Já foram reflorestados mil hectares na zona da Serra do Caldeirão ardida em 2012

A Serra do Caldeirão está a recuperar, após os incêndios de 2012 em Tavira e São Brás de Alportel, e […]

Assunção Cristas na Serra do Caldeirão_CMSB AlportelA Serra do Caldeirão está a recuperar, após os incêndios de 2012 em Tavira e São Brás de Alportel, e já há resultados para ver, no terreno.

Mais de mil hectares de nova zona de produção florestal, com «mais de 300 mil sobreiros e alguns milhares de medronheiros», e a criação de mais duas Zonas de Intervenção Florestal (ZIF), que se juntam às que já existiam neste território, são os pontos «positivos» do trabalho desenvolvido pelas autarquias e por privados, que a ministra da Agricultura Assunção Cristas fez questão de ver, in loco, na passada segunda-feira.

Assunção Cristas esteve em Tavira e São Brás de Alportel, para visitar alguns locais onde já se está a avançar para a reflorestação, após uma primeira fase de medidas de estabilização, e elogiou o trabalho que foi feito, desde 2012. O dia acabou com uma sessão, em São Brás de Alportel, com entidades locais.

Após ter visitado as zonas afetadas por este grande incêndio de 2012, que destruiu mais de 26 mil hectares (cerca de 5 mil dos quais de área de produção florestal), a ministra constatou que, «na altura, já existiam duas ZIF e agora há mais duas a ser constituídas e que, neste momento, já estão mil hectares devidamente trabalhados, com nova plantação de sobreiro e medronheiro», além de ver que «há um esforço constante e consistente por parte destas entidades» para recuperar a Serra do Caldeirão.

«Dois anos depois,(…) o período considerado crítico para se fazer a avaliação do território e se poderem começar outras ações, mais avançadas, de arborização, foi altura de ver o que já estava feito», explicou Assunção Cristas, à margem desta visita.

Jorge Botelho: “Há uma extensão enorme de terreno que antes não tinha nada que está agora ser intervencionada. Isto poderá revelar-se uma riqueza enorme para a Serra, a longo prazo”

Esta foi a segunda visita que a governante fez a esta área. «Há dois anos, logo no pós-incêndio, fiz uma visita discretíssima para ver in loco as consequências devastadoras dos fogos. E logo nessa altura reuni com algumas associações de produtores florestais e desafiei-os para que olhassem para aquela desgraça como uma oportunidade, para, depois, se repovoar o território, olhando para as espécies em causa e para a facilidade de integração na rede primária de proteção da floresta contra incêndio», ilustrou.

O desafio foi aceite, como confirma o presidente da Câmara de Tavira Jorge Botelho, o concelho em que ardeu uma maior área. Os dados avançados pela ministra, explicou o edil ao Sul Informação, são relativos a Tavira, onde «a Câmara e os privados se lançaram ao terreno, numa lógica de refazer, com recurso a fundos comunitários».

«Ainda há muito que fazer. Mas, depois das medidas de estabilização que foram feitas, com rapidez, já se começa a ver que a dinâmica económica está a crescer, na Serra, devido à intervenção das ZIF», assegurou Jorge Botelho.

«Há uma extensão enorme de terreno que antes não tinha nada que está agora ser intervencionada. Isto poderá revelar-se uma riqueza enorme para a Serra, a longo prazo», acredita.

Um dinamismo que está muito ligado «aos privados, nomeadamente a empresários jovens, que se mostraram interessados em organizar-se em ZIF». «É importante que se façam bons projetos, para que se dinamize a economia local e se crie riqueza e postos de trabalho, neste território», acrescentou Jorge Botelho. Neste campo, a união entre diversos produtores é fulcral, pois só assim terão acesso a Fundos Comunitários.

Assunção Cristas em São Brás de AlportelO presidente da Câmara de São Brás de Alportel Vítor Guerreiro, por seu lado, lembrou, na sessão que este concelho acolheu, na qual participou Assunção Cristas, as dificuldades com que se depara quem quer investir na área agrícola, netse concelho.

O edil fala em inadequação «entre as medidas apresentadas, e seus pretensos proponentes, e a realidade sociodemográfica e económica do interior do concelho são-brasense, o que acresce dificuldade na obtenção de financiamento para investir no setor.

«Mais produtividade e soluções adequadas à realidade local são primordiais para o desenvolvimento socioeconómico de São Brás de Alportel e também do Algarve, com especial foco na indústria agrícola, tendo em conta a especificidade deste território», defendeu Vítor Guerreiro.

Assim, apelou ao Governo para que seja promovida «uma maior agilização dos procedimentos, redução dos obstáculos burocráticos, de descentralização do poder decisório para as direções desconcentradas na região e garantias de uma maior autonomia do poder local na gestão do seu território».

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