O Conselho de Ministros aprovou ontem uma verba de 26,65 milhões de euros para a adoção de medidas de eficiência e de aumento da disponibilidade de água no Algarve, para responder à “situação de alerta” causada pela seca na região.
Esta verba está inserida num pacote de medidas de combate à seca previstas em duas resoluções que foram aprovadas pelo Governo em Conselho de Ministros e que preveem também um montante de 200 milhões de euros para apoio excecional aos agricultores, 100 dos quais destinados especificamente a produtores do Algarve e do Sudoeste.
“A situação atual no Algarve obriga à aplicação de medidas e ações extraordinárias que promovam uma maior eficiência, poupança e racionalização das reservas de água (superficiais e subterrâneas)”, justificaram os ministérios do Ambiente e Ação Climática e da Agricultura e Alimentação, num comunicado conjunto.
As resoluções aprovadas pelo Conselho de Ministros colocam o Algarve em “situação de alerta” por seca e fazem a “atribuição de apoios para medidas extraordinárias com uma dotação orçamental indicativa de 26,65 milhões de euros”, referiu o Governo.
Este valor inclui 12,4 milhões de euros para abastecimento público de água, 10 milhões de euros para o turismo, 350 mil euros para a agricultura e 2,9 milhões de euros para gestão, monitorização e fiscalização dos recursos hídricos, precisou.
“A dotação orçamental anterior respeita a investimentos relacionados com a captação do volume morto da barragem de Odelouca e do Arade, novas captações subterrâneas para abastecimento público, eficiência hídrica no setor do turismo e campanhas de sensibilização para a poupança de água”, esclareceu.
Entre as medidas aprovadas está “restringir o uso de água nos consumos urbanos e nos setores do turismo e da agricultura, de imediato”, através da redução da pressão de água na rede de abastecimento público, da suspensão da utilização de água pública ou potável na rega de espaços verdes e jardins, nas fontes ornamentais, nos lagos artificiais, na lavagem de pavimentos, em logradouros e viaturas e na compactação de vias rodoviárias.
Terá também de ser promovido o uso de água reutilizada e “a suspensão do fornecimento de água da rede pública através de contadores de usos de água que não geram águas residuais (vulgo ‘contadores de rega’)”, indicou.
O Governo determinou igualmente que seja feita uma “avaliação e, caso necessário, implementação de soluções complementares extraordinárias para transporte e disponibilização de água para abastecimento público”, como o uso de unidades móveis de dessalinização ou o transporte de água por diversas vias.
A revisão das tarifas de abastecimento de água em baixa, para utilizadores domésticos e não-domésticos, bem como para usos que não geram águas residuais, de acordo com as orientações da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), está também incluída nas medidas aprovadas.
Foram também fixadas “compensações financeiras, em 2024 e 2025, para as entidades gestoras dos aproveitamentos hidroagrícolas da região do Algarve, no montante de 2.242.000 euros”, ainda segundo o comunicado.
As resoluções abrangem também outras medidas para a agricultura, como a redução de 40%, face a 2023, no volume transferido da barragem do Funcho para a albufeira do Arade, de 50% no volume consumido no perímetro de rega do sotavento, ou a “suspensão da atribuição de novos títulos relativos a captações nas 22 massas de água subterrâneas (estado crítico)”, exemplificou.
Em contrapartida, são autorizadas as captações subterrâneas para rega de sobrevivência: no Sotavento, até ao limite máximo de 2,5 hm3/ano, com possibilidade de aumento para 4,5 hm3/ ano; no Alvor, até ao limite máximo de 0,5 hm3/ano; e, no setor Poente, até ao limite máximo de 0,5 hm3/ano.
Revisão das tarifas de abastecimento de água em baixa, para utilizadores domésticos e não-domésticos, bem como para usos que não geram águas residuais, de acordo com as orientações da ERSAR.
Todas as medidas aprovadas:
• Reconhecer a situação de alerta na região do Algarve, por motivo de seca;
• Determinar a atribuição de apoios para medidas extraordinárias com uma dotação orçamental indicativa de 26,65 milhões de euros, distribuída da seguinte forma:
a) Abastecimento público de água: 12,4 milhões de euros;
b) Turismo: 10 milhões de euros;
c) Agricultura: 0,35 milhões de euros;
d) Gestão, monitorização e fiscalização dos recursos hídricos: 2,9 milhões de euros.
• A dotação orçamental anterior respeita a investimentos relacionados com a captação do volume morto da barragem de Odelouca e do Arade, novas captações subterrâneas para abastecimento público, eficiência hídrica no setor do turismo e campanhas de sensibilização para a poupança de água.
• Restringir o uso de água nos consumos urbanos e nos setores do turismo e da agricultura, de imediato, com a adoção, entre outras, das seguintes medidas:
a) Reduzir a pressão de água na rede de abastecimento público;
b) Suspender a utilização de água pública ou potável na rega de espaços verdes, jardins públicos e privados, fontes ornamentais, lagos artificiais, lavagem de pavimentos, logradouros e viaturas e para compactação de vias rodoviárias;
c) Promover o uso de água para reutilização nos casos anteriores;
d) Suspensão do fornecimento de água da rede pública através de contadores de usos de água que não geram águas residuais (vulgo “contadores de rega”);
e) Avaliação e, caso necessário, implementação de soluções complementares extraordinárias para transporte e disponibilização de água para abastecimento público, nomeadamente unidades móveis de dessalinização e transporte de água por diferentes vias;
f) Revisão das tarifas de abastecimento de água em baixa, para utilizadores domésticos e não-domésticos, bem como para usos que não geram águas residuais, de acordo com as orientações da ERSAR;
• Determinar que cada utilizador municipal fica limitado ao valor correspondente a 85% do volume registado no período homólogo de 2023.
• Prever um tarifário para os consumos que excedam o limite estipulado na medida anterior.
• Impor um conjunto de restrições ao uso de água nos consumos urbanos e nos setores do turismo e da agricultura.
• Reforçar a fiscalização.
• Atualizar os planos de contingência nos regadios coletivos prevendo a suspensão de novas áreas regadas.
• Determinar a revisão temporária e urgente dos títulos de utilização dos recursos hídricos emitidos para captação de água superficial, de modo a:
a) Reduzir em 40% do volume transferido da albufeira do Funcho para a albufeira do Arade, face ao ano anterior;
b) Reduzir em 50% o volume de água consumido no perímetro de rega do Sotavento Algarvio, face a 2023;
c) Limitar o uso da água armazenada na albufeira da Bravura apenas ao abastecimento público, com suspensão temporária dos títulos de utilização para outros usos.
• Suspender a atribuição de novos títulos relativos a captações nas 22 massas de água subterrâneas (estado crítico), com exceção das captações de resiliência aos perímetros de rega do Sotavento do Algarve e do Alvor e das captações destinadas ao abeberamento animal em explorações licenciadas e que não disponham de alternativa mais sustentável.
• Determinar a revisão temporária e urgente de todos os títulos para captação de água subterrânea com uma redução de 15% do volume titulado.
• Autorizar as captações subterrâneas para rega de sobrevivência: no Sotavento, até ao limite máximo de 2,5 hm3/ano, com possibilidade de aumento para 4,5 hm3/ ano; no Alvor, até ao limite máximo de 0,5 hm3/ano; e, no setor Poente, até ao limite máximo de 0,5 hm3/ano.
• Definir, através da Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR), os valores de referência para a rega de sobrevivência para culturas permanentes.
• Determinar que, na revisão dos títulos de utilização, quando estabeleçam um volume máximo mensal igual ou superior a 5 000 m3, se inclua a obrigatoriedade de meios de medição direta dos volumes de água extraídos e de reporte quinzenal dos volumes captados.
• Definir os apoios a atribuir ao setor agrícola e respetiva dotação para compensação das medidas de restrição do uso da água neste setor, mobilizando um apoio excecional para minimizar os efeitos da seca, para os anos 2024 e 2025, até ao montante de 200M€ (100M€/ano), repartido por 2 eixos:
a) Apoio específico para a região do Algarve e Sudoeste Alentejano de 100 milhões de euros;
b) Auxílio de estado notificado a nível nacional (2024 e 2025);
• Fixar compensações financeiras, em 2024 e 2025, para as entidades gestoras dos aproveitamentos hidroagrícolas da região do Algarve, no montante de 2.242.000 euros.
• Determinar que sejam asseguradas as medidas que se afigurem adequadas, incluindo as estatutárias, a fim de dotar a EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva, S.A, das competências necessárias para promover e gerir o procedimento de aquisição centralizado de água dessalinizada para recarga das albufeiras da Bravura e de Santa Clara.
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