«Sem a residência era quase impossível estar a tirar o curso»

Ministra inaugurou requalificação das residências universitárias da Universidade do Algarve

Foto: Cátia Rodrigues | Sul Informação

«Hoje em dia, pedem balúrdios por um quarto apenas e diria que, sem a residência, era quase impossível estar a tirar o curso neste momento». João Parreira é natural de Santiago do Cacém, está no terceiro ano do curso de Línguas e Comunicação Intercultural na Universidade do Algarve e, desde que se mudou para Faro, vive na Residência do Campus de Gambelas. 

João é um dos 79 alunos que já beneficia das obras de requalificação da Residência Universitária Lote E, junto ao Campus de Gambelas, inaugurada oficialmente na passada sexta-feira, 12 de Janeiro, pela ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior Elvira Fortunato.

Esta foi uma das três residências da Universidade do Algarve (UAlg) que foram alvo de obras de renovação, no âmbito de um investimento que rondou os 3,5 milhões de euros, financiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) em cerca de 70%.

Para João Parreira, que já vivia na residência há dois anos, as obras trouxeram melhorias significativas.

«Estas obras eram muito necessárias, não vou dizer que a residência estava em más condições, mas pecava em alguns aspetos e, o que estava mal, melhorou bastante. Melhorou muito a questão do barulho, por causa das janelas de vidro duplo, as casas de banho – agora temos quase uma casa de banho para cada quarto -, na cozinha também se notam muitas melhorias – como as placas de indução em vez de fogão e mais espaço -, os quartos agora têm ar condicionado, o que ajuda também, e essas são as melhorias essenciais», frisou o estudante.

 

Visita a uma das residências – Foto: Cátia Rodrigues | Sul Informação

 

Estas são as obras mais visíveis para quem todos os dias aqui reside, mas as intervenções incidiram também ao nível da segurança contra incêndios, comportamento térmico e aumento da eficiência energética e eficiência hídrica.

Em termos de sustentabilidade social, a UAlg já havia frisado que «um dos objetivos é, não só promover o respeito pela individualidade de cada residente, mas também a convivência entre si, com a adoção de espaços partilhados, como a existência de sala de convívio, de estudo e sala de refeições, promovendo a vivência em comum».

Este é, aliás, um dos aspetos que também faz com que João goste de viver na residência.

«A adaptação foi ótima. Acabei por ter a sorte de ter colegas de casa compatíveis, conversamos muito, há convivência entre todos, já tiro amizades destes anos em que estive nas residências, mais amizades até na residência do que na própria universidade», remata o aluno finalista.

Para Paulo Águas, reitor da Universidade do Algarve, a inauguração da renovação das residências é «um momento muito importante».

 

O reitor Paulo Águas – Foto: Cátia Rodrigues | Sul Informação

 

«A Universidade do Algarve procurou responder da melhor forma possível a esta oportunidade que tivemos para renovação e para a construção de novas residências», afirmou à margem da cerimónia onde a ministra Elvira Fortunato esteve presente, acrescentando que a UAlg conseguiu financiamento para oito residências (seis já existentes, três das quais com renovação concluída, e duas que ainda estão por construir).

«A Universidade do Algarve tem, neste momento, 552 camas, 28 em Portimão, 524 em Faro, e, dessas 524, nós estamos a renovar mais de 80%», frisou, referindo que as outras foram renovadas há poucos anos.

No que diz respeito à apresentação de projetos para as duas novas residências, o concurso está aberto até 30 de Abril.

«Se tudo correr bem, a obra iria iniciar.se a 1 de Julho, o que significaria que, no ano letivo de 2025/2026, em Outubro, teríamos mais 287 camas», algo que, segundo o reitor, não irá resolver o problema.

«Este aumento que nós vamos ter é mais de 50% de novas camas. Não quero ser pessimista, mas atrevo-me a dizer que ele não será suficiente para fazer baixar substancialmente os preços do alojamento, que constituem a principal barreira para os estudantes deslocados e para as suas famílias», afirmou Paulo Águas, recordando que, de Setembro de 2021 para Setembro de 2023, o preço médio por quarto, em Portugal, aumentou 25,7%, enquanto na cidade de Faro o aumento foi de 40%.

Rogério Bacalhau, presidente da Câmara, reforça que «o problema da falta de habitação para os estudantes não é só dos estudantes, mas um problema do país» e dá os parabéns à Universidade por, «de imediato, quando os avisos apareceram, ter começado a trabalhar para conseguir o financiamento e avançar com estas obras necessárias».

«É muito importante que estas obras se realizem. Não vai resolver o problema, certamente, mas vai minimizar e vai dar condições a um conjunto de famílias. Para problemas desta complexidade, nunca há uma medida única que resolva. A questão aqui é a conjugação de medidas: seja através do PRR, seja através de fundos próprios ou de privados. Todas as ajudas são importantes e a Universidade está a trabalhar nesse sentido, o que eu acho que é muito importante», disse o autarca farense, em declarações ao Sul Informação. 

Nas palavras da ministra, o governo está a fazer «o maior investimento de sempre em alojamento para estudantes de ensino superior». «O esforço prosseguirá conforme planeado, como já disse, até 2026, e com o orçamento reforçado».

 

A ministra Elvira Fortunato – Foto: Cátia Rodrigues | Sul Informação

 

Em visita à residência de Gambelas, Elvira Fortunato salientou que «cada residência de estudantes a preços acessíveis é uma oportunidade para centenas de jovens concretizarem o sonho de uma formação superior e permite melhorar a qualidade de vida pessoal e académica e dos nossos estudantes».

Além disso, frisou ainda o benefício que estes investimentos têm para a região.

«Todos os anos, a Universidade do Algarve forma milhares de estudantes, essenciais para valorizar e potenciar o tecido económico da região, entre eles alunos deslocados, que poderão encontrar aqui, no Algarve, uma oportunidade para se fixarem», continuou.

As residências da UAlg já renovadas e oficialmente inauguradas na passada sexta-feira apresentam todas a mesma topologia.

Cada edifício tem três pisos, com dois apartamentos por andar. Nos apartamentos, podem viver até 13 estudantes, sendo que há seis quartos duplos e um individual. Todos os apartamentos dispõem de cozinha e sala de convívio.

 

Fotos: Cátia Rodrigues | Sul Informação

 

 



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