Em Faro, a mobilidade e os transportes são assuntos de todos

A Câmara de Faro prepara-se para apresentar uma proposta de Plano de Mobilidade de Transportes (PMT), mas não o quer […]

Site Plano Mobilidade transportes de FaroA Câmara de Faro prepara-se para apresentar uma proposta de Plano de Mobilidade de Transportes (PMT), mas não o quer fazer sem recolher o maior número de contributos possível.

Para isso, lançou uma plataforma online, esta quinta-feira, onde qualquer cidadão pode dizer de sua justiça, sobre aquela que deverá ser a estratégia autárquica para melhorar a mobilidade, dentro do concelho.

O PMT de Faro está a ser elaborado no âmbito do processo de revisão do Plano Diretor Municipal, o principal instrumento de Ordenamento do Território municipal, o que, só por si, constitui uma novidade, a nível nacional. Este trabalho está a ser levado a cabo pela empresa «MPT, Mobilidade e Planeamento do Território», em estreita colaboração com os técnicos da Câmara de Faro. Mas, para Paula Teles, diretora da MPT e uma das mais conceituadas especialistas em mobilidade em Portugal, isso não chega.

«Não chega o trabalho que nós fazemos no escritório e em colaboração com os técnicos da Câmara de Faro. Precisamos da ajuda de todos, da experiência do dia a dia dos munícipes, dos agentes económicos e de quem por aqui passa», ilustrou a coordenadora do plano.

Apresentação Plano Mobilidade e Transportes Faro«Como todos os planos que estamos a fazer, queremos que seja um processo participativo. Quando lançámos a revisão do PDM, houve um período de um mês para que as pessoas enviassem contributos para essa revisão. Porque estes são instrumentos estratégicos que ainda cá estarão depois de eu me ir embora», disse aos jornalistas o presidente da Câmara de Faro Rogério Bacalhau, à margem da sessão.

«A ideia é recolher o máximo de contributos possível e ter muita informação, para podermos produzir um documento que seja estratégico para os próximos anos. Muitas das ideias que já temos, têm de ser vistas em termos de planeamento integrado. Não faz sentido fazer um troço de ciclovia se ele não estiver integrado num plano mais vasto», ilustrou o edil.

E dá o exemplo do programa Faro Requalifica 2, iniciativa que, na primeira fase, permitiu requalificar diversas ruas e estradas do concelho. «Estamos a ponderar colocar já troços de ciclovia nas vias que forem intervencionadas. Mas isso só faz sentido se, depois, houver continuidade», explicou.

No microsite do PMT de Faro, que já está online, há um separador dedicado ao plano em si, onde se explica o que é e os seus objetivos, uma área onde se podem consultar os documentos disponíveis (para já, só foi desenvolvido o estudo de Caraterização e Diagnóstico) e uma outra onde se pode aceder ao inquérito, que os promotores do plano esperam que seja «preenchido pelo maior número de pessoas possível», não apenas munícipes farenses, mas também empresas e todos aqueles que passam, regularmente, em Faro.

Paralelamente, está a ser desenvolvido um trabalho com diversas entidades diretamente ligadas à mobilidade, como por exemplo «a EVA Transportes e os taxistas, que vivem muito essa questão da mobilidade», segundo Rogério Bacalhau.

O lançamento da plataforma aconteceu durante uma sessão que foi seguida de reuniões de trabalho onde membros da empresa que está a fazer o plano e técnicos da autarquia se juntaram a representantes de entidades públicas e privadas, para angariar sugestões e contributos para o plano.

Robert Stussi e Paula TelesNeste caso, o mote foi dado por Robert Stüssi, consultor da empresa MPT e um dos maiores especialistas a nível mundial, na área das políticas de transportes e mobilidade sustentável.

Numa alocução breve, o conceituado urbanista suíço lembrou a importância de planear bem, para que não haja incongruências quando as intervenções forem feitas no terreno. «Sou totalmente a favor que se avance com obra, mas não sem plano, sempre enquadrado numa estratégia», referiu.

Um dos fatores que, por vezes, influencia negativamente o desenvolvimento urbano, é o ciclo de disponibilidade financeira. Ou seja, há a tendência de fazer obra quando há oportunidades de financiamento, como as que existem agora de fundos europeus para a mobilidade, o que leva, por vezes, a que haja «intervenções desgarradas», que, por isso, não têm uma verdadeira utilidade.

Trabalhar baseado numa estratégia não impede «que se façam intervenções urgentes» e garante que  são deixadas sementes para obras futuras. «O planeamento pode demorar 20 anos a vencer. Mas vence!», acredita Robert Stüssi.

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