Novo barco da Real Atunara é algarvio e terá um irmão em breve

Foi encomendado por uma empresa com capitais algarvios e espanhóis aos estaleiros da Nautiber, em Vila Real de Santo António, […]

Novo barco Real Atunara_1Foi encomendado por uma empresa com capitais algarvios e espanhóis aos estaleiros da Nautiber, em Vila Real de Santo António, vai viver em Olhão e serve para melhor explorar uma matéria prima de elevado valor de mercado: o atum rabilho. O novo barco da frota da empresa Real Atunara, que explora duas armações na costa algarvia, foi lançado à água esta segunda-feira e deverá ter um irmão, nascido na mesma maternidade, em breve.

A embarcação lançada ao mar esta semana, que foi batizada com o nome «Rabilho», representou um investimento de perto de 750 mil euros e «permitirá aliviar muito do trabalho que se faz na armação de atum», segundo Miguel Socorro, o administrador português desta empresa que conta com sócios algarvios e espanhóis.

«Está equipado com gruas com grande capacidade, tem motores mais rápidos e outro potencial de navegação na Ria Formosa, que os barcos que já temos não possuem», revelou. O facto de poder usar várias barras da zona lagunar, e não apenas «a grande», permitirá poupar «hora ou hora e meia para chegar à Armação».

Com 20 metros de comprimento e 7,7 de boca, o barco tem, ainda, «outro tipo de molinetes para trazer as redes para cima, o que facilita o trabalho de sacrifício dos atuns e melhora substancialmente as condições para fazer este trabalho».

Com o «Rabilho» a navegar e a apitar, no Rio Guadiana, de onde se deslocará para a sede da Real Atunara, em Olhão, o administrador da empresa pensa agora nos outros dois projetos que pensa encomendar aos estaleiros de VRSA.

«Temos dois projetos candidatos a fundos da União Europeia, para apoios, um de recuperação de um barco, que já está aqui nos estaleiros da Nautiber, e o outro para construção de um barco mais pequeno que este, com 10 metros por 6 de boca. Também será usado na armação, mas para outro tipo de trabalhos», anunciou Miguel Socorro.

Novo barco Real Atunara_2

Um reforço que será bem-vindo, já que a Real Atunara tem vindo a afirmar-se e detém duas das três licenças para armações de atum rabilho estinadas a Portugal. Em 2014, o Sul Informação conheceu-as e, na altura, tanto Miguel Socorro como o então deputado à Asssembleia da república socialista Miguel Freitas chamavam a atenção para o facto de a sua empresa ser obrigada a utilizar uma licença desaproveitada por Espanha, pois a União Europeia apenas permitia ao nosso país conceder duas licenças para este tipo de infraestrutura (uma delas pertence, há muito, à empresa Tunipex, sediada no Algarve e detida por japoneses).

Portugal conseguiu, entretanto, garantir mais uma licença e, mais importante que isso, ver-lhe concedida a hipótese de fazer Farming, ou seja, engorda de atum rabilho, o que lhe permite vender  500 toneladas de Atum a mais do que a quota que pode capturar, que este ano «deverá chegar às 400 toneladas».

Assim, é natural que haja um investimento na melhoria da frota da empresa. E Miguel Socorro não esconde que a escolha da Nautiber para construir as embarcações da empresa da qual é sócio – as restantes quotas pertencem a empresas espanholas ligadas ao setor das pescas – também tem algo de escolha pessoal.

«Eu trabalho com a Nautiber há muitos anos. Estes estaleiros têm uma equipa técnica, ao nível da conceção e construção naval, que nos dá garantias e nos permite entregar a construção deste navio, bem como dos outros projetos que temos», considerou.

Rui Roque, responsável pela Nautiber, agradece e mostra-se satisfeito por «o ciclo do dinheiro se fechar no Algarve». «É importante tentar que os fundos comunitários atribuídos ao Algarve sejam cá aplicados. A nossa filosofia é essa: se pudermos trabalhar com empresas de VRSA, trabalhamos. Se não for possível, tentamos trabalhar com empresas do Algarve, depois do país, e só se não houver outra hipótese é que vamos lá fora», assegurou o sócio-gerente da Nautiber.

«Para a Real Atunara, temos feito essencialmente reconstrução e reparação. Este foi o primeiro barco construído de raiz. Espero que gostem do nosso trabalho e que não seja a último», desejou Rui Roque.

 

Veja as fotos do lançamento do «Rabilho»:

Fotos: Hugo Rodrigues | Sul Informação

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