Quatro responsáveis clínicos do CHA concretizam demissões há muito anunciadas

Desta, foi de vez. A adjunta do diretor clínico do Centro Hospitalar do Algarve e três directores de departamento dos […]

Desta, foi de vez. A adjunta do diretor clínico do Centro Hospitalar do Algarve e três directores de departamento dos hospitais algarvios demitiram-se, por considerarem que falta «orientação estratégica visível e motivadora» nas unidades hospitalares da região. esta decisão foi tomada dias depois de ter sido aprovado o regulamento interno do CHA, que está a causar polémica.

Os quatro clínicos apresentaram pedidos de demissão ainda em Dezembro de 2016, aceitaram retirá-los após uma reunião com o ministro de Saúde e na sequência das garantias que lhe foram dadas, mas acabaram por desistir de esperar pelas alterações prometidas, segundo avançou o Jornal Público.

Em declarações ao jornal diário, Ana Lopes, adjunta do director clínico, disse que «nada se alterou» desde que ela e os diretores de departamento demissionários de reuniram com Adalberto Campos Fernandes. «Já não há motivos para continuarmos a assumir as funções que ocupávamos. Desde há cinco anos que não há investimento na compra de equipamentos no Centro Hospitalar do Algarve, que continua a apresentar maus resultados, quer assistenciais, quer do ponto de vista do tempo de espera», disse Ana Lopes, ao Público.

Contactado pelo Sul Informação, o CHA confirmou que os quatro clínicos «deixaram de desempenhar o cargo de Direção de Departamento e Adjunto da Direção Clínica a 13 de Fevereiro, sendo que estes cargos correspondem a funções de chefias intermédias que, até novas nomeações, são assumidas pela Direção Clínica».

O Conselho de Administração dos hospitais algarvios acrescentou que «estes elementos são médicos e diretores de serviço do CHAlgarve que se mantêm em pleno exercício das suas funções, tendo apresentado a sua demissão apenas para os cargos de assessoria à direção clínica e direção de departamento».

«O Centro Hospitalar do Algarve tem em processo a reorganização da sua estrutura interna, em virtude da homologação do Regulamento Interno a 7 de Fevereiro passado, sendo nesse quadro que se procederá à reconstituição da equipa de dirigentes intermédios, designadamente a substituição dos dirigentes que apresentaram recentemente a sua demissão», concluiu o CHA.

Quanto à demissão dos médicos dos cargos dirigentes que ocupavam, os gestores dos hospitais do Algarve lembraram que o pedido original de demissão data de 19 de Dezembro, «não havendo neste momento qualquer facto novo a comentar».

O CHA não comenta, mas os deputados do PSD eleitos pelo círculo do Algarve Cristóvão Norte e José Carlos Barros, que em Dezembro tinham chamado a atenção para a situação, já instaram o ministro da Saúde a pronunciar-se e a apresentar explicações na Assembleia da República sobre «quais foram os compromissos que o ministério não cumpriu e que levou os demissionários a concretizarem as suas demissões».

Os parlamentares social-democratas querem, igualmente, saber «porque se mantém o impasse na definição do modelo para os cuidados hospitalares na região e se o regulamento interno, o qual não existiu durante 10 meses, e foi agora aprovado, foi construído em diálogo com os recursos humanos e que visão traduz para a instituição».

«Está na hora do Governo tomar decisões sobre o CHA. O impasse e a indefinição prejudicam a instituição e os cuidados de saúde prestados, os quais se reduziram em 2016. Esta tendência tem que ser contrariada. É preciso mais recursos sim, mas também melhor organização. O Governo deve fazer a sua parte. Esperamos que sim», ilustrou Cristóvão Norte.

Adalberto Campos Fernandes ainda não terá esclarecido os deputados do PSD, mas garantiu ao Público que o regulamento interno, que está a ser contestado por muitos médicos por prever, entre outras medidas, a criação de subdirectores clínicos «vai ao encontro daquilo que é a leitura técnica da necessidade do Algarve, mas também da expectativa da população e dos próprios profissionais».

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