Serviços nos hospitais do Algarve a funcionar para já sem constrangimentos

Funcionamento dos serviços tem sido assegurado “com grande sacrifício de médicos e enfermeiros e com o recurso a contratações externas”

O funcionamento dos serviços nos hospitais do Algarve não apresenta para já constrangimentos, disseram hoje fontes do setor da saúde, numa altura em que mais de 30 hospitais do país enfrentam dificuldades em completar escalas de médicos.

Em declarações à agência Lusa, Ulisses Brito, da sub-região de Faro da Ordem dos Médicos, referiu que, por enquanto, “a situação no Algarve está controlada”, não havendo até agora “grande repercussão nem confusão como noutras regiões”.

Segundo o médico, que é presidente da mesa da assembleia da Ordem dos Médicos de Faro, o funcionamento dos serviços tem sido assegurado “com grande sacrifício de médicos e enfermeiros e com o recurso a contratações externas”.

Ulisses Brito refere que tem havido mais problemas ao nível dos serviços de Urgência no Centro Hospitalar Universitário do Algarve, que integra os hospitais de Faro, Portimão e Lagos.

Mais de 30 hospitais de norte a sul do país estão a enfrentar constrangimentos e encerramentos temporários de serviços devido à dificuldade das administrações em completarem as escalas de médicos. Em causa está a recusa de mais de 2.500 médicos em fazerem mais do que as 150 horas extraordinárias anuais a que estão obrigados.

Margarida Agostinho, dirigente regional do Sindicato dos Médicos da Zona Sul, revela que a maior parte dos médicos na região “já fez, desde o início do ano, mais do que as 150 horas extraordinárias acordadas”.

Segundo disse à Lusa a médica, as urgências “funcionam sem Pediatria e com equipas mais pequenas”, sendo notório que a capacidade de intervenção nos hospitais algarvios está a diminuir, havendo cada vez mais doentes a serem transferidos.

“Neste momento, há cada vez mais pacientes a serem levados para Lisboa, também de helicóptero. Devem ser levadas aí umas duas pessoas por dia, nalguns dias [de helicóptero para hospitais de Lisboa]”, sublinhou.

O presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) disse à Lusa que os autarcas estão a acompanhar “o momento difícil” que se vive na saúde, “com posições extremadas por parte de alguns grupos” de profissionais, resultado de uma decisão de há 20 anos de diminuir a produção de médicos” para o país.

“Acompanhamos a situação, mas a nossa preocupação neste momento é ver o concurso do novo hospital [central] avançar, porque o ministro [da Saúde] veio cá [ao Algarve] há 15 dias e deu-nos alguma esperança de que, até ao início do próximo ano, teríamos notícias concretas sobre a construção do novo hospital”, afirmou António Miguel Pina (PS).

Já o presidente da Câmara de Faro lamentou que a situação no Serviço Nacional de Saúde (SNS) esteja “cada vez mais preocupante e grave”, numa altura em que são necessárias mais pessoas, mas, as que podem vão para os privados.

“Não se vê luz ao fundo do túnel. A situação que era considerada de anormalidade há 10 anos agora é considerada normal. Não podemos aceitar”, frisou Rogério Bacalhau (PSD).

A crise na saúde já levou o diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, a admitir que novembro poderá ser dramático, caso o Governo e os sindicatos médicos não consigam chegar a um entendimento.

As negociações entre sindicatos e Governo já se prolongam há 18 meses, desde 2022, havendo nova reunião marcada para sábado.

A falta de acordo tem agudizado a luta dos médicos, com greves e declarações de escusa ao trabalho extraordinário além das 150 horas anuais obrigatórias, o que tem provocado constrangimentos e fecho de serviços de urgência em hospitais de todo o país.

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