Gouveia e Melo: Aumento de tráfico ao largo do Algarve pode corromper autoridades

Na opinião de Gouveia e Melo, «não são as penas mais pesadas que vão resolver o problema». 

Gouveia e Melo, chefe do Estado-Maior da Armada, diz que o aumento do tráfico de droga, ao largo do Algarve, pode gerar um «fenómeno de desestruturação» das «áreas mais vulneráveis da sociedade» e «das próprias autoridades». O incremento do tráfico é também reconhecido por este responsável e os autarcas algarvios já reagiram, pedindo «mais policiamento» nas praias e na Ria Formosa. 

Em entrevista à Rádio Renascença, Gouveia e Melo pede que Portugal olhe para este crime e para a necessidade de regular estas embarcações.

«Este tráfico mexe milhares de milhões de euros. Se não fizermos nada, ele vai-se apoderando das partes mais frágeis da sociedade, comunidades piscatórias, pessoas com dificuldades na vida e se associam a estas redes de tráfico e vão desestruturando a sociedade, incluindo as próprias autoridades, face à capacidade monetária que estas redes têm», diz o chefe do Estado-Maior da Armada.

Na opinião de Gouveia e Melo, «não são as penas mais pesadas que vão resolver o problema».

Ao invés, o responsável aponta outras medidas: «proibição de estas embarcações poderem operar nos nossos portos; proibição de estas embarcações poderem ser feitas em território nacional; proibição de libertação destes agentes quando são apanhados, em vez de os libertarmos antes do julgamento, porque nessa altura embarcam noutra embarcação e voltam para a terra natal e nunca ninguém sabe mais deles».

O chefe do Estado-Maior da Armada pede «medidas que sejam realmente eficazes para depois os levarmos até ao julgamento final, para que não desapareçam a meio do processo como tem acontecido».

 

Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

 

«A justiça tem as suas competências e regras e nós não nos podemos imiscuir. Nós somos o poder executivo e iremos fazer sempre a nossa parte com ânimo. Mas dá-nos a sensação de alguma ingenuidade na forma como os traficantes conseguem enganar a justiça», lamenta, na mesma entrevista à Renascença. 

Henrique Gouveia e Melo reconhece também que «tem havido um aumento progressivo do tráfico de haxixe através da região sul de Portugal».

«Temos apreendido bastantes embarcações, muitas abandonadas. Quando os traficantes estão em risco, atiram droga para o mar e fogem numa ou outra embarcação para Marrocos ou para o estreito de Gibraltar. No entanto, temos apreendido mais e elas são retidas por nós e usadas, por ordem judicial, para combate a este tráfico», explica.

Também aos microfones da Renascença, António Pina, presidente da AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve, defendeu que há «falta de policiamento» tanto nas praias, como na Ria Formosa, havendo a necessidade «de maior investimento no controlo das águas territoriais».

Na visão de Gouveia e Melo, «nós [Marinha] temos os meios que o país decidiu atribuir pelo governo eleito».

«A minha obrigação é fazer o máximo com o que tenho. Quem julgará se são suficientes, ou não, é o poder político», conclui.

 

Leia mais um pouco!
 
Uma região forte precisa de uma imprensa forte e, nos dias que correm, a imprensa depende dos seus leitores. Disponibilizamos todos os conteúdos do Sul Infomação gratuitamente, porque acreditamos que não é com barreiras que se aproxima o público do jornalismo responsável e de qualidade. Por isso, o seu contributo é essencial.  
Contribua aqui!



Comentários

pub