Algarve não está a fazer nada para atrair o turismo acessível

«O mercado do Turismo Acessível na Europa vale 90 mil milhões de euros, ou seja, metade do PIB português. E […]

«O mercado do Turismo Acessível na Europa vale 90 mil milhões de euros, ou seja, metade do PIB português. E nós, no Algarve, não estamos a fazer nada para atrair estes turistas», garante António Almeida Pires, vice-presidente do Turismo do Algarve (TA).

Almeida Pires, que há dois anos está a tentar desenvolver um Plano Estratégico para o Turismo Acessível, revelou ao Sul Informação que este tipo de mercado não é apenas um nicho, mas antes «uma janela de oportunidade para o turismo algarvio, um nicho muito próximo e por vezes complementar do turismo sénior, que pode combater a sazonalidade que nos assusta e nos prejudica».

É precisamente neste mercado específico que se integra o I Encontro Internacional DDI (Disabled Diving, ou seja, mergulho adaptado) que se vai realizar em Tavira de 27 a 29 de janeiro.

Ao escolher Portugal para a realização deste evento, a DDI reconhece o esforço que o país tem feito para mudar mentalidades e estratégias numa área tão sensível como a deficiência e também na formação de instrutores.  Mas ainda há muito a fazer.

«Desde há dois anos que desafiei as Câmaras Municipais do Algarve, porque elas têm que estar envolvidas, a concebermos um Plano Estratégico para o Turismo Acessível». Só que o compromisso é que esse plano só avança se envolver as 16 autarquias do Algarve…e falta uma!

Almeida Pires não revela qual é a Câmara que insiste em ficar de fora. Mas lamenta o tempo perdido. O Plano Estratégico, que haveria de juntar o Turismo do Algarve com as 16 autarquias da região, passaria por um «procedimento de contratação de uma empresa para fazer um levantamento das carências, das necessidades, das lacunas para o Turismo Acessível, e depois por definir um cronograma de trabalho».

«O Turismo Acessível poderia ser o elemento diferenciador de que o Algarve tanto necessita em relação a outros destinos nossos concorrentes», acrescenta o vice-presidente do TA.

E há muito para fazer, no Algarve, para atrair estes turistas, que valem os tais 90 mil milhões de euros, segundo um estudo da Universidade do Surrey? «Falta fazer tudo!», garante, frontal.

«A legislação portuguesa é das mais exigentes a nível europeu, mas é, na sua maior parte, letra morta, não concretizada. Além disso, o Turismo Acessível tem especificidades que não se coadunam com a legislação geral. Por exemplo, a lei diz que basta uma unidade acessibilizada em cada equipamento. Ou seja, a um hotel de 150 quartos, para cumprir a lei, basta-lhe ter um quarto acessível a quem tiver deficiência. Mas isso não chega para desenvolver todas as potencialidades do Turismo Acessível».

Almeida Pires considera, no entanto, que no Algarve até há bons exemplos, com o Longevity Wellness Resort, situado em Monchique, à frente desse grupo restrito. «O Longevity é um belíssimo exemplo de um resort concebido de raiz para o Turismo Acessível, associado ao Turismo de Saúde e Bem Estar». Mas não chega.

«Tem que ser feita uma qualificação do destino Algarve para este Turismo Acessível, que não é só um nicho mas uma janela de oportunidade. Esse turismo vale metade do nosso PIB e nós não fazemos nada no Algarve para atrair este mercado…».

Tavira recebe o I Encontro Internacional da Disabled Divers International

O Algarve, em concreto a cidade de Tavira, foram os escolhidos para este I Encontro Internacional da Disabled Divers International – DDI, pelo trabalho que o Turismo do Algarve, nomeadamente o seu vice-presidente António Almeida Pires, tem vindo a realizar, no sentido de criar um Plano Estratégico para o Turismo Acessível na região e também pelos centros de mergulho acessíveis existentes.

O encontro inicia-se na sexta-feira, 27 de janeiro, na Biblioteca Municipal Álvaro de Campos, em Tavira, com uma reunião de profissionais da DDI, vindos de todos o mundo.

Durante três dias, o evento juntará especialistas na área do mergulho adaptado para falar sobre a importância desta prática que permite um espaço de maior liberdade e mobilidade a pessoas portadoras de deficiência.

No sábado de manhã, terá lugar uma sessão de batismos de mergulho na Piscina Municipal de Tavira para pessoas portadoras de deficiência, em que estarão envolvidos todos os instrutores de mergulho coordenados pelo presidente da DDI Fraser Bathgate e pelo representante nacional Paulo Guerreiro.

À tarde, a partir das 15h00, terá lugar o seminário «O Mergulho na Trilogia do Turismo Acessível, Desporto e Reabilitação», a decorrer na Biblioteca Municipal de Tavira.

O programa termina com o jantar de gala, na Pousada do Convento da Graça, também em Tavira.

Este é o primeiro encontro organizado pela DDI e pela representação portuguesa da entidade no país. Tem o apoio logístico do Turismo do Algarve e contará com a presença do vice-presidente do organismo António Almeida Pires.

O evento decorrerá em espaços conhecidos pelas suas boas práticas, que posicionam o Algarve enquanto destino turístico acessível e preparado para novos desafios.

Outras iniciativas sobre mergulho adaptado já tiveram lugar no Algarve, em Portimão e em São Brás de Alportel. «Em 2009, na iniciativa DDI em Portimão, apercebi-me da importância do mergulho acessibilizado e apercebi-me também de que o Turismo Acessível é uma área que o Algarve precisa desesperadamente de explorar», revelou Almeida Pires. E daqui surgiu a ideia de promover o Plano Estratégico para o Turismo Acessível no Algarve.

O vice-presidente do TA espera que este Encontro Internacional em Tavira sirva para desbloquear as últimas resistências a um nicho de mercado com cada vez maior relevância mundial.

PROGRAMA

Dia 27, Sexta-feira

10:00 – 13:00 Encontro de Membros da Direção da DDI
14:00 – 20:00 Encontro de Profissionais da DDI

Dia 28, Sábado

09:30 – 13:00 Jornadas Sem Barreiras – Piscina Municipal de Tavira

Seminário O Mergulho na Trilogia do Turismo Acessível, Desporto e Reabilitação – Biblioteca Municipal de Tavira.

15.00 – Recepção dos Participantes

15:30 – Abertura:

Sr. Secretário de Estado do Desporto e da Juventude, Dr. Alexandre Miguel Mestre

Sr. Vice-presidente do Turismo do Algarve, Dr. Almeida Pires

Sr. Presidente da Câmara Municipal de Tavira, Dr. Jorge Botelho

Representante da DDI em Portugal, Paulo Guerreiro

16:30 – Painel I – Turismo e Mergulho na Senda da Igualdade
Dr.ª Ana Garcia, Accessible Portugal – moderadora

Dr. Frederico Costa, Presidente do Turismo de Portugal

Eng.ª Paula Teles, M.pt – A Competitividade dos Territórios através do Planeamento das Acessibilidades

Dr.ª Dália Faria, mergulhadora DDI – O Mergulho, um Novo Caminhar

Daniel Zuidema, Director de Marketing da DDI – A Fundação DDI: Mergulhar Sem Barreiras

Prof. Ricardo José, Presidente da FPAS – A FPAS e o Mergulho em Portugal: Estratégias e Novos Caminhos

Prof. José Pavoeiro, Presidente da ANDDEMOT e vice-presidente da FPDD – Retrospectiva do Desporto na Reabilitação

Dr. Anders Orpana, Representante da DDI na Noruega – Reabilitação pelo Mergulho: Novas técnicas

19:45 – Encerramento
21:00 – Jantar de Gala – Pousada de Tavira, Convento da Graça

Dia 29, Domingo

09:00 – 13:00 Negócios e Lazer – Visite o Algarve – Cortesia do Turismo do Algarve e Câmara Municipal de Tavira

* A confirmar

17:45 – Coffee Break

18:00 – Painel II – Desporto e Mergulho Adaptado, Novos Desafios na Reabilitação

Dr.ª Vanda Pinto, DDI Portugal – moderadora

Dr. Augusto Fontes Baganha, Presidente do IDP *

Mr. Fraser Bathgate, Presidente e Fundador da DDI – Mergulho… A minha Vida

 

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