonte 2020. Os responsáveis por este centro de investigação também têm estado no terreno para tentar atrair para o Algarve o Marinerg-i, uma infraestrutura de testes reais e demonstradores que a União Europeia de prepara para criar.

Caso se consiga atrair o Marinerg-i para a Ria Formosa, poder-se-ão «criar dinâmicas, se calhar não tanto na produção de equipamentos, mas na cadeia de suporte» a esta indústria, acredita Ana Gonçalves.

Sérgio Jesus do SIPLAB/CINTAL

Na área da vigilância marítima, a academia algarvia conta com o Centro de Investigação Tecnológica do Algarve (CINTAL) e com o seu Laboratório de Processamento de Sinais, bem como com o «braço armado» destas duas estruturas, a empresa Marsensing.

Segundo Sérgio de Jesus, coordenador do SIPLAB, uma das principais linhas de investigação do CINTAL está ligada à acústica marinha. É que, explicou, para se ver o que está no fundo do mar, é preciso ouvi-lo.

Através da acústica – e recorrendo, muitas vezes, a tecnologia desenvolvida pelos seus investigadores – o CINTAL consegue fazer um mapa dos fundos marinhos, algo que seria impossível de fazer visualmente. A mesma tecnologia pode ser usada para o setor da vigilância e segurança marinha.

Tanto no que toca à vigilância marítima como às energias renováveis, há já muito trabalho feito – e reconhecido internacionalmente -, o que abre boas perspetivas para o Algarve. Mas nem tudo são rosas.

«Esta é uma área que ainda está a começar e carece de alguma legislação. Mas o nosso objetivo é continuar a aprender com outros locais onde este setor está mais desenvolvido e utilizar este hub para que a Universidade possa dar uma oferta muito mais concreta às empresas e à investigação», concluiu Hugo Barrros.

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