Algarve vai ter um passe único para todos os meios e operadores de transportes

Memorando de entendimento para criação do Passe Intermodal do Algarve foi assinado

Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

Quantos passes são precisos para ir de transportes públicos, todos os dias, desde Alcoutim até Bordeira, em Faro? Ou de Monchique até Vilamoura? Hoje, são precisos «dois ou três», para estas e muitas outras deslocações intermunicipais no Algarve. Mas, dentro de cerca de um ano, qualquer pessoa poderá adquirir um passe intermodal, que permitirá, na sua modalidade mais abrangente, usar qualquer meio de transporte em toda a região.

A AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve e as entidades gestoras dos diferentes serviços de transportes rodoviários da região, incluindo as autarquias com circuitos de transportes urbanos, assinaram esta segunda-feira, dia 20 de Junho, um memorando de entendimento para a criação do Passe Intermodal do Algarve.

Estes novos passes, que António Pina, presidente da AMAL, espera ter «disponíveis no primeiro semestre do próximo ano», permitirão que a região algarvia seja a primeira do país, depois das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, a ter um documento único para circular em transportes públicos rodoviários, ferroviários e fluviais.

Para o responsável máximo pela Comunidade Intermunicipal do Algarve, este «é mais um passo na construção de um projeto comum de mobilidade, gerido pela AMAL», embora, para já, o protocolo apenas inclua os transportes rodoviários.

«Espero que, depois, culmine no facto de sermos também a autoridade de transportes ferroviários. Para sermos mais eficazes na gestão dos transportes públicos no Algarve, é preciso compatibilizar os meios», ilustrou António Pina, à margem do seminário “Os Desafios da Mobilidade”, que juntou diversas entidades na Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve, em Faro, e contou com a presença de Jorge Delgado, secretário de Estado da Mobilidade Urbana.

 

 

António Pina – Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

O passe intermodal que vai ser lançado «é uma forma de compatibilizar os meios de transporte e de facilitar a vida ao utilizador, que não tem de andar a comprar dois ou três passes».

As pessoas também podem escolher qual o zonamento que mais lhes convém, ou seja, «uma solução à sua medida».

Mas o que é que isto implica, na prática?

Segundo Avelino Oliveira, direto da OLV, a consultora que estudou e preparou o terreno para a criação do Passe Intermodal do Algarve, implicou um árduo e complicado trabalho.

Afinal, estamos a falar de uma dezena de operadores, desde o Vamus, que já resulta de uma concessão da AMAL na qualidade de Autoridade de Transportes Rodoviários, no Algarve, até aos prestadores de serviços e os circuitos concelhios, passando pela CP, que também se pretende que adira ao passe intermodal.

«Não foi fácil encontrar um modelo, mas o Algarve tem condições únicas para rapidamente implementar o intermodal, porque, na verdade, existe uma boa articulação entre os operadores de transporte, nomeadamente no modo rodoviário», disse.

O consultor, que apresentou o projeto durante a sessão, explicou que um dos grandes desafios foi o zonamento, ou seja, a definição das diferentes áreas em que estes passes únicos terão validade.

A população poderá, desde logo, comprar passes de âmbito concelhio, que lhes permitem deslocar-se para qualquer local do município em causa, independentemente de qual for o operador. Também está previsto um sistema sub-municipal, para áreas específicas dentro de um concelho, caso venha a justificar-se.

Há, também, dois níveis de zonas intermunicipais.

Na zona Intermunicipal I, há três sub-áreas: o Barlavento e o Sotavento Algarvios, com os concelhos que pertencem a cada uma destas unidades territoriais, e o Algarve Central, uma zona que se sobrepõe, em parte, tanto à do  Barlavento, como à do Sotavento.

Há ainda a zona Intermunicipal II, que tem duas áreas: a união entre o Barlavento e o Algarve Central e a junção desta última com o Sotavento Algarvio.

O zonamento tem no “topo” a área denominada CIM, correspondente a todo o território do Algarve.

 

Apresentação do tarifário – Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

Agora, falta definir o preço para cada um dos passes únicos: os «números terão ainda de ser afinados», mas não se deverão afastar muito dos que são praticados em Lisboa e Porto.

Para isso,  é preciso criar um modelo que não castigue nem os parceiros privados, nem as autarquias, que receberam do Governo a competência ao nível dos transportes públicos.

«Não podem ser só as autarquias a suportar. Isto é uma competência que o Estado transferiu para as autarquias. E as transferências de competências não têm por base ser uma sobrecarga para o erário público», disse António Pina.

«O dinheiro está a chegar através do Programa de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes Públicos (PART), mas começa a não ser suficiente e, certamente, não será suficiente para este novo modelo», acrescentou.

«Mas acreditamos que se as coisas forem bem apresentadas e houver uma lógica, haverá uma grande disponibilidade do Governo para rever as verbas, porque entramos num outro nível de complexidade e isso motiva a alteração dos valores a atribuir», concluiu o presidente da AMAL.

O memorando foi assinado por António Pina, por representantes dos executivos camarários de Albufeira, Faro, Olhão, Tavira, Portimão e Loulé, e por David Pedrosa, administrador do Grupo Barraqueiro, como representante dos operadores de transportes da região Vizur, Eva, PXM, Translagos e Sandbus.

 

Fotos: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

 

 



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