Dia da Sobrecarga do Planeta à escala mundial tem lugar um dia mais tarde que em 2022

Nos últimos cinco anos, a tendência é de estagnação, mas tendência é insuficiente

Este ano o uso do cartão de crédito ambiental começou um dia mais tarde do que em 2022, ou seja, a 2 de Agosto.

O dia da sobrecarga do planeta (Overshoot Day) assinala o dia em que a necessidade de recursos e serviços ambientais por parte da Humanidade excede a capacidade do Planeta Terra para regenerar esses mesmos recursos. A partir daí torna-se necessário usar recursos naturais que só deveriam ser utilizados a partir de 1 de Janeiro do ano seguinte, neste caso, 2024.

Nos últimos cinco anos a tendência é de estagnação. Para a associação ambientalista ZERO, «é possível que esta tendência se deva aos esforços de descarbonização e a um conjunto de políticas que visam promover o respeito pelos limites do planeta, muito embora possa também estar a ser influenciada por alguma desaceleração económica nos últimos anos».

De qualquer modo, salienta a ZERO, «esta tendência é insuficiente para alcançar os objetivos do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPPC) de reduzir as emissões de carbono a nível mundial em 43% até 2030 (tendo por referência 2010)». Para que tal seja possível, «teremos de retirar 19 dias em cada um dos próximos sete anos».

A ZERO explica que «o que os dados nos indicam é que a Humanidade tem de acelerar o passo e promover as mudanças necessárias de forma a reduzir o impacte que as suas atividades e necessidades têm sobre a capacidade de carga do planeta».

De acordo com a iniciativa #MoveTheDate do Dia da Sobrecarga do Planeta, mudanças como ter fontes renováveis a alimentar 75% das necessidades mundiais de eletricidade podem reduzir em 26 dias o nosso uso do cartão ambiental e reduzir para metade o desperdício alimentar pode contribuir para uma redução de mais 13 dias.

Mas há mais, nomeadamente a redução da pegada de carbono em 50%, que permitirá «acionar o cartão de crédito ambiental 93 dias mais tarde (início de Novembro)».

Ou «se reduzirmos a nossa pegada ligada à mobilidade em 50% e se assumirmos que um terço dos quilómetros são substituídos por transporte público e os restantes pela bicicleta e andar a pé, acionaremos o cartão de crédito ambiental 13 dias depois (para a segunda semana de Agosto)».

A ZERO explica igualmente que, «se reduzirmos o consumo de carne em 50% e substituirmos essas calorias por uma alimentação vegetariana, o cartão de crédito seria acionado 17 dias depois (meados de Agosto), com 10 desses dias a resultarem das emissões de metano evitadas».

«É urgente a tomada de consciência para a necessidade de alterar o paradigma de desenvolvimento no sentido de promover uma economia do Bem-Estar, que garante qualidade de vida para todos dentro do respeito pelos limites do planeta», acrescenta a associação ambientalista.

 

A tendência das últimas décadas

Ainda que a tendência desde a década de 70 se tenha mantido no sentido da antecipação do uso do cartão de crédito ambiental, o facto é que a última década espelha uma desaceleração:

 

Como se calcula

O dia da sobrecarga do planeta é calculado dividindo a biocapacidade do planeta (a quantidades de recursos maturais que o Planeta Terra consegue gerar/providenciar num ano) pela pegada ecológica da Humanidade (a procura de recursos durante um ano), tendo em consideração os 365 dias de cada ano.

Tal como um extrato bancário dá indicação das despesas e dos rendimentos, a Pegada Ecológica avalia as necessidades humanas de recursos renováveis e serviços essenciais e compara-as com a capacidade da Terra para fornecer tais recursos e serviços (biocapacidade).

A Pegada Ecológica mede o uso de terra cultivada, florestas, pastagens e áreas de pesca para o fornecimento de recursos e absorção de resíduos (dióxido de carbono proveniente da queima de combustíveis fósseis). A biocapacidade mede a quantidade de área biologicamente produtiva disponível para regenerar esses recursos e serviços.

Este ano, a data foi atrasada cinco dias em comparação com 2022, uma vez que quatro dias foram resultado de novos métodos de cálculo (todos os anos são recalculadas todas as pegadas desde que há registo para que possam ser diretamente comparáveis), pelo que apenas um dos dias é que se refere mesmo à pegada (a sobrecarga do ano passado está agora calculada para dia 1 de Agosto e não em Julho como foi referido no ano passado).

 



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