Um “Tsugi” com novos e velhos para ver esta noite em Faro

Bilhetes estão à venda

Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

Francisca Graça é utente da Universidade do Algarve para a Terceira Idade (UTAI), de Faro. Rosa Felisberto é aluna do curso artístico especializado na área da Dança da Escola Secundária Tomás Cabreira, também de Faro. Há décadas a separá-las, mas esta noite, a partir das 21h30, vão mostrar no palco do Teatro das Figuras como, do cruzamento de gerações, se faz arte.

“Tsugi” é o nome do espetáculo que junta novos e velhos para, em conjunto, se pensar «na passagem do tempo e no património vivo que é o nosso corpo».

Quem o diz é Rafael Alvarez, coreógrafo e criador deste espetáculo de dança contemporânea que, depois de passar por Porto, Lisboa e Paris, chegou a Faro.

No intervalo de um dos últimos ensaios antes da estreia, o artista explica ao Sul Informação como nasceu este projeto que tem inspiração na palavra “Tsugi” (do japonês: reparar, ligar, unir).

«Isto começou através de um projeto mais alargado que eu desenvolvi no distrito do Porto, de mediação e inclusão, através da dança, que propunha dinamizar e implementar um conjunto de sessões de dança contemporânea, em cinco lares e centros de dia», diz.

O objetivo era, assim, «levar a dança para dentro destas instituições, contando com a participação dos utentes» e mostrando como, «através da dança», era possível «minimizar os sentimentos de solidão e isolamento social».

No final, tudo terminou com um grande espetáculo no Coliseu do Porto, tendo-se o projeto alargado, depois, para Lisboa e Paris, onde Rafael Alvarez também trabalha.

 

Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

 

“Tsugi” acabou por ganhar uma dimensão intergeracional, juntando novos e velhos, chegando agora a Faro para um único espetáculo. No palco, estarão 40 pessoas da UTAI, bem como do curso artístico especializado na área da Dança da Escola Secundária Tomás Cabreira e alguns seniores de Monchique, Lisboa e Porto.

«Esta troca de ideias, este intercâmbio é muito positivo, porque também ajuda a estabelecer ligações para pensarmos esta questão da passagem do tempo e do património vivo que é o nosso corpo», diz Rafael Alvarez.

Para Francisca Graça, utente da Universidade do Algarve para a Terceira Idade, a experiência tem sido «bastante agradável».

«Olhe, tanto para mim como para as minhas colegas. É uma maneira de sairmos da rotina diária e de nos podermos afirmar como pessoas idosas, mas capazes», diz, sem rodeios.

O facto de estarem a trabalhar com jovens também tem sido desafiante, apesar de já ter participado com alguns «em outros projetos».

«Não é mais difícil por ser dança, mas é diferente. O corpo está menos habituado», diz.

Nestas aventuras, a dona Francisca tem contado sempre com um apoio inestimável: dos filhos. «Eles adoram que eu participe nestas coisas. Dizem-me: ó mãe, dá-te prazer? Então faz!», conta, entre risos.

 

Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

 

Para Rosa Felisberto, aluna do 12º ano do curso artístico especializado na área da Dança da Escola Secundária Tomás Cabreira, também tem sido uma «experiência diferente» trabalhar com pessoas mais velhas.

«É desafiante! Nós estamos habituados a fazer vários estágios, mas não costumamos trabalhar com idosos. Aqui, é tudo mais carinhoso: com pessoas da nossa faixa etária há mais competitividade», lamenta.

Na visão de Rafael Alvarez, preparar este espetáculo também tem sido um desafio.

«Tivemos quatro dias para montar algo que é exigente, a nível técnico, com uma estrutura coreográfica que é complexa, num trabalho intensivo», diz.

Ainda assim, as expetativas não deixam de ser elevadas.

«Espero termos um público significativo do outro lado da plateia. Não é todos os dias que temos 40 pessoas, de várias idades, num palco, com diferentes histórias e experiências», conclui.

Os bilhetes custam 10 euros, com desconto de 50% menores de 30 anos e de 25%  para maiores de 65 anos.

 

Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação

 

 

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