Movimento mais Ferrovia não aceita que Plano Ferroviário admita Metrobus na linha litoral

Grupo de cidadãos apresentou sugestões, no âmbito da discussão pública do Plano Ferroviário Nacional

Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação (Arquivo)

O Movimento Mais Ferrovia (MMF) considera «impensável» que «num documento estratégico para o desenvolvimento e modernização da ferrovia» como o Plano Ferroviário Nacional (PFN) «se defenda um modo rodoviário», neste caso, uma solução transitória em Metrobus para o novo sistema de mobilidade ligeira litoral do Algarve previsto no documento.

Este foi um dos reparos que este movimento cívico fez ao plano, num contributo que deu no âmbito do processo de consulta pública deste documento, que terminou na terça-feira, dia 28 de Fevereiro.

O grupo de cidadãos aponta que o PFN menciona um conceito evolutivo de Mobilidade Ligeira do Algarve,  “(…) que admite um início de operação em modo rodoviário, com custo de investimento inicial mais baixo, mas sem excluir a sua conversão futura para um sistema ferroviário ligeiro (…)”.

Esta possibilidade, defende o Mais Ferrovia, nunca deveria caber num plano ferroviário, «até porque se contraria um dos desígnios da ferrovia que é constituir-se alternativa ao modo rodoviário».

«Deduz o MMF que estarão a referir-se a uma tipologia rodoviária Metrobus ou BRT (que, basicamente, são autocarros elétricos ou híbridos de maior comprimento), cuja operação necessitará de corredores dedicados, usando corredores rodoviários já existentes e/ou a construção de novos corredores», diz o movimento.

A solução de um Metrobus já será aplicada num sistema de mobilidade ligeiro interurbano que deverá nascer nos concelhos de Olhão, Faro e Loulé, para criar uma oferta de transporte público com emissões zero, tempos de viagem competitivos e ligações ao Aeroporto e Gambelas.

O Estudo prévio deste novo serviço, que assentará num sistema BRT (Bus Rapid Transit), foi apresentado na quarta-feira, em Olhão, numa sessão que contou com a presença do primeiro-ministro António Costa.

À margem da sessão, José Apolinário, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, que encomendou o estudo, assegurou que esta linha não é a mesma que está prevista no plano ferroviário.

Ainda assim, tudo indica que, pelo menos numa primeira fase, seja este o sistema que será utilizado, também, nessa ligação que servirá as principais localidades do litoral do centro e Barlavento do Algarve.

«O uso do BRT no Algarve implicará, ou um acréscimo considerável de constragimento nos tráfegos de estradas existentes, ou um considerável prejuízo para o território e ambiente, se se optar pela afetação de novos espaços à construção de rodovias dedicadas», defende o movimento.

«O MMF considera que o PFN se deverá centrar na concretização do grande potencial da Linha do Algarve, com a adotação de soluções de continuidade que justifiquem os grandes investimentos efetuados na sua modernização e eletrificação e que proporcionem à região do Algarve qualidade de ferrovia de nível europeu, face às novas dinâmicas e padrões de mobilidade, mais sustentáveis e descarbonizados», acrescenta.

Esta não foi a única sugestão dada pelo Mais Ferrovia no âmbito da consulta pública, apesar deste documento já integrar as propostas do movimento, apresentadas no documento “Estratégia para a Ferrovia do Algarve 2050”, na fase de elaboração do Plano Ferroviário, algo com que se congratulam.

O MFM também se debruça sobre a questão das duas alternativas para reduzir o tempo de viagem entre Faro e Lisboa para menos de duas horas.

O movimento defende a execução da «construção de uma nova Linha do Sul, com passagem por Beja, que sirva verdadeiramente, sem constrangimentos, o desenvolvimento do Sul do País, onde se inclui a sua ligação ao Corredor do Mediterrâneo», em detrimento da melhoria da Linha do Sul, no seu atual traçado.

Por outro lado, «deverão ser indicados os limites/as classes de velocidade associados às categorias principais de serviços ferroviários, especialmente o que referem como serviço de Alta Velocidade (AV), para que neste PNF não se limite a AV apenas ao serviço Alfa Pendular (AP) atualmente existente. Se vamos investir em infraestruturas ferroviárias até um horizonte de 2050, temos que ambicionar atingir velocidades superiores às do AP».

«Contrariamente ao referido no PFN, a conversão da Linha do Algarve num sistema de ferrovia ligeira não inviabilizará as ligações diretas de todo o Sotavento a Lisboa em Comboio Intercidades, uma vez que a atual capacidade da linha ainda não está esgotada», considera, ainda.

«A solução a adotar poderá encaixar uma centralidade intermodal que faça a interseção e interface modal entre a linha de AV de ligação a Espanha (com um traçado paralelo à Via do Infante), a Linha do Algarve e/ou a Linha do Litoral Algarvio, incluindo a ligação ao Aeroporto, na versão de sistema de mobilidade ligeira que o PFN refere, que sirva o Algarve Central, o Sotavento e o Barlavento Algarvios. Esta grande estação intermodal deverá localizar-se estratégicamente num ponto central de interseção de todas as referidas linhas/serviços, como, p.e., no Parque das Cidades», conclui o MMF.

 

 



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