O Núcleo de Estudantes de Gestão do Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes (ISMAT), de Portimão, vai apoiar os empresários de Monchique afetados pelo incêndio. Além disso, um dos dias da receção aos caloiros, do próximo ano letivo, será feito naquela vila do interior algarvio.
Esta quarta-feira, 22 de Agosto, por iniciativa da Associação de Estudantes do ISMAT (AEISMAT), com apoio daquele instituto, houve uma reunião que juntou alunos, diretores de curso, representantes da Câmara Municipal, da Junta de Freguesia e dos Bombeiros de Monchique, bem como membros da comunicação social.
Rui Rosa, dirigente da AEISMAT, revelou ao Sul Informação que o «encontro de várias horas superou as expetativas».
«Falámos desde um plano estratégico mais alargado, à necessidade de voluntariado e de um trabalho de continuidade a médio longo prazo, a identidade da serra, formas de comunicação em crise e muitos mais temas bastante pertinentes. Muito se discutiu, surgiram novas ideias e vamos todos apoiar a nossa serra de Monchique, pois não podemos ficar indiferentes», explicou.
O ISMAT e o grupo Lusófona disponibilizaram-se para desenvolver uma série de atividades colaborativas com as instituições.
Assim, o auxílio aos empresários de Monchique, por parte dos alunos do ISMAT, será feito nas áreas de plano de negócio, procedimentos em melhoria contínua, gestão de risco ou a possibilidade de fazer cursos livres sobre empreendedorismo (a cargo da licenciatura em Gestão).
Haverá, ainda, campanhas de informação (Licenciatura em Design), orientações para reconstrução (licenciatura em Arquitetura) e formação sobre desenvolvimento e manutenção da Condição Física para a Proteção Civil, INEM e Bombeiros (licenciatura em Educação Física e Desporto).
Vão realizar-se também ações de sensibilização junto da população em geral, sobre reações emocionais em situações de emergência ou catástrofe, bem como ações de educação para as emoções dirigidas a crianças e jovens, em contexto escolar (licenciatura em Psicologia / Educação Física e Desporto).
A licenciatura em Psicologia será ainda responsável pela implementação de um programa de Gestão do Stress e Intervenção em Crise dirigido aos operacionais (bombeiros, GNR) e de um programa de “Primeiros Socorros Psicológicos” em contexto escolar.
Quanto à semana de receção aos novos alunos, que decorre de 1 a 6 de Outubro, terá um dia (5) em Monchique e dedicado à vila.
Das atividades, fazem parte um jogo de futebol entre os Bombeiros e os alunos ISMAT, no campo do Monchiquense, uma caminhada pelos trilhos da serra e uma competição de orientação.
Haverá também debates, palestras e formações sobre temas como criminalidade sobre os incendiários (NEDISMAT – Núcleo de Estudantes de Direito), condição física dos Corpos de Intervenção nos incêndios: relação com eficiência no combate às catástrofes; relação com gestão do trauma (Licenciatura em Educação Física e Desporto), workshops sobre resposta de emergência a catástrofes (Licenciatura em Psicologia) e uma formação sobre Comunicação em Crise, esta dirigida a quem está, ou quer estar, no terreno (Licenciatura em Psicologia).
Para terminar o dia 5 de Outubro, não vão faltar momentos musicais, com fado, rock, rap e DJs. Todas as atividades vão ser articuladas com as diversas entidades envolvidas.
Na mesma reunião, acrescentou Rui Rosa, falou-se sobre a «necessidade de existir um acompanhamento das pessoas que perderam todos os seus bens, pois vivem de agricultura de subsistência – medronheiros, sobreiros».
«Há um descontentamento geral dos habitantes, um desconforto grande da população idosa que já sofreu com outros grandes incêndios na serra. Referenciou-se que existem necessidades com falta de resposta, algumas são necessidades básicas. As perdas totais serão apoiadas por entidades públicas, mas há perdas parciais que os habitantes não referenciam, por vergonha ou desconforto», disse ainda ao nosso jornal.
Segundo o que foi dito na reunião, o «ISMAT, em colaboração com o município de Monchique e outras entidades, está disponível para levar a cabo a identificação de danos e elaborar um plano estratégico, de futuro e sustentado». Rui Rosa salientou mesmo que «surgiu a ideia de se criar um grupo de trabalho neste sentido. Há uma janela de oportunidade para diversas questões: ordenamento do território, evitar o êxodo rural».
A plataforma cívica Ajuda Monchique tem coordenado e apoiado as necessidades de bens materiais, alimentares, entre outros, conjuntamente com outras associações e voluntários no terreno.
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