Qualidade das refeições escolares no Algarve melhorou nos últimos quatro anos

A qualidade das refeições escolares servidas nas cantinas das escolas algarvias melhorou nos últimos quatro anos, segundo dados da ARS […]

SONY DSC A qualidade das refeições escolares servidas nas cantinas das escolas algarvias melhorou nos últimos quatro anos, segundo dados da ARS Algarve. Atualmente, 29% das refeições servidas nas cantinas não tem qualidade satisfatória, contra os 40% de 2011, altura em que a ARS começou o Programa de Promoção da Qualidade Microbiológica das Refeições em Estabelecimentos de Educação.

A recolha de amostras para este programa é feita nas escolas da rede pública do Ensino Pré-escolar (JI) e do Ensino Básico do 1.º Ciclo (EB1) em todos os concelhos da região para análise por Técnicos de Saúde Ambiental das Unidades de Saúde Pública da Administração Regional de Saúde do Algarve.

O objetivo desta intervenção, realizada de forma estratégica e articulada entre as Autoridades de Saúde a nível regional e local, é o de «promover a qualidade microbiológica da comida e assim assegurar a prevenção da ocorrência de toxinfeções alimentares coletivas que poderão incorrer entre os escolarizados».

Em 2011, quando a vigilância microbiológica dos alimentos foi reativada no Laboratório Regional de Saúde Pública do Algarve Dra. Laura Ayres, cerca de 90 estabelecimentos escolares integraram o programa. Em 2014, o mesmo abrangeu cerca de 140 estabelecimentos escolares, o que corresponde a cerca de 78% do universo das JI/EB1 da região.

«Os resultados que obtivemos inicialmente foram pouco encorajadores. 40% das amostras das refeições prontas a comer, confecionadas, eram não satisfatórias na altura, e as restantes 60% revelavam qualidade aceitável e satisfatória. Hoje podemos dizer que esse número baixou para 29%, sendo que as restantes 71% revelaram qualidade aceitável e satisfatória. É um ganho significativo», explica a Diretora do Departamento de Saúde Pública e Planeamento da ARS Algarve, Ana Cristina Guerreiro.SONY DSC

A colheita das amostras realizadas pelos técnicos dos Agrupamentos de Centros de Saúde nos refeitórios escolares é feita «de forma aleatória e sem aviso prévio», explica a Técnica de Saúde Ambiental do Departamento de Saúde Pública e Planeamento da ARS Algarve, Alexandra Monteiro, sublinhando que «a periodicidade da recolha das amostras varia em cada estabelecimento escolar (em média de quadrimestral a semestral) em função da avaliação do risco, como por exemplo o historial de resultados analíticos obtidos, que por vezes poderão justificar a realização de análises extraordinárias».

A intervenção contínua nas escolas «visa avaliar as práticas utilizadas, identificar eventuais situações de risco, determinar medidas corretoras, e capacitar os estabelecimentos escolares a adotar práticas adequadas na preparação, confeção e conservação dos géneros alimentícios».

«A maioria das doenças transmitidas por alimentos é de origem microbiológica», acrescenta Dália Pinheiro, igualmente Técnica de Saúde Ambiental, explicando que as infeções alimentares «geralmente são originadas por manipulações inadequadas, infeções cruzadas, confeção ou conservação deficientes», daí a necessidade de inspecionar as cantinas.

«Desta forma conseguimos controlar a segurança microbiológica das refeições que os alunos consomem, garantir que a comida realmente é segura e que não provoca toxinfeções alimentares», realça.SONY DSC

«É um trabalho de fundo e essencial para a saúde do nosso público-alvo. A operacionalização deste programa permite contribuir para o aumento da segurança microbiológica das refeições que a população escolar consome», sublinha Ana Cristina Guerreiro.

A Delegada Regional de Saúde destaca: «O cumprimento das condições de higiene e segurança nos serviços de alimentação, quer a nível estrutural, quer a nível funcional, deve ser uma preocupação constante das instituições. Só assim se pode alcançar uma refeição segura que vá ao encontro das exigências e expectativas dos consumidores».

Uma vez colhidas, as amostras alimentares, provenientes de todas as Unidades de Saúde Pública da região, são transportadas para o Laboratório Regional de Saúde Pública Dra. Laura Ayres, para determinação de microrganismos indicadores de higiene e dos microrganismos patogénicos e/ou as suas toxinas, com vista à avaliação da qualidade microbiológica das mesmas.

«As amostras alimentares são transportadas devidamente refrigeradas e chegam ao LRSP no mesmo dia da colheita, para dar início à marcha de análise, tão rápido quanto possível», explica Dra. Jaqueline Dionísio, responsável pela apreciação dos resultados analíticos das amostras no Laboratório Regional de Saúde Pública Dra. Laura Ayres.SONY DSC

As Técnicas da área de Microbiologia de Alimentos, Eng. Carla Martins e Eng. Marta Fragoso, seguem em ambiente laboratorial, o que é preconizado pelas normas ISO, para os diferentes microrganismos. Os métodos analíticos adotados durante este processo de análise, incluem contagem de microrganismos indicadores a 30ºC, Bolores e Leveduras, Enterobacteriaceae, E. coli e Listeria spp. e contagem de um leque de microrganismos patogénicos que inclui Bacillus cereus, Clostridium perfringens, Estafilococos coagulase positiva, pesquisa de Samonella spp e Listeria monocytogenes. Na última fase do processo, os resultados são sujeitos a apreciação e reportados à autoridade de saúde local requisitante.

O Programa de Promoção da Qualidade Microbiológica das Refeições em Estabelecimentos de Educação poderá no futuro vir a incluir o estudo higiénico dos manipuladores dos alimentos nas escolas, dos utensílios e das superfícies onde as refeições são confecionadas, bem como outras tipologias de estabelecimentos, designadamente creches e lares de idosos, de acordo com a capacidade instalada do Laboratório Regional de Saúde Pública.

«Para além da vigilância epidemiológica de toxinfeções alimentares coletivas, continuam a ser necessárias intervenções de carácter preventivo no terreno que procurem restringir a sua ocorrência, prioritariamente em grupos de risco específicos», realça Dra. Ana Cristina Guerreiro, referindo que a investigação «assenta num trabalho interinstitucional» entre as áreas da Saúde, as Empresas de Catering e a ASAE.

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