Três semanas, três turmas e um milhão de ideias. Este foi o mote com que se iniciou, em Monchique, a 20 de Março, o projeto PARTe – Projeto Arte e Território, integrado na I Bienal Cultura Educação: RETROVISOR – Uma História do Futuro, um programa do Plano Nacional das Artes.
O projeto acontece no concelho de Monchique através de parceria entre o Municipio e o Agrupamento de Escolas do concelho, emvolvendo alunos das turmas dos 4º anos.
Na primeira semana, na Escola Básica do 1º Ciclo de Marmelete, a coreógrafa Alice Duarte desafiou os alunos a criarem um imaginário novo entre a dança e o seu território: a serra de Monchique.
O projeto tem também como objetivo fazer percursos pedestres a lugares particulares da serra. Desta forma, em Marmelete, o local visitado foi a Ermida de Santo António.
A partir da lenda popular que conta o aparecimento desta pequena capela, levantou-se a questão: será esta lenda mesmo verdadeira?
Para encontrar a resposta, os alunos, apetrechados de material de investigação como lupas, caminharam até lá para fazer este levantamento e regressaram para o estúdio de dança (ginásio da escola) com todas as provas que encontraram.
Essas conclusões e inquietações transformaram-se, ao longo da semana, em matéria artística e em movimento, que culminou num espetáculo onde os encarregados de educação, depois de assistirem ao momento dançado, caminharam e acompanharam as crianças que, de lupa na mão, lhes provavam a veracidade dos seus sonhos.
No dia 27 de Março, iniciou-se um novo ciclo de criação artística, a segunda semana, desta vez com os alunos do 4º ano da Escola Básica nº 1 de Monchique.
A semana começou com um percurso pedestre ao Castelo do Alferce, guiado pelo arqueólogo municipal Fábio Capela, que não deixou escapar nenhum pormenor, desde o mais técnico ao mais curioso, referindo também o abrupto Barranco do Demo e a sua lenda mais famosa.
Chegados à sala de aula, transformada agora num estúdio de dança, registou-se uma lista infindável das memórias que se tinha dessa manhã e partiu-se para a criação.
«Tudo pode gerar movimento e esse movimento associado à criatividade e a um imaginário coletivo convida a dança a entrar nos corpos. E assim foi, dançou-se não só o que existe no território como o que se imagina que existiu, existe ou pode vir a existir», explicam os promotores.
Após o espetáculo, foi partilhada, com as restantes turmas da escola e com os encarregados de educação, a lista de memórias, que foi no fundo a lista de ingredientes que ditou todo o processo criativo da peça de dança.
Amanhã, segunda-feira, dia 15 de Maio, a coreógrafa Alice Duarte dará início à terceira e última semana de trabalho com a turma do 4º ano da Escola Básica nº 2 de Monchique.
Será feita também uma caminhada e visita guiada ao Castelo do Alferce e será, dessa relação com o património local, sentindo a paisagem e o seu contexto geológico e histórico que nascerá, certamente, um outro espetáculo de dança, com outras ideias que se movimentam noutros corpos.
Este novo espetáculo será apresentado à comunidade no dia 19 de Maio, às 11h30, no Parque Escolar de S. Pedro, em Monchique.
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