São Brás já tem a sua Casa da Memória da EN2 onde não faltam histórias

Espaço nasceu no edifício da antiga 8.ª Secção de Conservação das estradas do distrito de Faro, perto do Largo de São Sebastião

No início dos anos 80, a porta foi fechada e, em cima da secretária, ficaram o jornal desse dia, escudos e documentos. As décadas foram passando, mas este sábado, 22 de Agosto, a porta voltou a abrir-se para mostrar tesouros de tempos idos. A Casa Memória da Estrada Nacional (EN) 2 já foi inaugurada, em São Brás de Alportel, e é um verdadeiro mergulho na história de uma via que liga Chaves a Faro, ao longo de 738 quilómetros. 

O dia foi de festa no quilómetro 722. É ali, bem no centro da vila de São Brás, que se situa a nova Casa Memória da EN2, erguida na antiga 8.ª Secção de Conservação das estradas do distrito de Faro.

Era deste edifício que saiam os cantoneiros, com a missão de zelar pela manutenção da estrada, qualidade do piso e limpeza das bermas. Também davam, se necessário, assistência ao trânsito.

 

 

Na Casa Memória, não faltam, por isso, utensílios e ferramentas utilizados pelos cantoneiros, como, por exemplo, as suas fardas e vassouras. Há também documentos – muitos documentos – alguns deles bastantes curiosos.

«Temos relatos de votos de louvor de pessoas que encontravam objetos perdidos na estrada e os devolviam. São histórias destas que representam o nosso povo e a nossa gente», disse Vítor Guerreiro, presidente da Câmara de São Brás de Alportel, ao Sul Informação.

No fundo, esta Casa da Memória vem «contar essas histórias que realçam a importância que esta estrada teve – e ainda tem».

«O espaço vem reavivar a história da nossa população e dos portugueses. A EN2 faz parte da história da nossa população. Não há muitas décadas, todo o comércio e turistas tinham de passar aqui por São Brás de Alportel, o que até era, de certa forma, um alívio porque acabavam as curvas da Serra do Caldeirão», acrescentou o autarca, entre risos.

O edifício foi comprado pela Câmara, em 2014, que ali viu uma perspetiva de criar algo diferente «e diferenciador» para o concelho.

«Aqui, o viajante pode parar um pouco, descansar, tomar o chá do viajante, com ervas da Serra do Caldeirão, e levar uma lembrança do quilómetro 722 onde nos encontramos. É que São Brás tem muito para mostrar e esta pode ser uma porta de entrada para conhecer as maravilhas do nosso concelho», explicou Vítor Guerreiro.

 

O senhor Álvaro

A inauguração deste sábado foi, de resto, um momento de emoções fortes. De forma simbólica, Álvaro Rodrigues, filho do antigo cantoneiro José Rodrigues, subiu à varanda da Casa Memória para hastear a bandeira da Rota da EN2 na nova Casa da Memória. Em criança, foi ali que passou muito tempo, junto de seu pai.

Cá em baixo, a assistir, estava José Mendes, secretário de Estado do Planeamento que é padrinho deste novo espaço museológico. E porquê? Porque ele mesmo percorreu a EN2, de bicicleta, ainda há pouco tempo, passando e parando em São Brás.

«Quando a 31 de Julho aqui passei, na minha volta, fiquei muito feliz. Não vou esquecer mais São Brás de Alportel até porque, a partir daqui, acabaram as subidas. E para quem vem de bicicleta…», disse, em tom de brincadeira.

Mais a sério, o governante disse que este novo espaço é importante porque temos «de saber acrescentar valor» a um património que já é «bonito por si».

 

 

A opinião foi partilhada por João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA), que realçou a necessidade de «contrariar a tendência de nos focarmos apenas no litoral», tentando que o turismo «se espalhe por todo o território».

Francisco Serra, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, considerou, por sua vez, que a nova Casa da Memória é um projeto «muito relevante na vida local, regional e nacional».

O investimento, da parte da autarquia, foi de cerca de 100 mil euros, suportado também por fundos europeus.

A Casa da Memória vai abrir já esta segunda-feira de manhã, mas o horário de funcionamento ainda não está inteiramente definido. Certo é que já pode ir ao local e perder-se entre utensílios, ferramentas e histórias de cantoneiros e canteiros.

«Venham visitar que vale a pena, prometo que levam daqui emoções muito boas, experiências inesquecíveis e partem com a vontade de vir cá», concluiu Vítor Guerreiro.

E, no final, não se esqueça de colocar uma foto no “Cabide de Memórias” e de escrever “Caderno do Visitante” da Casa da Memória da EN2.

 

Fotos: Flávio Costa | Sul Informação

 

 

 

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