Festival «Cidades Invisíveis» dedicado a Barcelona é grande destaque da programação do Tempo

A quarta edição do Festival «Cidades Invisíveis», que terá como tema Barcelona, é o evento mais relevante da nova temporada […]

A quarta edição do Festival «Cidades Invisíveis», que terá como tema Barcelona, é o evento mais relevante da nova temporada do Teatro Municipal de Portimão (Tempo), que esta noite arranca com o concerto «Carlos do Carmo canta Ary dos Santos», quase esgotado.

O festival está marcado para 19 a 29 de outubro, e contará, por exemplo, com a apresentação em Portimão, numa estreia absoluta em Portugal, da companhia catalã amchàtka, que apresenta um espetáculo que mistura música, teatro e novo circo.

Destaque ainda para a Companhia de Dança Transit Dansa, da coreógrafa Maria Rovira, que foi Prémio Nacional de Dança de Espanha, para o cinema de Ventura Pons e a fotografia de Lluís Bussé.

Depois de Buenos Aires, Istambul e Dublin, esta edição do festival “Cidades Invisíveis” propõe uma viagem à Barcelona literária de Eduardo Mendoza, autor de “A Cidade dos Prodígios.

O Festival integra ainda um workshop de dança contemporânea/flamenco com a bailarina e coreógrafa catalã Maria Rovira, um workshop de fotografia de espetáculo com a fotógrafa portuguesa Susana Paiva.

«Vamos ter cá dois espetáculos que são próprios de grandes cidades, como Barcelona, Paris, Londres», explicou João Ventura, diretor do Tempo, em entrevista ao Sul Informação.

«Isto vai permitir ao público do Algarve ter um cheirinho do Festival Grec, de Barcelona, que é um dos mais importantes festivais de artes performativas da Europa», acrescentou.

A encerrar o festival, no dia 29 de Outubro, estará em Portimão Toni Puig, que vai apresentar, ao longo do dia, a conferência «Barcelona, a história de uma cidade que saltou do quase nada para a primeira divisão».

Toni Puig esteve ligado à renovação e afirmação de Barcelona no panorama mundial, nomeadamente com os Jogos Olímpicos ou com aposta em Gaudi. Uma conferência em que este especialista catalão irá tentar explicar como redesenhar uma marca-cidade em tempos de crise, afinal um tema tão importante não só para Portimão, como para o Algarve em geral.

 

Nova temporada começa hoje com Carlos do Carmo

Mas a programação do Tempo arranca esta sexta-feira, 14 de setembro, com o concerto «Carlos do Carmo canta Ary dos Santos», em que um dos mais prestigiados cantores portugueses homenageia um grande poeta e letrista do século XX.

No espetáculo, marcado para as 21h30 no Grande Auditório Nuno Mergulhão, Carlos do Carmo passará em revista temas memoráveis que reuniram os dois artistas, variando os preços dos ingressos entre os 20 e 22 euros.

Ainda em setembro, pelas 21h30 do dia 29, o Quorum Ballet regressa ao Tempo para apresentar a mais recente criação de Daniel Cardoso, “The Elements”, com bilhetes a 10 e 12,50 euros.

A música marca presença forte nesta temporada e, para dar as boas vindas ao outono, nada melhor do que a “Trilogia de Piano”, que reúne três dos mais conceituados pianistas portugueses.

A solo, e sempre às 21h30, Mário Laginha (6 de outubro), Pedro Burmester (10 de novembro) e António Pinho Vargas (15 de dezembro) garantem três concertos únicos e um conjunto de temas que marcam a singularidade de cada um, custando os ingressos para cada um destes grandes concertos entre os 18 e os 20 euros.

Ainda no domínio da música, mas aliada ao movimento, a Oficina do Espetador do Tempo apresenta «Som com Cores», um concerto de música eletrónica para bebés, onde aos universos sonoros se associam a dança e projeção de imagens, em três sessões: duas para escolas, às 9h30 e às 10h30 de 12 de outubro, e uma para famílias, no dia 13 de outubro às 16h00 na Black Box, com preços estre os 4 euros para crianças e os 6 euros para adultos.

António Pinho Vargas

No dia 23 de novembro, às 21h30, Ana Moura marca presença no Grande Auditório do Tempo para dar a conhecer o seu novo álbum, com bilhetes a 15 e 18 euros.

Ainda no final de novembro, e com o fim do primeiro período letivo a aproximar-se, a Oficina do Espetador apresenta “Sopa Nuvem”, um thriller gastronómico que cruza teatro, cinema, música e uma sopa que é cozinhada ao vivo e servida de família para famílias.

“Sopa Nuvem” destina-se a crianças com mais de 8 anos e inclui duas sessões: a de 30 de novembro, às 14h30, dirige-se às escolas; a de 1 de dezembro, às 16h00, destina-se a famílias, sendo os preços de 4 euros para crianças e 6 euros para adultos.

Também no Grande Auditório, o Tempo acolhe a 27 de novembro, às 21h30, “O Lago dos Cisnes” pelo Russian Classical Ballet, que regressará a 12 de dezembro para apresentar outro clássico, “O Quebra-Nozes”, com bilhetes entre 25 e 28 euros.

 

Apostar na criação local mas não descurar o que vem de fora

«Apesar das dificuldades que são conhecidas de todos, esta programação para o último quadrimestre de 2012 acabou por ficar interessante», garante João Ventura.

«É uma programação que está em linha com o conceito inicial deste Teatro Municipal, que passa por uma programação diversificada. Por isso teremos teatro, novo circo, música clássica, música não clássica, bailado, dança, fado, espetáculos para crianças e famílias. Haverá de tudo um pouco», acrescenta.

Além disso, sublinha o diretor do Tempo, «haverá também uma articulação entre o local e o que vem de fora, com uma visão cosmopolita do que deve ser a programação de um teatro».

Esta aposta na ligação ao local começa precisamente hoje, com a exposição sobre o Associativismo em Portimão, da responsabilidade da Junta de Freguesia local.

No âmbito da parceria entre o Tempo e a Junta de Portimão, o grande auditório voltará, por exemplo, a ser palco da apresentação do novo trabalho «Cortes e Recortes», do Grupo de Teatro Sénior, marcada para os dias 16 e 17 de novembro.

Na ligação ao local, destaque ainda para a apresentação, no dia 22 de Setembro, entre as 15h30 e as 23h30, do projeto LATA «Mostra que tens». Com as participações de Rafael Correia (G.I. Joe), Roundhouse Kick (Igor & Adriana), Etic Algarve, Vasco Fortes, Matizz, PAL+, e o jornalista João Tiago como mediador, «Mostra que tens» é um evento de apresentação do coletivo LATA, um projeto de criativos locais de diferentes áreas artísticas, que pretende apoiar e dinamizar a criação, sobretudo na área da música e das artes visuais.

Rafael Correia/G.I. Joe (máquinas) e emmy Curl (voz) compõem o grupo «Deep:Her», cujo primeiro álbum será lançado dia 31 de outubro (21h30), no Pequeno Auditório, com bilhetes a 5 euros. Trata-se também de um projeto algarvio.

A 3 de novembro, o palco do Grande Auditório recebe mais uma edição do 4ºFestival Acústico Alvor FM, que reúne nomes com projeção nacional e bandas que se destacam na região algarvia.

Ainda a nível da região, a 13 de outubro A Companhia de Teatro do Algarve (ACTA) apresenta a sua nova peça «Carta a um Santo», interpretada por Glória Fernandes e Luis de A. Miranda, com bilhetes a 5 euros.

 

Proximidade e poucos custos

A fechar a temporada, destaque para a exposição de fotografia «Vizinhos», com inauguração prevista para 11 de dezembro, um projeto de Patrícia Canha, produzido pelo próprio Teatro Municipal de Portimão.

«Nós queremos ser um teatro de proximidade, não só do ponto de vista geográfico, porque estamos no centro da cidade e porque, sempre que há espetáculos aqui no Tempo, contribuímos de facto para dinamizar esta zona, os seus restaurantes e cafés, trazendo gente para estas ruas, mas de uma proximidade afectiva também», explicou João Ventura.

«Fomos fotografar os nossos vizinhos – a farmácia, o cabeleireiro, o barbeiro, as pessoas que vivem aqui ao nosso lado – numa homenagem aos nossos vizinhos, que nos são próximos, que nos tratam bem e que, muitas vezes, são nosso público. É um projeto nosso, da responsabilidade da Patrícia Canha e é um projeto inovador para um teatro. Queremos saber quem mora ao nosso lado, já que essas pessoas podem ser nossos parceiros e nossos comunicadores».

Com uma programação forte e diversificada, em tempos de crise e de contenção orçamental, como se consegue então a sustentação de tudo isto?

«Pusemos a imaginação a trabalhar», garantiu o diretor do Tempo. «As companhias e os artistas conhecem os tempos difíceis que vivemos e por isso a bilheteira é a sustentação dos espectáculos mesmo dos nomes consagrados como Carlos do Carmo, Ana Moura, Pedro Burmester ou até das companhias catalãs», acrescentou.

«No caso do Quorum Ballet, por exemplo, que vem também à bilheteira, eles arriscam vir cá porque, nas redes sociais, os espetadores algarvios demonstraram ter gostado muito da sua apresentação anterior», disse ainda. «Nós arriscamos pouco, quem arrisca são os artistas, mas obviamente que nos interessa que corra bem, porque assim outros artistas poderão cá vir. Nós gastamos um mínimo de recursos para fazer esta programação, que é de referência para qualquer teatro municipal».

Isto demonstra, salienta João Ventura, «que, apesar de tudo, é possível e que a crise não nos deve deitar abaixo».

«O grande gasto, o grande investimento no Teatro Municipal está feito, foi a sua construção. Agora, nós damos o nosso contributo para a cidade, criando uma programação de que as pessoas possam usufruir. E demonstramos que, com pouco, se consegue ter os espaços ativos».

«Fazemos isto para que as pessoas da cidade de Portimão se sintam orgulhosas e digam: a minha terra tem um Teatro Municipal que funciona bem, que, apesar da crise, tem uma programação com os pés bem assentes na terra e com poucos custos», concluiu João Ventura.

 

Como comprar bilhetes?

Todos os ingressos podem ser adquiridos na bilheteira do Tempo de terça a sábado, das 14h00 às 19h00, e em dias de espetáculo das 14h00 às 21h30. Para mais informações ou reservas: 282 402 475 / 961 579 917, ou através do sítio na Internet: www.teatromunicipaldeportimao.pt.

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