Isilda Gomes, que tinha suspendido o seu mandato de presidente da Câmara de Portimão em 30 de Abril, para integrar a lista do PS ao Parlamento Europeu, retomou o cargo na terça-feira passada, dia 11, apesar de ter sido eleita deputada europeia. Com isso, Álvaro Bila, que tinha assumido a presidência da autarquia, voltou ao seu anterior cargo de vice presidente.
O regresso de Isilda Gomes, porém, durará pouco mais de um mês e, na realidade, a autarca só esteve na Câmara de Portimão dois dias, terça-feira e quarta. É que, ontem, quinta-feira, dia 13, Isilda rumou a Bruxelas, onde ficará até à próxima sexta-feira, dia 21. Depois e até dia 15 de julho, quando deverá tomar posse como eurodeputada, a ainda autarca estará de férias, como a própria revelou ao Sul Informação.
Entretanto, para dar outro toque de maior confusão a toda esta dança de cadeiras, João Gamboa, que era o vereador responsável pelo importante pelouro da Gestão Urbanística e Obras Particulares, renunciou, no dia 11, ao seu cargo.
Mas vamos por partes: Isilda Gomes, enquanto autarca, é a presidente da Comissão de Recursos Naturais do Comité das Regiões, pelo que ontem seguiu para Bruxelas, onde este órgão tem sede, para «renunciar a essa presidência», mas também para apresentar e defender, no plenário do Comité das Regiões, no dia 19, «a proposta de alteração da PAC pós-2027, da qual sou correlatora, com um colega polaco».
Em declarações ao Sul Informação, Isilda explicou que regressará a Portugal no dia 21, mas já nem voltará à Câmara, uma vez que, a seguir, ainda mantendo o cargo de presidente da autarquia, vai «gozar os muitos dias férias que tenho para gozar, até à apresentação da renúncia, que deve ser no dia 15 de julho».
Neste meio tempo, Álvaro Bila será de novo apenas vice presidente (embora com toda a responsbilidade do cargo máximo), só assumindo, de forma definitiva, a presidência da Câmara de Portimão quando a atual edil renunciar de vez.
Quanto ao vereador João Gambôa, renunciou ao seu cargo no dia 11 de Junho. Numa mensagem, a que o Sul Informação teve acesso, enviada já do seu endereço eletrónico pessoal para todos os emails dos funcionários e autarcas da Câmara de Portimão, o ex vereador, engenheiro civil e, anteriormente ao seu cargo público, com negócios na área da construção e imobiliário, manifesta a sua indisponibilidade para continuar no executivo municipal, agora que Isilda Gomes vai sair.
«Em 2013, numa das decisões mais pensadas da minha vida, aceitei integrar a lista de Isilda Gomes e os Novos Rumos! Apesar de ser em lugar não elegível, Portimão precisava de um apoio incondicional para a salvação do município!», recorda Gambôa.
Em 2019, acrescenta, «fui chamado à equipa, que tinha como foco a recuperação das contas, e que fez de mim vereador durante cinco anos, numa terra que é minha e necessita de desenvolvimento sustentado e qualitativo».
Ora, diz ainda, «com esta candidatura e eleição de Isilda Gomes ao Parlamento Europeu, merecida e de orgulho para todos nós – primeira deputada europeia de Portimão – deixou de fazer sentido para mim os Novos Rumos e sinto que sou mais útil para a sociedade Portimonense na minha atividade privada».
João Gambôa salienta também que sempre cumpriu «com lealdade o que me propus a Isilda Gomes, apesar de nunca me ter filiado no partido», ou seja, no PS.
Em resposta a esta saída, e enquanto não há novo presidente da Câmara, no próprio dia 11 Isilda Gomes atribuiu os pelouros de Gambôa ao vereador José Cardoso, por despacho a que o nosso jornal também teve acesso.
Cardoso recebe assim funções nas áreas de Gestão Urbanística, Obras Particulares, Planeamento do Território, Gestão da Informação Geográfica, Regeneração e Reabilitação Urbana, Gestão do Aeródromo Municipal de Portimão, Gestão cemiterial e Estratégia Local da Habitação, que junta, pelo menos provisoriamente, aos seus anteriores pelouros (Obras Públicas, Gestão da manutenção e requalificação do espaço público, Planeamento e Gestão da Mobilidade, Gestão da Rede Viária, Gestão dos Transportes Públicos, Gestão dos Contratos de Concessão de Estacionamento, Gestão e Manutenção da Frota e Oficinas, Gestão dos Fundos Comunitários e Cidades Inteligentes).
Esta não é a primeira vez que vereadores renunciam aos seus cargos numa Câmara de Portimão presidida por Isilda Gomes: em 2019, no mandato anterior, o então vice presidente Joaquim Castelão Rodrigues demitiu-se para assumir o cargo de diretor regional do ICNF. Dessa vez, Filipe Vital assumiu a vice presidência. Foi também então que João Gambôa entrou no executivo.
Já neste mandato, em 15 de Junho de 2022, Filipe Vital, que era o número 3 da autarquia, renunciou também, alegadamente para prosseguir a sua vida profissional no setor privado. Nesta altura, entrou para o executivo José Cardoso, número 6 da lista do PS.
Em Abril passado, quando Isilda Gomes suspendeu o cargo para se candidatar ao Parlamento Europeu, entrou como nova vereadora socialista Sandra Pereira que, para já, segundo o site da Câmara, se mantém sem pelouros atribuídos.
Só que, quando a autarca renunciar de vez ao cargo máximo no Município para assumir o Parlamento Europeu, será necessário que, da lista do PS, ainda entre outra pessoa na vereação.
O senhor que se segue, e que era o número 8 da lista nas Autárquicas de 2021, é Eduardo Catarino, que foi o responsável do Grupo Delta no Algarve, durante muitos anos, e se reformou recentemente. A seguir, surge Amélia Garcias, enfermeira e filha do falecido e histórico presidente da Câmara de Portimão Martim Gracias. Resta saber qual deles irá assumir a vereação. Ou se nenhum deles o fará.
No executivo permanente do Município de Portimão, o PS tem maioria, com cinco dos nove lugares (presidente mais quatro vereadores). Os restantes quatro, sem quaisquer pelouros atribuídos, são Rui André e Ana Fazenda (PSD), Luís Carito (Coligação Portimão Mais Feliz) e Pedro Xavier (Chega).