O Artur vai ter «Alta Segura» quando sair da maternidade do Hospital de Portimão

O Artur, de apenas dois dias, foi a “estrela” da apresentação, no Hospital do Barlavento Algarvio, em Portimão, do projeto […]

O Artur, de apenas dois dias, foi a “estrela” da apresentação, no Hospital do Barlavento Algarvio, em Portimão, do projeto «Alta Segura», promovido pela Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI).

O pequeno Artur, acompanhado pelos seus pais Susana e André Rio, foi o “modelo” para que as enfermeiras Lígia e Ana, da Neonatologia, explicassem aos jovens pais como usar da melhor forma a cadeirinha (ou ovinho) para transportar o bebé quando amanhã saírem do hospital. Calmo e sereno, o Artur prestou-se a tudo sem um protesto, apenas soltando um bocejo de vez em quando.

Depois, as enfermeiras explicaram, junto ao lugar de estacionamento especialmente criado e assinalado com uma placa, como colocar o ovinho no automóvel.

Com este lançamento oficial, que contou com a presença do diretor-geral de Saúde Francisco George e da presidente da APSI Sandra Nascimento, o Algarve passou a ser a região pioneira na implementação do projeto «Alta Segura».

Além do Hospital de Portimão, o projeto abrange ainda as outras duas unidades hospitalares algarvias com maternidade: o Hospital Particular do Algarve, em Gambelas, e o Hospital Central de Faro. Na região, o projeto «Alta Segura» conta ainda com a parceria do Fórum Algarve.

Depois de ouvir atentamente a explicação da enfermeira Lígia e de experimentar como se coloca a cadeirinha no banco do automóvel, o pai do Artur confessou aos jornalistas ter «aprendido muito», apesar de até já ser pai de uma outra criança, de 3 anos. «Percebemos que nem tudo o que fazíamos antes estava bem, como o colocarmos uma fraldinha por baixo do bebé. Esta explicação prática foi muito útil», garantiu André Rio.

Sandra Nascimento, presidente da APSI, que fez a oferta simbólica de uma cadeirinha em cada um dos hospitais hoje visitados, salientou que o lançamento deste projeto é uma velha aspiração da associação. Tudo começou em setembro do ano passado, com a formação teórica e prática de profissionais de saúde, habilitando-os a esclarecer as famílias relativamente aos cuidados a ter na escolha da cadeirinha, na sua instalação no automóvel e na utilização pela criança, bem como a verificar se o transporte no momento da alta da maternidade é feito em condições de segurança adequadas.

O projeto começa pelo Algarve pelo facto de aqui existir um núcleo muito ativo da APSI, dirigido pela pediatra Elsa Rocha, do Hospital de Faro, e porque surgiu um parceiro institucional importante, o Fórum Algarve.

Sandra Nascimento sublinhou que «os acidentes rodoviários são a maior causa de morte e incapacidade permanente em crianças na Europa e em Portugal. Apesar da segurança rodoviária, na última década, ter melhorado consideravelmente, tendo Portugal alcançado a melhor média de redução da mortalidade infantil por acidentes rodoviários, as crianças abaixo dos 14 anos ainda representam 3,2% do total da mortalidade rodoviária. Quase 50% destas mortes acontecem com crianças passageiras de automóveis».
Por isso, defendeu, «a utilização de um sistema de retenção para crianças (SRC), vulgarmente designado por “cadeirinha” adequado e bem instalado, reduz a ocorrência de morte ou ferimentos graves em crianças entre 90‐95% (cadeira virada para trás) e 60% (cadeira virada para a frente)».

Mesmo assim, ainda há erros na utilização das cadeirinhas, que podem reduzir o nível de proteção. A APSI considera que «a utilização incorreta ou desadequada dos sistemas de retenção para crianças está relacionada, em grande medida, com a falta de informação fidedigna, consistente e clara dirigida às famílias».

Da mesma forma, a falta de conhecimentos técnicos específicos por parte dos profissionais – nomeadamente os da saúde – que têm responsabilidade no aconselhamento das famílias e possuem, por isso, grande poder de influência nas suas escolhas e decisões, também «contribui de forma determinante para esta realidade».

Sandra Nascimento defendeu mesmo que, além dos profissionais de saúde, também os vendedores das lojas que comercializam as cadeirinhas e os agentes da autoridade deveriam receber formação sobre este tema, «de modo a melhor aconselhar as famílias».

Daí a importância deste projeto, em que os pais dos bebés, antes de saírem da maternidade, recebem ensinamentos sobre a colocação do “ovinho”, utilizando para isso um banco de demonstração, depois são seguidos por um enfermeiro até ao carro, para verificar se aprenderam bem e ainda recebem um carimbo no Boletim de Saúde da criança.

 

Banco de empréstimo de cadeirinhas está a ser estudado
Francisco George, diretor-geral de Saúde, revelou que até «ao final do ano, as 41 unidades de saúde públicas do país deverão receber simuladores e cadeirinhas» para dar continuidade ao projeto «Alta Segura», sempre em parceria com a APSI.

O responsável adiantou ainda que uma equipa da direção geral de Saúde está a fazer um projeto para a criação de um «banco de empréstimo» de cadeirinhas para pais com dificuldades financeiras. «A ideia é emprestar cadeirinhas enquanto elas são necessárias, que depois serão devolvidas para voltarem a ser utilizadas por outros bebés», explicou.

Mesmo em tempos de forte contenção, frisou Francisco George, trata-se de «investimentos absolutamente necessários e que podem avançar se forem planeados em conjunto com organizações da sociedade civil». O projeto «Alta Segura», continuou, é «um bom exemplo da colaboração entre entidades do Estado e organizações da sociedade civil».

Como sublinhou, a terminar, a presidente da APSI, «a cadeirinha é o melhor remédio para reduzir as mortes e incapacitações de crianças em resultado de acidentes rodoviários».

Ou seja, da próxima vez que andar com uma criança de carro, certifique-se de que dispõe de uma cadeirinha apropriada para a idade e bem instalada na viatura. Um cuidado que pode ser a diferença entre a vida e a morte!

 

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