Morreu Manuel Caetano, o Mister Alfarroba

Industrial foi responsável por inovações e pelo desenvolvimento e valorização do setor da transformação de alfarroba, no Algarve

Foto: Gonçalo Dourado | Sul Informação

O seu nome era Manuel Silo da Graça Caetano, mas ficou conhecido como o “Mister Alfarroba”, por ter dedicado quase toda a sua vida à indústria de transformação deste produto e à sua valorização. Manuel Caetano morreu no sábado, dia 16 de Março, aos 87 anos, mas não sem deixar um legado que ultrapassou as fronteiras do Algarve.

Natural de Bias do Sul (Moncarapacho), Manuel Caetano fixou-se em Faro, onde trabalhou desde os 18 anos na indústria transformadora de Alfarroba – primeiro na Indal, que foi entretanto adquirida pela multinacional Danisco, com sede na Dinamarca, e, mais recentemente, na Industrial Farense.

Mais do que trabalhar na área da transformação da alfarroba, foi um pensador e impulsionador da inovação, no setor, mas também um dos principais defensores desta cultura, que hoje é conhecida como “o ouro do Algarve”, muito graças ao trabalho que desenvolveu.

«Era um homem muito voluntarioso, trabalhador e organizado, que sempre teve uma visão em prol do desenvolvimento do Algarve», recorda José Graça, antigo diretor regional adjunto de Agricultura e Pescas e vice-presidente da Câmara de Loulé, entre 2001 e 2013.

Nos anos 80, quando dava os primeiros passos como técnico da DRAPAlg, José Graça juntou-se a Manuel Caetano e ao engenheiro Brito de Carvalho, também da direção regional, na dinamização do programa de rádio “O Algarve, o Mar e a Terra”, na RDP Algarve, onde as questões em torno da fileira da alfarroba eram esmiuçadas.

«Uma das paixões de Manuel Caetano e de Brito de Carvalho era o desenvolvimento de novos produtos e utilizações da alfarroba. Na altura, falavam de coisas de que ninguém falava», recorda José Graça.

Como o próprio Manuel Caetano contava, as ideias inovadoras que eram transmitidas no programa de rádio valeram-lhes a alcunha de “maluquinhos da alfarroba”. «No entanto, o tempo veio a dar-lhes razão».

Manuel Caetano liderou, de resto, o desenvolvimento de uma tecnologia que, durante anos, apenas era utilizada na fábrica da Indal, que permitia «criar goma de alfarroba solúvel a frio, o que foi uma grande inovação para a indústria dos gelados, que desta forma conseguiam poupar muita energia durante a produção», explica José Graça.

Já depois da deslocalização da operação da Danisco de Faro para Valência, Manuel Caetano mudou-se para a Industrial Farense, à data a única fábrica de transformação de alfarroba que subsistia – chegou a haver uma terceira, a Neves Pires, mas já tinha encerrado há anos -, na qual ficou ligado à construção de uma nova e moderna unidade fabril no Areal Gordo.

Também o empresário do setor dos frutos secos Vítor Neto lidou de perto com Manuel Caetano, na Associação Empresarial Região do Algarve (NERA),  com o qual manteve «uma ligação forte e positiva» e cuja opinião «muito prezava».

«Lamento muito o seu desaparecimento. Era alguém que tinha um conhecimento profundo sobre o setor», diz.

O funeral de Manuel Caetano teve lugar esta terça-feira, dia 19, em Faro.

 

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