A equipa do Centro de Referência do Cancro do Reto do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) desenvolveu um projeto pioneiro e inovador em Portugal com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das pessoas ostomizadas.
O projeto, que arrancou em dois centros comerciais do grupo Sonae no norte do País, centra-se, essencialmente, na criação ou adaptação de instalações sanitárias já existentes para a utilização por parte das pessoas ostomizadas (pessoas que foram sujeitas a uma cirurgia em que é criado um percurso de saída alternativo para as fezes ou a urina).
Em entrevista, o médico Edgar Amorim, coordenador do Centro de Referência do Cancro do Reto do CHUA, explica que o projeto pretende «identificar e criar» alternativas «que possam ser úteis para a sociedade».
«A presença de um estoma pode implicar alterações profundas na qualidade de vida física e psicológica das pessoas ostomizadas e dos seus familiares ou acompanhantes, afetando, por isso, uma franja muito vasta da população. Por ser desconhecida, ou não visível, é ignorada ou menosprezada, não havendo qualquer mobilização para normalizar o dia-a-dia destas pessoas», explica o médico, referindo que, na opinião da equipa, «a criação ou adaptação de espaços de instalações sanitárias já existentes (por exemplo, instalações sanitárias de mobilidade condicionada) à utilização por ostomizados pode ser a chave para aumentar a sensação de bem-estar e a reabilitação dos ostomizados na sociedade».
Quanto ao motivo pelo qual o projeto arrancou no Norte, Edgar Amorim explica que se deve ao facto de o Centro de Referência do Cancro do Reto CHUA «ter uma ambição de projeção nacional e não apenas regional».
«A razão deste projeto ter arrancado no Norte, deve-se a uma parceria que estabelecemos com a equipa Reify, da Sonae Sierra. Tratando-se de um grupo que aposta muito na inovação e tem interesse por projetos inovadores (não esquecer que até ao momento não existe nada semelhante em Portugal), este projeto teve logo acolhimento por ser uma medida inovadora, diferenciadora e pioneira de inclusão e promoção da melhoria da qualidade de vida», explica ainda.
De acordo com o profissional de saúde, as referidas casas de banho para doentes ostomizados já estão instaladas em dois centros comerciais do norte (Arrábida e Maia shopping) mas, em breve, vai também estar presente num projeto na ilha de São Miguel, em Viana do Castelo e Guimarães.
«A ideia é alargar o projeto de forma gradual a todas as casas de banho dos centros comerciais da Sonae Sierra e, ao mesmo tempo, desenvolver parcerias com entidades públicas (autarquias) ou outros grupos privados».
Em relação ao Algarve, o médico do CHUA explica que já estão a trabalhar com a Câmara Municipal de Portimão para que o projeto avance cá.
«Esperamos ter em breve a primeira casa de banho pública adaptada ao doente portador de estoma. Isto assume especial importância pelo facto de Portimão ser um destino turístico procurado por muitos visitantes nacionais e internacionais», frisa Edgar Amorim.
Em Portugal existem cerca de 15 mil portadores de uma ostomia, dos quais cerca de 12 mil são ileostomias de eliminação.
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