Câmara de Lagoa vai rever de novo o projeto da Escola da Mexilhoeira da Carregação

E fazer obras estruturais na EB Jacinto Correia, na sede de concelho

A Câmara de Lagoa vai lançar um procedimento para a revisão do projeto já existente destinado à construção do Centro Escolar da Mexilhoeira da Carregação, de modo a «otimizar e atualizar» a proposta.

A informação foi dada ao Sul Informação por Ana Martins, vereadora da Educação de Lagoa, que acrescentou que, «com esta décalage de quatro ou cinco anos desde que o projeto inicial foi apresentado, há coisas que precisam de ser reformuladas».

O projeto do Centro Escolar da Mexilhoeira da Carregação foi lançado em 2017, com um custo estimado de 1 milhão de euros, mas nunca chegou a avançar. A vereadora explicou que, primeiro, isso se deveu ao facto de o Tribunal de Contas ter chumbado a empreitada, depois porque, quando foi lançado novo concurso público, este acabou por ficar deserto, por falta de empresas construtoras interessadas.

«Lançámos esse concurso com um valor para a obra de 4 milhões e qualquer coisa, mas não houve interessados, pelo facto de o valor ser considerado insuficiente. As propostas que nos chegaram eram de valores à volta dos 7 milhões de euros», acrescentou a autarca.

Assim, em vez de simplesmente lançar novo concurso com uma verba mais significativa, a Câmara de Lagoa, liderada pelo socialista Luís Encarnação, optou por reformular o projeto e atualizá-lo, «à luz das necessidades atuais».

 

O projeto apresentado em 2017

 

O PSD de Lagoa já criticou este atraso. Em comunicado, os social-democratas lagoenses lamentaram que, «a comunidade escolar do Centro Escolar da Mexilhoeira da Carregação inicie mais um ano letivo, sem que as suas instalações tenham recebido as merecidas obras de requalificação, há 10 anos identificadas, há seis anos apresentadas e há dois anos que deviam estar concluídas».

«Infelizmente, nada aconteceu e agora sofre um novo retrocesso», já que «a Câmara liderada em maioria pelo PS, a mesma que elaborou três projetos para a mesma obra, agora encontre no projeto, que por diversas vezes submeteu a concurso público, anomalias que impedem a sua execução, que o tornam inviável e inexequível».

No seu comunicado, o PSD lagoense criticou igualmente que o executivo «tenha privado, neste particular, todos os alunos que frequentaram e ainda frequentam este centro escolar na última década, período 2013/2023, coincidente com a gestão socialista na Câmara Municipal de Lagoa, pelo facto dos gestores municipais não terem sido capazes de realizar nenhuma intervenção naquele estabelecimento de ensino».

Apesar da polémica, os investimentos futuros nas escolas não se ficarão por aqui, garante a vereadora socialista Ana Martins. No âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o Município de Lagoa vai apresentar uma candidatura «para a reformulação da Escola Básica Jacinto Correia». É que, salienta a vereadora da Educação, trata-se de uma «intervenção prioritária, porque a escola foi construída num vale, numa linha de água»…

É uma situação potencialmente perigosa que o executivo socialista recebeu, uma vez que a decisão de construir a escola naquele local, a sua construção efetiva e inauguração tiveram lugar antes do PS regressar à Câmara de Lagoa, quando esta era comandada por executivos do PSD. A escola foi inaugurada em 2003.

O caso desta escola já foi até submetido a análise do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) que alertou a Câmara de Lagoa de que, não havendo perigo imediato, é, no entanto, preciso «fazer obra estrutural». Ora, se precisa de obras, a autarquia vai «aproveitar para ampliar» esta escola.

Entre as novidades já para o ano letivo que começa esta semana, a vereadora destacou o facto de, durante o Verão, ter sido feita uma obra de «reformulação no refeitório da ESPAMOL [Escola Secundária Padre António Martins de Oliveira], criando uma sala específica para os cursos profissionais ligados à restauração, que aí são ministrados». A Escola Secundária foi também pintada.

Este ano, as refeições escolares serão gratuitas para os alunos dos 1º, 2º e 3º escalões. As refeições, acrescentou Ana Martins, são «elaboradas nas cantinas das escolas, com base numa ementa única para todas, definida pela nutricionista do município», em conjunto com as direções de cada estabelecimento de ensino.

Além disso, «este ano, pela primeira vez, oferecemos os três cadernos de atividades para o 2º ciclo», nas disciplinas de Português, Matemática e Inglês. No ano letivo passado, isso já tinha acontecido para os cadernos do 2º ciclo. «Este ano, alargámos a oferta».

 

Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação (arquivo)

 

Novidade importante no que diz respeito à Educação no concelho de Lagoa é o facto de o horário da Componente de Apoio à Família (CAF) ter sido alargado. «De manhã, começamos a receber as crianças às 8 horas, enquanto, ao final do dia, depois das AEC, se prolonga até às 18h30».

«Há cada vez mais pais nestas zonas de Lagoa, Porches e Carvoeiro que, logo de manhã, não têm com quem deixar os filhos. São, por exemplo, enfermeiros ou mesmo quem trabalha na hotelaria e restauração», explica a autarca.

A CAF estará também em funcionamento nas interrupções letivas, até porque, pela primeira vez, os dois agrupamentos escolares do concelho têm calendário semestral, com as mesmas pausas.

A CAF destina-se às crianças do 1º ciclo, entre os 6 e os 10 anos.

A Câmara de Lagoa assegura igualmente transportes gratuitos para todos os alunos, no concelho, e para fora dele quando não existe oferta educativa na rede escolar lagoense.

 

Também há mais alunos em Lagoa

O Agrupamento de Escolas Padre António Martins de Oliveira, em Lagoa, vai este ano receber mais 50 alunos, portugueses e estrangeiros, mas isso não causa constrangimentos na abertura do ano letivo, nem obrigou a encontrar mais espaços para abrir salas de aula, como aconteceu noutros concelhos algarvios.

Nos restantes Agrupamentos Escolares do concelho, o número mantém-se semelhante.

Ana Martins, vereadora da Educação da Câmara Municipal de Lagoa, revelou, porém, que foi preciso fazer alguma ginástica para acolher os novos alunos, nomeadamente «mudar duas turmas do 1º ciclo da EB1 do Parchal para a EB Jacinto Correia, para podermos abrir mais turmas de 1º ciclo».

Por outro lado, «face às necessidades especiais de alguns alunos», foi necessário aumentar uma turma na EB1 da Mexilhoeira da Carregação, colocando lá um «monobloco» (contentor).

 

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