Fim da Monarch complica objetivo dos 20 milhões de dormidas no Algarve

A falência da companhia aérea Monarch já se começou a sentir no Turismo da região. Há reservas canceladas nos hotéis […]

A falência da companhia aérea Monarch já se começou a sentir no Turismo da região. Há reservas canceladas nos hotéis e o objetivo de atingir os 20 milhões de dormidas em 2017 pode estar comprometido, tendo em conta que a companhia inglesa era uma das que mais voos assegurava para o Algarve na época baixa.

Desidério Silva, presidente da Região de Turismo do Algarve, em declarações ao Sul Informação, considera que o desaparecimento da Monarch «é uma situação muito complicada para a região» e que «a preocupação agora é que, nas cidades emissoras, para onde voava a Monarch, haja companhias aéreas que façam essas rotas e que os passageiros que procuravam, e continuam a procurar, o Algarve, tenham lugar noutras companhias».

Desidério Silva

Questionado se a falência da Monarch pode afetar o objetivo de haver 20 milhões de dormidas, no Algarve, este ano, Desidério Silva assume que «este é um processo que não vem ajudar em nada». No entanto, realça que «é importante que a região não esteja dependente de uma companhia aérea e temos de procurar junto das outras companhias que faziam três voos que possam fazer cinco, por exemplo».

O responsável pelo turismo no Algarve admite que «haverá sempre uma quebra no mercado até o processo estar restabelecido. Até haver reajustes, é evidente que não é fácil para a região. No entanto, se continuar a haver procura, como eu espero, haverá sempre outras companhias que estão disponíveis para voar».

A provar este facto, diz Desidério Silva, há «a Jet2, que já fez contactos com pilotos da Monarch, para se candidatarem a esta companhia aérea. Isso é um sinal que a Jet2 quer voar para os destinos para onde voava a Monarch, ou reforçar as rotas».

O presidente da RTA diz que, agora, é preciso «fazer um esforço e um trabalho de promoção cada vez maior nas cidades emissoras.  A Monarch não deixou de voar para Faro por deixar de acreditar no destino. É uma situação complicada, que não agrada a ninguém, mas acredito que haja formas de minimizar os impactos e que os turistas do Reino Unido continuem a visitar o Algarve todo o ano».

A época baixa é, aliás, uma das preocupações do hoteleiros. João Soares, representante no Algarve da Associação da Hotelaria de Portugal, lembra que «a Monarch era um dos principais operadores a funcionar no Algarve no período de Inverno. Ainda é cedo para saber se os passageiros conseguem vir noutros voos ou não. O que acontece é que a capacidade aérea diminui, os preços aumentam e as pessoas vão ponderar se vale a pena vir no mesmo período».

João Soares

João Soares considera que «com a dependência que temos do mercado britânico, é muito preocupante esta falência, principalmente entre Outubro e Maio. De Maio a Outubro, conseguimos ocupar camas com outras nacionalidades, mas no Inverno, o grosso da ocupação no Algarve são ingleses e irlandeses».

O Algarve está a apostar numa estratégia de promoção turística para todo o ano e, para João Soares, «a intenção é boa, mas se não houver companhias aéreas a voar para Faro, adeus. A Monarch tinha um peso muito grande época de Inverno, vamos ver se outra a substitui, esperamos que sim. Esperamos que o Governo, junto de outras companhias aéreas, as consiga sensibilizar para que aproveitem este nicho que a Monarch deixa».

Desde ontem, quando se soube a notícia da falência da Monarch «já houve alguns cancelamentos. Há cancelamentos não só de clientes da Monarch, mas de outros operadores que viajavam na Monarch. A Monarch tinha a companhia aérea e a Monarch Tourism, que fazia também a contratação direta com os hotéis».

O número de desistências «ainda está a ser avaliado, mas as reservas que estão para a frente vão ser todas canceladas. Temos esperança que consigamos ocupar esse espaço com os mesmos clientes, com reservas novas, ou com outros clientes, mas esta é uma grande perda para o Algarve, a Monarch é companhia aérea histórica», diz João Soares.

Eliseu Correia

Eliseu Correia, CEO da EC Travel, a maior empresa de incoming do Algarve, assume que a falência de «uma companhia aérea, com o histórico que tem no Algarve, é uma situação que nos deixa a todos preocupados. No entanto, isto não afetou só o Algarve: afetou outros destinos que vão ter precisamente o mesmo problema».

Eliseu Correia diz que a Monarch «tinha um peso ainda considerável ao nível do Reino Unido» e «com todas as situações que temos agora, da Ryanair por exemplo, digamos que o timing não podia ter sido pior».

Ainda assim, o empresário acredita que «este é um problema que se vai resolver» e que «a solução passa por uma movimentação rápida e concertada por parte dos órgãos de promoção turística do país  para  renegociar contratos existentes e procurar quem pode tapar estes buracos».

Esta questão deve ser encarada, para Eliseu Correia, «sem dramas, é um problema, mas tem solução. Não vamos criar alarmismos. Outros destinos vão ter o mesmo problema e cabe-nos, em conjunto, arranjar soluções para minimizar este efeito. O Algarve já passou por pior e ainda cá está, melhorou e cresceu. Temos é de ser rápidos no damage control: menos conversa e mais ação».

Se há muitos prejudicados no setor do turismo com a falência da Monarch, a EC Travel, até ao momento, ainda não sentiu os efeitos negativos, antes pelo contrário. «Neste momento, até acabámos por ser beneficiados, porque há uma série de reservas que estavam nesse grupo que faliu e que estão a ser feitas connosco. Estamos a ter mais fluxos, cancelamento nenhuns», conclui.

O mesmo não se pode dizer do Aeroporto de Faro que é o mais afetado pela falência da Monarch, a nível nacional. Entre hoje, terça-feira, e amanhã, estavam previstos 14 voos, de acordo com o site da ANA Aeroportos.

O Sul Informação questionou a empresa que gere o Aeroporto de Faro sobre o número de passageiros afetados, o número de voos cancelados e quais as alternativas que estão a ser dadas aos passageiros retidos.

No entanto, fonte da ANA esclareceu apenas que «na sequência do cessação de atividade da Monarch, a Civil Aviation Authority está a implementar um plano que gere o impacto nos passageiros desta companhia aérea. No website https://monarch.caa.co.uk/ podem ser encontradas todas as informações sobre as políticas aplicadas aos passageiros que têm voos com esta companhia aérea bem como aeroportos afetados e informação por aeroporto e por voo».

A ANA Aeroportos de Portugal diz estar «em contacto com a CAA e restantes entidades envolvidas neste plano, e comprometida na implementação das alterações necessárias para executar o plano e encaminhar os passageiros afetados em todos os aeroportos da rede ANA».

Além disso, «nada mais temos para comentar».

O Sul Informação contactou também a Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) mas, até ao momento, não obteve qualquer resposta.

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