Com percurso da Azilheira «tragicamente afetado», QRER pede ajuda para vítimas do fogo

QRER diz ter «total disponibilidade para contribuir ativamente para a identificação e implementação das medidas a adoptar, dentro do seu quadro legal de atuação»

O que resta do projeto “Rio Arade: percurso das fontes Boião-Azilheira”Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

A QRER – Cooperativa para o Desenvolvimento dos Territórios de Baixa Densidade, que viu o seu projeto “Rio Arade: percurso das fontes Boião-Azilheira” ser «tragicamente afetado» pelo incêndio de São Marcos da Serra, expressa a sua «solidariedade» para com as vítimas do fogo, considerando «inadiável a adoção de medidas». 

No comunicado assinado em conjunto por 14 responsáveis pelas empresas que integram a QRER, esta cooperativa presta a sua «homenagem a todos quantos estiveram envolvidos no trabalho de combate ao incêndio e no apoio às vítimas».

O fogo, que lavrou nos dias 25 e 26 de Julho, na freguesia de São Marcos da Serra, afetou o projeto “Rio Arade: percurso das fontes Boião-Azilheira”, inaugurado em Fevereiro de 2020 pela QRER.

Com a inauguração do percurso, foi desenvolvido «um trabalho de sensibilização junto do público em geral e dos agentes responsáveis pela gestão do território para a relevância da Serra no contexto global das regiões do Algarve e do Baixo Alentejo e para a necessidade de proteção e de preservação dos valores paisagísticos em causa – valores humanos e naturais».

Atendendo às fragilidades que afetam este território, a QRER considera «inadiável a adopção de medidas adequadas à realidade vivida, quer na curta, quer na longa duração».

«No caso das medidas de apoio imediato às vítimas do incêndio, manifestamos a nossa real preocupação, atendendo a que a Lei n.º 108/2017, de 23 de Novembro foi criada exclusivamente para a atender às necessidades das vítimas dos incêndios florestais que ocorreram em Portugal continental entre 17 e 24 de Junho e 15 e 16 de Outubro de 2017, deixando sem o adequado enquadramento legal as vítimas de ocorrências posteriores a essas datas», considera a QRER.

A cooperativa quer que sejam esclarecidos quais são os «mecanismos atualmente disponíveis para que as entidades e serviços competentes garantam a prestação de auxílio às vítimas do incêndio de São Marcos da Serra, concelho de Silves, em matéria de: habitação (reconstrução ou recuperação de habitações), saúde (apoio psicossocial), proteção e segurança, rendimentos agrícolas, pecuários ou florestais atingidos, recursos e património natural afetados».

O objetivo é que seja colocada no «terreno uma equipa interdisciplinar apta a identificar as diferentes tipologias de danos causados e a célere prestação do apoio devido, em função da realidade específica que caracteriza a vida nesta freguesia do interior do concelho de Silves».

De resto, a QRER diz ter «total disponibilidade para contribuir ativamente para a identificação e implementação das medidas a adoptar, dentro do seu quadro legal de atuação».

Patrícia de Jesus Palma, natural da freguesia de São Marcos da Serra, responsável pelo projeto “Rio Arade: percurso das fontes Boião-Azilheira”, membro da cooperativa QRER e uma das signatárias do comunicado hoje emitido, recordou que «voltamos a ser assolados pelo problema que esteve na base deste projeto, que tinha sido o incêndio de 2016». Esse fogo, acrescentou, «queimou exatamente a mesma área, só que há seis anos subiu de Sul para Norte e desta vez foi ao contrário».

Durante a aula final do Curso Breve de História do Algarve, na Universidade do Algarve, onde Patrícia Palma foi apresentar o projeto, agora reduzido a cinzas, interrogou: «E agora? Qual é a esperança? Este trabalho, que foi uma migalha, tinha produzido algum efeito nas pessoas que passaram a conhecer este território, nomeadamente nos autarcas do próprio concelho de Silves».

Patrícia disse esperar que, agora, as pessoas, nomeadamente «as que lá vivem, possam estar connosco mobilizadas para que agora, no pós-incêndio, possamos nós intervir no território de modo a que, daqui a seis anos, não volte a acontecer o mesmo».

A responsável pelo projeto que envolveu a população da zona entre Boião e a Azilheira sublinhou que «a nossa experiência é que, passado o grande espetáculo do fogo, nada acontece».

«Temos de ser capazes de pressionar as entidades para desenvolverem mecanismos mais eficazes para efetivamente gerir estes territórios», concluiu.

Leia aqui o comunicado da QRER na íntegra.

 

 



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