“A Dividadura” em Faro e Olhão com Francisco Louçã e Mariana Mortágua

Francisco Louçã, coordenador nacional do Bloco de Esquerda, e a dirigente bloquista Mariana Mortágua deslocam-se na sexta-feira, dia 11, a […]

Francisco Louçã, coordenador nacional do Bloco de Esquerda, e a dirigente bloquista Mariana Mortágua deslocam-se na sexta-feira, dia 11, a Faro e depois Olhão, para uma apresentação do seu mais recente livro, “Dividadura”.

Em Faro, a sessão está marcada para as 18h00 na Livraria Pátio de Letras, e em Olhão, para as 21h30 na Sociedade Recreativa Olhanense.

Segundo Louçã, um dos objetivos da obra é mostrar à opinião pública “as estratégias da dívida, a política da dívida, a tirania da dívida”.

Francisco Louçã esclareceu que este “livro surgiu de uma conversa que tivemos entre nós a propósito da apreciação dos sucessivos relatórios do FMI sobre a dívida, em que entendemos que esta é a questão política determinante em Portugal, é a questão social determinante e a questão económica determinante”.

Os autores terão, segundo Louçã, procurado “juntar muita informação factual, muita informação histórica, muitos pontos de vista diferentes, são muito citados os autores do FMI, são muito discutidas as posições dos economistas liberais e outros”.

 

“Uma parte importantíssima da dívida é ilegítima”

O dirigente bloquista defendeu que a Europa e Portugal concretamente chegaram “a uma situação absolutamente insustentável e que é o resultado absoluto de uma construção ilegítima e tirânica de uma dívida que não existe”.

“Acho que uma parte importantíssima da dívida devia ser cancelada porque simplesmente é dívida ilegítima, que não foi contraída pelos portugueses e resulta simplesmente do jogo financeiro e da acumulação de juros excessivos”, avançou o dirigente bloquista.

Para Louçã, a atual crise “só é excecional pela dimensão e pelo poder da chantagem financeira, por existir hoje uma finança mais global, mais poderosa e mais intocável”.

“No livro é citado um estudo do Michel Rocard, ex-primeiro-ministro francês, em que este diz que o pacote de empréstimo do Estado norte-americano à banca americana foi feito a um juro de 0,01 por cento. Como é que Portugal pode estar a pagar acima de 3 e de 4 por cento quando a sua economia vai cair 4 por cento este ano?”, avança o co-autor de “A Dividadura”.

“Portugal paga 8 mil milhões de euros de dívida este ano, mas daqui a poucos anos vai pagar 21 mil milhões de euros num único ano, quase três vezes mais”, sublinhou Francisco Louçã, adiantando que os sacrifícios impostos aos países constituem “uma renda permanente de longo prazo para o capital financeiro”.

Para Louçã, a atual crise e os programas de austeridade impostos aos países, com o “desmantelamento” e “precarização” dos direitos laborais, irão levar a uma democracia “sem conteúdo, sem devolução, que só tem impostos e salários baixos”.

O livro “A Dividadura – Portugal na crise do euro”, não só aborda a atual crise e o caso português como traça uma perspetiva histórica do conceito de dívida e do seu contexto desde a Mesopotâmia, passando pelos textos bíblicos e indo até à bancarrota portuguesa no reinado do rei D.Carlos I, no fim do século XIX, à Grande Depressão ou às renegociações de dívida que tiveram lugar na Argentina ou na Islândia.

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