Professores de Quarteira fizeram greve com ministro “na mira”

Ministro adiantou hoje que o Ministério quer vincular mais de 10 mil professores ainda este ano

Os professores dos Agrupamentos D. Dinis e Dra. Laura Ayres, em Quarteira, fizeram greve na manhã desta quarta-feira, 18 de Janeiro. Foram dezenas os docentes em luta e até houve quem deixasse um convite ao ministro da Educação: «ponha a mala às costas, desloque-se 500 quilómetros e trabalhe nas condições que as escolas hoje têm». 

As duas greves juntaram também alunos e encarregados de educação: no Agrupamento de Escolas Laura Ayres, houve mesmo um cordão humano que uniu as duas escolas – a Secundária e a EB 2,3 S. Pedro do Mar, separadas apenas por alguns metros.

As reinvindicações já são conhecidas: a valorização da carreira docente, a progressão, o fim das quotas, a vinculação dos contratados e também a oposição da ideia da municipalização – transformando os concursos de professores em listas municipais.

Nuno Amorim foi um dos docentes em greve na D. Dinis. Ao peito, tinha um cartaz onde se lia: «há falta de professores».

«Nós estamos aqui principalmente pelos alunos porque são eles os maiores prejudicados. Nós perdemos tempo de serviço, temos a questão das quotas, mas queremos, acima de tudo, que não haja mais falta de professores», disse à reportagem do Sul Informação. 

Para o docente, a greve «não está a prejudicar os alunos», contrariamente ao que é defendido por «alguns encarregados de educação».

 

 

«Eu tenho uma turma que, no ano passado, esteve seis meses sem um professor, por exemplo. Acho que isso é que é grave. Era bom que os pais percebessem que nós estamos do lado deles, não contra eles», acrescentou.

À porta das duas escolas, foram muitos os alunos que se juntaram à greve dos seus professores.

Afonso Correia, que anda no 10º ano na Secundária Laura Ayres, explicou que decidiu participar porque começou a sentir «os professores cansados».

«Tenho professores que faziam mais do que era necessário e estão a renunciar a algumas coisas porque não eram remunerados, como assistência fora de aulas e projetos», acrescentou.

«Sinto-me prejudicado e quis-me juntar a esta luta dos professores porque vejo o quão injusta é esta situação para eles», disse ainda Afonso Correia.

 

 

Para Maria Fael, professora de Português há cinco anos na Secundária Laura Ayres, a sua história é «igual à de tantos outros».

«Sou da Covilhã e queria ter sido colocada mais perto de casa», confessou ao Sul Informação.

A docente não poupa nas críticas ao ministro João Costa.

«Eu faço um convite ao sr. ministro: ponha a mala às costas, desloque-se 500 quilómetros e venha trabalhar nas condições que as escolas hoje têm, com falta de pessoal não docente, de professores, de técnicos especializados», disse.

Para esta professora, a criação de «ajudas de custo para a deslocação ou para habitação» seria uma solução.

Em relação à nova ronda negocial com os sindicatos, Maria Fael tem uma certeza: as cedências «têm de vir do Governo».

«Os professores já cederam durante muitos anos e estão aqui porque estão no seu limite e não aguentam mais», concluiu.

 

 

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