Secretário de Estado apela a valorização do turismo de portugueses no Algarve

Nuno Fazenda disse que esta descida coincidiu com um aumento de quase 40% da receita média por quarto no Algarve, ou seja, a um aumento dos preços do alojamento

O turismo nacional é muito importante e deve ser valorizado, defendeu hoje o secretário de Estado do Turismo Nuno Fazenda, apelando aos empresários do setor para refletirem sobre a quebra de turistas portugueses registada no Algarve este ano.

“No que diz respeito ao turismo nacional, de facto temos alguns sinais de quebra das dormidas de residentes [portugueses] no Algarve, o que não significa que os portugueses estejam a viajar menos. Podem estar a viajar para outras regiões do país e até para o estrangeiro”, afirmou à Agência Lusa.

Porém, também reconheceu que esta descida coincidiu com um aumento de quase 40% da receita média por quarto no Algarve, ou seja, a um aumento dos preços do alojamento.

“Ora, isso convida a uma reflexão conjunta de instituições, de empresários, de todos, porque o turismo doméstico é muito importante”, vincou, defendendo que “Portugal tem que continuar a cuidar e a valorizar o seu turismo interno”.

Nuno Fazenda falava em Londres, à margem do Festival FTWeekend, onde Portugal esteve hoje em destaque enquanto patrocinador da organização.

O Festival FTWeekend em Londres é um evento anual de debates organizado pelo jornal Financial Times que reúne escritores, políticos e artistas e ao qual afluíram alguns milhares de pessoas.

O programa variado incluiu sessões sobre moda, cerâmica, investimento, imobiliário, saúde, tecnologia, gastronomia ou literatura em tendas dispostas ao ar livre no parque natural de Hampstead Heath.

Entre os intervenientes no festival estiveram o escritor português José Luís Peixoto, os ‘chefs’ Henrique Sá Pessoa e José Avillez, e o diretor executivo e fundador da agência de viagens Tempo-Vip, Danilo Cerqueira.

A parceria com o jornal Financial Times neste evento permite “posicionar Portugal em segmentos muito importantes de turismo literário, enoturismo, gastronomia e vinhos”, explicou o secretário de Estado. Isto “remete-nos para territórios onde há um enorme potencial em Portugal e que nós queremos valorizar turisticamente”, adiantou.

O Reino Unido é o principal mercado emissor de turistas para Portugal, tendo em julho representado uma quota de 18,9%, mais 4,7 pontos relativamente a julho de 2019, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados na quinta-feira.

O Algarve continua a ser o destino português preferido por 50% dos britânicos que visitam Portugal, mas o secretário de Estado vincou que o número de dormidas dos britânicos “está a crescer de forma muito expressiva noutras regiões, nomeadamente no Alentejo e no Norte, e está também a crescer em outras alturas do ano”.

“Aquilo que nós queremos do ponto de vista estratégico é continuar a crescer, mas crescer bem, com sustentabilidade e autenticidade e ao longo do território, puxar pelas regiões menos desenvolvidas, mas sem deixar de consolidar os destinos principais Algarve, Lisboa, Porto e Madeira”, explicou.

Fazenda reconheceu que “em determinado período e em determinadas zonas, verifica-se em alguns pontos alguma concentração” de turistas em Portugal, reforçando a importância de distribui-los pelo resto do país.

Porém, rejeitou comparações com Barcelona, Paris ou Amesterdão em termos de excesso de turismo.

“Lisboa e Porto são destinos turísticos que temos que continuar a preservar, sustentáveis e autênticos, e que não são comparáveis com outros destinos do mundo em termos de ‘overtourism’”, ou seja turismo excessivo, argumentou.

 



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