Dona Isménia já se quis reformar, mas o Carnaval de Moncarapacho não deixa

Há mais de 70 anos que a dona Maria Isménia participa no Carnaval de Moncarapacho. Começou a desfilar aos 3 […]

Há mais de 70 anos que a dona Maria Isménia participa no Carnaval de Moncarapacho. Começou a desfilar aos 3 anos e hoje ajuda a construir os carros alegóricos. «Já me quis reformar, mas não me deixam», diz, a sorrir. Naquela vila do concelho de Olhão, o Carnaval, que é «genuíno e feito pelas pessoas da terra», sai à rua a 11 e 13 de Fevereiro. 

Em 2018, comemoram-se 119 anos de uma história que começou em 1899. A responsabilidade para quem vai preparando a folia é grande: afinal de contas, o Carnaval de Moncarapacho, que tem sempre entrada livre, é um dos principais cartazes turísticos daquela vila do concelho de Olhão.

Em dois armazéns, há quem trabalhe, noite fora, para que nada falhe nos dias de corso. É preciso embelezar os carros com as flores, que são postas uma a uma.

«Este Carnaval é conhecido como a “Batalha das Flores”», explica Manuel Carlos, presidente da União de Freguesias de Moncarapacho e Fuzeta, ao Sul Informação. Mas, atenção, é uma batalha apenas no sentido figurado.

«A batalha das flores é, ao fim e ao cabo, o brio e o orgulho que as pessoas têm em fazer um carro bonito, melhor do que os outros, apesar de não haver qualquer tipo de concurso».

A dona Maria Isménia é uma das voluntárias que vai trabalhando, sempre de sorriso no rosto. Aos 75 anos, continua a ajudar na preparação do evento. «Já perdi a conta ao número de flores que me passaram pelas mãos», diz à reportagem do Sul Informação. 

Apesar de considerar que, em Moncarapacho, o Carnaval não é «melhor, nem pior», é apenas naquele que quer trabalhar. «Já pude ir para o de Loulé e não quis», revela.

«O Carnaval aqui é uma tradição da terra. Toda a gente se envolve. Agora a malta mais nova tem menos vagar e disponibilidade, mas ainda há muitos a ajudar», diz.

Para este ano, as flores vão embelezar carros que falam de Las Vegas, Egito ou da II Guerra Mundial. No fundo, o corso vai ser uma viagem ao longo dos séculos.

«Não costumamos ter um tema específico para o Carnaval. Por isso, os carros falam sempre de várias coisas», explica Manuel Carlos, num dos armazéns onde se prepara a folia.

Em 2017, o Carnaval teve «um grande salto em termos de qualidade», refere. Segundo o autarca, foram «à volta de 10 a 15 mil pessoas» até Moncarapacho em cada um dos dias de corso. Para este ano, «queremos melhorar para que seja ainda melhor», perspetiva.

 

Feitas as contas, entre quem ajuda a compor o corso e quem desfila, o Carnaval «engloba mais de 500 pessoas», garante Manuel Carlos. O orçamento destinado é de 50 mil euros, para uma iniciativa que «traz bastante dinamismo económico» à vila. «Toda a atividade de Moncarapacho floresce no Carnaval», diz.

Ainda antes dos corsos de domingo e terça-feira, esta sexta-feira, 9 de Fevereiro, às 10h30, realiza-se, em Moncarapacho e na Fuzeta, o desfile de Carnaval Infantil, organizado pelo Agrupamento de Escolas Francisco Fernandes Lopes e que conta com o apoio da União de Freguesias de Moncarapacho e Fuzeta.

Em Moncarapacho, será na Praça da República e, na Fuzeta, no Polidesportivo, com o desfile a envolver cerca de 500 crianças do Ensino Básico das escolas da freguesia.

Já a Casa do Povo de Moncarapacho vai organizar os tradicionais bailes de Carnaval. Sempre com início às 21h30, Cristiano Martins abre e encerra os festejos, animando os bailes dos dias 9 e 13 de Fevereiro. Amanhã, dia 10, atua o Duo Reflexo, seguindo-se o Duo Improviso (dia 11) e Sandrine, no dia 12.

 

Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação

 

Comentários

pub