Turismo no Algarve: Risco de demissão silenciosa é maior entre os 25 e 34 anos

Segundo um estudo apresentado por investigadores da Associação KIPT Inovação e Turismo

«O risco de demissão silenciosa no turismo no Algarve é maior nos trabalhadores entre os 25 e os 34 anos e nos quadros semiqualificados». As conclusões são de um estudo apresentado por investigadores da Associação KIPT Inovação e Turismo, Laboratório Colaborativo sobre o setor no auditório do NERA em Loulé.

«A demissão silenciosa é caracterizada por um sentimento generalizado de insatisfação, traduzindo-se na falta de compromisso no trabalho e uma falta de intenção de ir além das obrigações mínimas», explica o KIPT.

De acordo com este laboratório colaborativo, o estudo procurou enquadrar e explicar o impacto deste fenómeno na retenção de talentos na hotelaria e turismo no Algarve.

A partir de uma amostra de 1223 profissionais, apurou que, na base da satisfação, surge o clima organizacional, ou seja, a importância de processos colegiais de tomada de decisão, o acolhimento de ideias inovadoras e o reconhecimento.

Os resultados revelaram ainda a necessidade de estudar formas de progressão na carreira para mitigar este efeito e que os trabalhadores precisam de reconhecimento e recompensas recorrentes, de serem ouvidos, querendo ainda ter amigos e bom clima de trabalho.

A apresentação deste primeiro estudo da Associação KIPT Inovação e Turismo foi feito pela investigadora Antónia Correia, presidente da direção, e contou com um debate no qual estiveram presentes profissionais de recursos humanos (RH) do Vila Vita, AP Hotéis, Vila Petra, Zoomarine e o presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve.

De acordo com o KIPT, todos «destacaram a relevância e a importância do estudo e confirmaram ter sentido, nos últimos anos, a demissão silenciosa nas faixas etárias presentes nos resultados».

Unânime foi também a «necessidade de se voltar a apostar na paixão pela hotelaria» e de trabalhar a «satisfação do trabalhador como se faz com o cliente».

A necessidade de «toda a organização ter de estar envolvida na motivação dos trabalhadores» e implementar a noção de que «cada chefe intermédio é um RH», perceber as motivações e expetativas dos trabalhadores e não tratar todos por igual, foram outras ideias defendidas, já que os departamentos de RH «não têm recursos para abranger todos os colaboradores».

A falsa noção de baixos salários pagos no setor, a falta de habitação e uma rede de transportes públicos eficaz na região, assim como a elevada pressão dos impostos e a demonização das profissões do turismo, foram outros pontos destacadas no debate e que todos assumiram ter impacto na captação e retenção dos profissionais do turismo no Algarve.

Os resultados do estudo apontaram igualmente «o clima organizacional como determinante para o sentimento de pertença e para a retenção de talento, sendo atingido com o envolvimento dos colaboradores, objetivos concretizáveis, uma avaliação de desempenho justa e ética e o estímulo das relações interpessoais no trabalho».

Segundo o estudo, os colaboradores com mais de 50 anos estão conformados e pouco disponíveis para mudar de emprego, muito por força do sentimento de pertença que nutrem pela empresa onde trabalham.

Já os colaboradores com menos experiência profissional e de nacionalidade estrangeira «apresentam níveis significativos de satisfação, especialmente em relação a oportunidades formativas e perspetivas de progressão de carreira na organização.

A valorização do trabalho é destacada como uma experiência positiva para a maioria dos trabalhadores, com ênfase especial nas faixas etárias entre 18 e os 24 anos e acima dos 50 anos. Estes grupos percecionam a conclusão de tarefas laborais como uma experiência enriquecedora.

 

O KIPT é uma associação privada sem fins lucrativos, reconhecida pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e pela Agência Nacional de Inovação (ANI) como o primeiro e único Laboratório Colaborativo na área do turismo.

É liderada em conjunto pela Universidade do Algarve / Centro de Investigação, Desenvolvimento e Inovação em Turismo (CiTUR); ATA- Associação Turismo do Algarve, Universidade de Évora (CEFAGE e CIDHEUS); Cooperativa de Formação e Animação Cultural, CRL / Universidade Lusófona; Instituto Politécnico de Leiria; Instituto Politécnico de Bragança; Uniaudax – Centro de Empreendedorismo e Inovação / Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE) e ADVANCE/ISEG/Universidade de Lisboa



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