PNA trabalha para mostrar que «os artistas têm de ter espaço nas escolas»

Faro acolheu o 1º Encontro Regional de Artistas Residentes em Escolas

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

O Plano Nacional das Artes (PNA), que continua a trabalhar para mostrar que «os artistas têm de ter espaço nas escolas», promoveu, na passada sexta-feira, 8 de Março, em Faro, o 1º Encontro Regional de Artistas Residentes em Escolas.

Com projetos a serem desenvolvidos em quase todas as escolas do Algarve, Ana Bela Conceição, coordenadora intermunicipal do PNA, faz um balanço «muito positivo» do trabalho que tem sido feito por cá.

«O Algarve foi das primeiras regiões do país que aderiu em maior número ao PNA, logo no início, em 2019, e a coisa tem vindo sempre crescendo. Só temos três escolas que não trabalham com o plano, mas não há nenhuma que nunca tenha ouvido falar dele», disse ao Sul Informação.

Em relação ao projeto artista-residente, esta coordenadora destaca-o como «uma medida fundamental para trabalhar a mudança sistémica que sentimos que a escola precisa»

«O que temos feito, aqui no Algarve, é criar as sinergias entre as escolas e, sobretudo, os Municípios, que têm sido muito importantes e que têm dado um grande apoio a esta medida, porque são eles  a entidade financiadora. Nestas sinergias, conseguimos ir demonstrando quão importante é o trabalho do artista dentro do espaço escolar e com a comunidade escolar: não só alunos, mas também professores, funcionários e, mais indiretamente, as famílias», continua.

Numa região onde o insucesso e abandono escolar são dos mais altos a nível nacional, Ana Bela Conceição considera que o trabalho dos artistas junto dos alunos tem contribuído para atenuar este problema.

 

Helena Tapadinhas, Nádia Torres e Ana Bela Conceição, entre outras participantes do PNA – Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

«Eles trabalham muito bem as questões da criatividade, ajudam a ver o mundo de outra maneira, a abrir os horizontes, trabalham também a inclusão, porque há múltiplas formas de linguagem e aprendizagens – e se há muitos miúdos logicoverbais e que percebem muito bem a matemática e o português, há outros que são mais corporais e musicais. No fundo, isto serve também para dar lugar a estas aprendizagens e inteligências».

Apesar de considerar que «ainda há um longo caminho a percorrer», a coordenador intermunicipal salienta que «já foram colocadas muitas sementes no terreno».

«O artista-residente na escola, há quatro anos, era invisível, ninguém pensava nisso, mas agora já é muito natural e até pouco comum não existir».

Além disso, Ana Bela frisa que a ideia com estes projetos não é «acrescentar mais uma disciplina ou mais um tempo aos alunos», mas incluir a arte «numa linguagem que pode contribuir para o todo».

E como são escolhidos os artistas para cada escola?

Partindo da premissa de que «existe cultura em todo o lado», o PNA deixa que seja cada escola a escolher o seu artista-residente, sendo habitual que cada um trabalhe no seu próprio concelho.

 

Paulo Pires do Vale, coordenador do Plano Nacional das Artes também participou na sessão – Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Em relação ao método de trabalho, o PNA também não impõe nenhuma regra.

«Cada escola vai encontrar o formato que lhe facilite mais a vida. Temos artistas que trabalham em pós-laboral, outros que são alocados às turmas mais problemáticas, outros que trabalham um único ano, na lógica de que em três ou quatro anos já passaram por todos os alunos. Há várias estratégias e o objetivo é que chegue ao maior número de crianças e jovens», reforça Ana Bela.

Se, no início, a ideia era que os artistas rodassem de escolas todos os anos, neste primeiro encontro regional, foi discutido se esse método continuará a fazer sentido.

Nas palavras de Paulo Pires do Vale, comissário do Plano Nacional das Artes, que também esteve presente no encontro, este projeto tem como objetivo fazer com que se olhe para as escolas como polos culturais.

«É preciso deixar de pensar que é só nos museus, teatros, centros culturais, galerias, bibliotecas ou arquivos que acontece cultura. A escola é um polo cultural, é um centro cultural, e tem que se assumir como tal», reforçou, frisando que, por isso, os artistas também têm lá o seu espaço.

 

 

 



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