Um ano depois, Teatro de Palha ergue-se sem medos em Aljezur

Teatro, novo circo, música, fotografia, dança: haverá de tudo

O «apetite» tinha ficado do ano passado. Lições apreendidas, segurança acautelada, desta vez nada vai falhar. Tudo está pronto para «grandes momentos» no Teatro de Palha que o Lavrar o Mar organiza já a partir deste sábado, 24 de Junho, no Parque Industrial da Feitirinha, em Aljezur.

Este ano, as novidades são muitas. Quem o garante é Madalena Victorino, uma das programadoras do “Lavrar o Mar”, em entrevista ao Sul Informação.

A principal é mesmo a localização: do vale da Vilarinha, onde esteve no ano passado, o Teatro de Palha transferiu-se para o Parque Industrial da Feitirinha, entre Aljezur e o Rogil.

Dificuldades burocráticas e o risco de incêndio levaram a que os espetáculos tivessem de ser cancelados três vezes em 2022. Este ano, diz Madalena, nada falhará.

«As autorizações estão todas acauteladas, em estreita colaboração com a Câmara de Aljezur que nos está a ajudar muito. Estarmos na Zona Industrial não coloca problemas ao Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, pelo que está tudo alinhado», garante a programadora cultural.

Outra das novidades é a própria estética do teatro de palha que voltou a ser concebida pelo arquiteto Pedro Quintela.

«No ano passado, o teatro tinha a forma do ouvido interno humano e também se assemelhava a uma concha Nautilus, muito antiga. Através dessa forma elíptica, o teatro respirava para o exterior», relembra Madalena Victorino.

Este ano, o teatro tem «a forma do útero, feminina».

 

 

 

«Quando a pessoa entra, dá a sensação de se estar dentro de um grande espaço, separado do exterior, mas o Pedro Quintela fez umas janelas para se poder apreciar as paisagens», explica.

Cada fardo de palha pesa 400 quilos, mas o trabalho de ir construindo o teatro, segundo as indicações do arquiteto, esteve mais uma vez a cargo do senhor Armindo Branco, que manobra as máquinas como se não custasse nada.

No meio do teatro, estará o palco, mas também haverá um bar e um espaço expositivo com a “Biblioteca de Cordas e Nós”, projeto de José Antonio Portillo.

Tudo começa este sábado, 24 de Junho, com o concerto de Martín Sued e Orquestra Assintomática, a partir das 21h30.

Criado durante o ano de 2020, o grupo apresenta um repertório de composições originais para uma formação que inclui os instrumentos característicos de uma formação tradicional de tango, mas que utiliza essas raízes para caminhar para além das fronteiras do género.

Além da música, os espetáculos de Martín Sued & Orquestra Assintomática distinguem-se pela dimensão cénica e performativa, que faz o público mergulhar nesta sonoridade única, feita de cores contemporâneas e iluminada pela tradição popular argentina.

O coletivo tem a singularidade de ser formado por músicos de diferentes nacionalidades e culturas como o Brasil, a Ucrânia, a Itália, Portugal e Argentina.

 

Giacomo Scalisi, Armindo Branco e Pedro Quintela

 

No domingo, dia 25, acontecerá a primeira noite de cinema. O filme “Lobo e Cão”, de Cláudia Varejão, será projetado na tela do Teatro de Palha, seguida de um DJ set com Big Lebowski.

A cultura volta ao Teatro de Palha no dia 29, com o filme “Alcarràs”, de Carla Simón, com mais um DJ set de Big Lebowski. Os Irmãos Makossa atuam no dia 30 e os Tiktek Ensemble a 1 de Julho.

No mesmo dia, haverá novo circo com “Une Partie de Soi” e mais cinema, no dia 2, com “Águas do Pastaza”, de Inês T. Alves.

O terceiro fim de semana começa com com o documentário “Cesária Évora” (6) e com um concerto de Mariana Root (7). A dança com os “Nu Meio – Bailão” marcará o dia 8 e o cinema com “Aftersun” encerrará mais um fim de semana.

Para os últimos dias, o “Lavrar o Mar” preparou mais cinema (“Tenho Sonhos Elétricos”, de Valentina Maurel, dia 13) e música, com Carlos Bica, um dos grandes nome do jazz em Portugal (dia 14), os Sopa de Pedra (dia 15) e Cabaret Cosmológico (dia 16).

Os bilhetes podem ser comprados aqui.

Os detalhes da programação podem ser conhecidos aqui.

 

Leia mais um pouco!
 
Uma região forte precisa de uma imprensa forte e, nos dias que correm, a imprensa depende dos seus leitores. Disponibilizamos todos os conteúdos do Sul Infomação gratuitamente, porque acreditamos que não é com barreiras que se aproxima o público do jornalismo responsável e de qualidade. Por isso, o seu contributo é essencial.  
Contribua aqui!

 



Comentários

pub