Produtores de batata-doce de Aljezur exigem «distribuição igualitária» da água de Santa Clara

Pequenos e médios produtores receosos de ser prejudicados, em benefício das grandes explorações

Os produtores de batata doce de Aljezur vieram a público exigir que haja uma «distribuição igualitária (sacrifícios para todos)» da água da Barragem de Santa Clara, «que não esqueça os pequenos e médios agricultores» e não tenha só em conta as grandes explorações agrícolas.

A Associação de Produtores de Batata Doce de Aljezur juntou, desta forma, a sua voz à de outros agricultores do concelho e da vizinha Odemira, contra eventuais cortes na água para rega, que irão afetar a agricultura tradicional, marcada por culturas temporárias, em benefício das grandes explorações e das culturas permanentes.

Na manhã de hoje, segunda-feira, dia 15, cerca de uma centena de agricultores dos dois concelhos, bem como outras pessoas,  juntou-se ao protesto convocado pelo movimento Juntos pelo Sudoeste que decorreu à porta da Câmara de Odemira, onde os ministros do Ambiente e da Agricultura se reuniram com os vários parceiros que assinaram o Pacto da Água em 2023, para discutirem a falta de recursos hídricos na região.

Os manifestantes exigiram o acesso a água para todos e mostraram-se preocupados com a eventual redução da cota de exploração da Barragem, de onde já se está a tirar água abaixo da cota excecional no contrato de concessão de exploração do Aproveitamento Hidroagrícola do Mira, que está fixada nos 106 metros.

Os dois membros do Governo confirmaram à saída da reunião de hoje que a barragem de Santa Clara vai mesmo ser explorada a uma cota bem abaixo dessa, de 102 metros para a agricultura e de 100 metros para consumo humano, algo que será possível graças a um investimento que deverá estar concluído «nos próximos dias».

 

Barragem de Santa Clara – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

O receio dos pequenos e médios agricultores é o de não ter acesso a esta água extra que será possível retirar da barragem, uma vez que «correm notícias (…) de que a distribuição da água será apenas para consumo doméstico e para culturas permanentes, onde se incluem, agora, culturas que antes eram consideradas temporárias, como é o caso das framboesas».

«A ser verdade, ficarão de fora as culturas temporárias, onde se inclui a batata-doce de Aljezur e também outras variedades de batata-doce e outras culturas hortícolas», alerta a associação.

Desta forma, os produtores da batata-doce de Aljezur, de variedade Lira, que tem Indicação Geográfica Protegida IGP, instam o Governo a esclarecer «como vai ser efetivamente gerida a distribuição/racionamento da água da barragem de Santa Clara no presente ano, esclarecendo, nomeadamente, se haverá culturas e beneficiários prioritários».

A associação exige ainda saber «em que medida serão contemplados os pequenos e médios agricultores e a agricultura familiar», na próxima campanha, e «se existe ou está a ser estudado algum plano de reforço do abastecimento da barragem de Santa Clara, nomeadamente através da barragem do Alqueva».

Por fim, os produtores aljezurenses perguntam se está em preparação algum plano «para dar resposta aos problemas de natureza social que serão exponenciados, nos concelhos de Aljezur e de Odemira, caso a barragem de Santa Clara deixe de fornecer ou reduza drasticamente o fornecimento de água para a agricultura».

 

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