PS “salvou” parque campismo da Praia de Faro, mas apenas para já

A coligação PSD/CDS-PP  no poder na Câmara de Faro e o PS parecem concordar em tudo, menos no timing de […]

Parque Campismo Praia de Faro_1A coligação PSD/CDS-PP  no poder na Câmara de Faro e o PS parecem concordar em tudo, menos no timing de denúncia do contrato entre a autarquia e a associação de utentes do parque de campismo da Praia de Faro.

Uma proposta do presidente da autarquia farense nesse sentido foi chumbada pela oposição, com votos contra do PS da CDU. Rogério Bacalhau diz não compreender a razão que levou o PS a chumbar uma solução que há muito defende, os socialistas acusam-no de recusar dialogar, na busca de uma solução que «concilie todos os interesses».

O edil farense reagiu, numa entrevista ao Sul Informação, ao chumbo pela oposição de uma proposta que previa a transformação daquele espaço, atualmente cedido em regime de comodato a uma associação, num parque de estacionamento provisório, declarando não perceber «o porquê» do chumbo.

«O projeto que nós tínhamos para aquele espaço, que é público, municipal, mas que está ocupado por um conjunto de pessoas há anos, era, durante o que resta de 2015, ter ali um espaço para estacionamento, tendo em conta que irão decorrer obras no parque de estacionamento exterior e isso significaria minimizar alguns dos impactos. Depois, no próximo ano, ter ali um espaço público que servisse a todos», enquadrou Rogério Bacalhau.

Rogério Bacalhau: “Como não temos maioria na Câmara, estar a apresentar nova proposta não levaria a nada. Vamos analisar, em relação ao próximo ano, o que se poderá fazer naquele espaço e se o PS muda de ideias ou quer manter aquela situação, indefinidamente”

Proposta que não convenceu a oposição, que tem maioria na Câmara de Faro. «Este PS concorda com a ideia e defendeu, perante as pessoas que estiveram na Reunião de Câmara, que não era bom elas lá estarem. No entanto, votou contra a proposta e não nos deixa seguir em frente», ilustrou.

«Quando nós fizemos o protocolo com a associação de utentes, o PS votou contra, dizendo que aquilo não devia continuar. Agora, votou contra a sua extinção, não sei porquê», disse o edil farense.

O PS admite que quer ver aquele espaço destinado a outro fim, mas que só aceitará denunciar o contrato quando houver uma solução para algumas famílias que têm a sua única residência no parque de campismo, defendendo que é preciso «tratar primeiro das pessoas».

«Há uma semana sublinhámos que não aceitaríamos avançar com o desmantelamento do Parque de Campismo sem antes se encontrar uma solução para aqueles farenses que ali vivem com conhecimento da Câmara e que não têm qualquer outra alternativa de alojamento. Inacreditavelmente a Câmara nada fez a este respeito. Situação que se agravou depois de vários munícipes terem explicado, na última Assembleia Municipal, que realizaram avultados investimentos e que até se endividaram por terem a garantia do presidente da Câmara de Faro de que poderiam continuar no parque de campismo», acusa o presidente do PS/Faro Luís Graça.

«Nós não sabíamos dessa situação [dos potenciais desalojados]. Na próxima semana iremos enviar os serviços de ação social ao local, para fazer o ponto da situação dos alegados residentes. Porque, havendo casos de carência económica ou de outro tipo, temos a obrigação de acompanhar», assegurou Rogério Bacalhau.

Parque Campismo Praia de Faro_3Entretanto, a autarquia terá recebido uma lista, criada pela associação de moradores, em que são «identificados oito casos» de famílias em risco de ficar desalojadas.

Quanto à solução que o PS diz ter tentado acordar, o presidente da Câmara de Faro garantiu que os socialistas «não apresentaram qualquer alternativa». «A única coisa que alegam é que estão lá pessoas que são residentes e precisam de habitação. Mas essa é uma situação que nós resolveríamos a seguir. Tal como acompanhamos muitos casos no concelho de Faro, acompanharíamos esses», assegurou.

Já o PS, diz que, na reunião de ontem, avançou com uma proposta, «disponibilizando-se para, em conjunto com o presidente da câmara e os vereadores do PSD, encontrar uma solução definitiva que permitisse conciliar todos os interesses em causa e que permitisse devolver a todos os farenses o uso e usufruto daquele espaço».

Luís Graça: “Renovamos a disponibilidade do PS para, caso o presidente da Câmara e o PSD queiram, começarmos segunda-feira às 8 horas da manhã, a trabalhar numa proposta definitiva, justa e equitativa”

«Para nossa surpresa a disponibilidade dos autarcas do PS não foi aceite, numa atitude de intolerância e sem qualquer justificação ou suporte democrático», acusa Luís Graça.

«Sublinhamos a disponibilidade da Associação para encontrar uma solução justa e equitativa entre os interesses particulares e o interesse geral e público e renovamos a disponibilidade do PS para, caso o presidente da Câmara e o PSD queiram, começarmos segunda-feira às 8 horas da manhã, a trabalhar numa proposta definitiva, justa e equitativa para o parque de campismo da Ilha de Faro», acrescentaram os socialistas farenses.

Tendo em conta que o timing (30 dias de antecedência)para denunciar o contrato entre a autarquia e a associação, que se renova automaticamente de 60 em 60 dias, se esgota na terça-feira, Rogério Bacalhau considera que se perdeu a oportunidade e diz que não irá fazer nova proposta no mesmo sentido. Até porque, a 9 de abril, o contrato se renovará automaticamente por mais 60 dias, ou seja, até 8 de junho.

«Não há condições, a curto prazo, para pensar nisso. Como não temos maioria na Câmara, estar a apresentar nova proposta não levaria a nada. Vamos analisar, em relação ao próximo ano, o que se poderá fazer naquele espaço e se o PS muda de ideias ou quer manter aquela situação, indefinidamente», disse.

«Se o PS apresentar uma proposta alternativa, será analisada. Mas, como não apresentou nada…», acrescentou Rogério Bacalhau.

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