São dezenas de páginas que eternizam não só a exposição que percorre as sete décadas de criação artística de Manuel Baptista, mas também a sua vida e obra: assim é o Catálogo que foi este sábado, 23 de Setembro, lançado no Museu Municipal de Faro.
É neste Museu que estão expostos, até 1 de Outubro, os trabalhos do artista plástico farense que foram produzidos entre 1962 e 2022 e compõem a “Natureza Paralela”.
«Conhecer profundamente a obra de Manuel Baptista permitiu-me fazer esta exposição. Com ele, as coisas eram muito rápidas e muito lentas, porque ele tinha um ritmo muito próprio: trabalhava imenso, mas, ao mesmo tempo, também tinha uma maneira de ser que permitia estarmos tardes ou noites inteiras a conversar, a comer e beber. Era uma pessoa que passava da arte para a vida e da vida para a arte». É assim que João Pinharanda, diretor do Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT) e também curador desta mostra descreve Manuel Baptista.
Apesar de ter morrido antes de conseguir ver a exposição, em Abril de 2023, Manuel Baptista ainda assistiu a toda a sua preparação.
«O que já não discuti com ele foi a montagem e disposição das obras finais, mas penso que ele gostaria de ver como ficou», disse o curador ao Sul Informação.

Agora, com a exposição prestes a terminar e com o catálogo lançado, João Pinharanda fala na vontade de inaugurar um museu, em Faro, com toda a obra e coleções de Manuel Baptista, que, mesmo depois de ter deixado a carreira de docente na Escola de Belas Artes, «se continuou a interessar muito pelo trabalho dos artistas mais jovens».
«Esta é uma decisão que só não será tomada se houver pouca disposição para a cultura. O papel didático que Manuel Baptista sempre teve pode continuar com esse Museu», realçou o curador, afirmando estar «muito contente com o catálogo».
«Foi sempre um objeto que foi pensado, desde o princípio, e eterniza a exposição até no sentido de conseguirmos ver onde as peças estão – e aí dou os parabéns aos fotógrafos».
Para Rogério Bacalhau, presidente da Câmara de Faro, este é também um marco importante.

«Este catálogo vai perpetuar, para memória futura, aquilo que foi a exposição, e esse tem sido um objetivo nosso – produzir um catálogo para as exposições que temos tido aqui no Museu. Temos a consciência de que uma coisa são as peças em si e outra é todo o trabalho que está por trás. Os catálogos têm o objetivo de não deixar esfumar a exposição após o seu término», disse durante a apresentação.
Fotografias e textos compõem este livro que está à venda por 15 euros e conta ainda com participação da escritora Lídia Jorge, que se associou ao trabalho com a autorização da publicação de um texto com a sua visão sobre Manuel Baptista.
Como já havia referido João Pinharanda, a exposição (e agora o catálogo), são «uma sentida homenagem a um grande artista e amigo, ilustre representante de uma vasta plêiade de nomes que confirmaram a vocação nacional e internacional do Algarve no domínio das artes e das letras».
Manuel Baptista morreu no dia 8 de Abril de 2023, aos 86 anos.
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