Seca ainda vai agravar-se mais em todo o país, em especial no Sul

Algarve e Baixo Alentejo estão quase na totalidade em seca severa ou extrema

A seca meteorológica, que se iniciou em todo o território em Novembro de 2021, «mantém-se e agravou-se à data de 25 de Janeiro» no território continental, revela o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Verificou-se, em relação a Dezembro, «um aumento significativo da área e da intensidade da situação de seca, estando todo o território em seca», com 1% em seca fraca, 54% em seca moderada, 34% em seca severa e 11% em seca extrema.

Segundo o IPMA, o grau de severidade da seca meteorológica é «ligeiramente inferior, em comparação com a situação em final de Janeiro de 2005 (seca mais intensa desde 2000), quando também todo o território se encontrava em seca meteorológica, mas com maior percentagem nas classes de seca severa e extrema (22% em seca extrema, 53% em seca severa e 25% em seca moderada)».

No que diz respeito à evolução da situação meteorológica, o IPMA salienta que, «desde o início do corrente ano hidrológico (outubro de 2021) que se registam no território valores de precipitação inferiores ao valor normal (1971-2000), sendo de salientar os meses de Novembro e Janeiro (até dia 25) muito secos».

 

Os valores totais de precipitação entre 1 e 25 de Janeiro corrente são «muito inferiores ao normal, com percentagens inferiores a 25% do valor médio».

O IPMA realça mesmo que o corrente mês, «tendo em conta as previsões para a precipitação a curto prazo, deverá situar-se entre os três janeiros mais secos dos últimos 20 anos».

Considerando o ano hidrológico, desde 1 de Outubro até 25 de Janeiro, o valor acumulado de precipitação apresenta um défice de -255 mm (45% em relação ao valor normal).

 

O índice de percentagem de água no solo (SMI) apresenta uma diminuição significativa em relação ao final de Dezembro em todo o território, salientando-se os valores inferiores a 20% na região Nordeste e na região Sul, sendo que, em muito locais dessas regiões, já se atingiu o ponto de emurchecimento permanente.

O ponto de emurchimento permanente (θce) traduz-se no valor máximo do teor volúmico de humidade de um solo já não utilizável pelas plantas (quantidade de água existente na zona das raízes das plantas a partir da qual a planta não consegue recuperar a turgidez).

Numa antevisão da situação meteorológica, o IPMA diz que «não se prevê a ocorrência de precipitação significativa até ao dia 3 de Fevereiro».

Em relação à temperatura do ar, esta apresenta uma ligeira tendência para subida a partir de dia 31 de Janeiro.

Segundo a previsão a médio e longo prazo, a interpretação das previsões do Multisistema-C3S e do modelo do Centro Europeu de Previsão a Médio Prazo, mostra uma tendência para que, durante o mês de Fevereiro, a precipitação total acumulada seja inferior ao normal em praticamente todo o território.

O IPMA ressalva, porém, que as previsões meteorológicas de médio e longo prazo «assumem um carácter probabilístico, não podendo, por isso, ser admitidas com elevado grau de rigor determinístico e devendo ser continuamente revistas».

No entanto, de acordo com as previsões meteorológicas, será «muito provável o agravamento da situação de seca meteorológica no final de Fevereiro, em todo o território do Continente».

O IPMA explica que, para a situação de seca diminuir significativamente ou mesmo cessar no mês de Fevereiro, «seria necessário que, nas regiões do Norte e Centro, ocorressem quantidades de precipitação superiores a 200/250 mm e, na região Sul, superiores a 150 mm, situação que apenas ocorre em 20% dos anos».

O IPMA informa que continuará a monitorizar a situação de seca meteorológica e informará sempre que se registem anomalias significativas.

 

 



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