Reserva Natural da Lagoa dos Salgados é «mais-valia» para Silves e municípios vizinhos

Ambientalistas acreditam que «proteger a Lagoa dos Salgados, classificando-a como Reserva Natural, é do interesse de todos»

A consulta pública da proposta de criação da Reserva Natural da Lagoa dos Salgados terminou na passada quinta-feira, 20 de Janeiro, e oito organizações ligadas ao ambiente consideram que esta reserva é «uma evidente mais-valia económica e social para o Município de Silves, mas também para os municípios em redor».

As associações A Rocha, Almargem, Natureza Portugal/WWF e Vita Nativa, a Liga para a Protecção da Natureza, a Sociedade Portuguesa de Botânica, a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves e a ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável são as subscritoras deste comunicado.

«Esta proposta para a criação da primeira reserva natural do século XXI foi objeto de uma ampla discussão, a qual incluiu uma sessão de esclarecimento, tendo recebido um número recorde de participações – mais de 800 – tendo merecido um amplo apoio da população de Silves, do Algarve, do país e de várias organizações internacionais», recordam.

«Ao apoio do Município de Silves, a esta reserva natural, juntaram-se as declarações de dezenas de empresas associadas à hotelaria e turismo de natureza nacionais e estrangeiras, bem como muitas Organizações Não-Governamentais de Ambiente locais e nacionais, que apresentaram o seu parecer positivo juntamente com 32 organizações estrangeiras dedicadas à proteção das aves migradoras, desde o Ártico até à África do Sul», acrescentam.

Neste sentido, estas associações/entidades dizem que consideram que a tipologia de Área Protegida (AP) adotada na proposta – a de Reserva Natural de âmbito nacional – «é a adequada, tendo em conta a relevância dos valores naturais presentes, bem como o seu carácter eminentemente supra-regional».

«Esta classificação conferirá um estatuto de proteção legal a umas das últimas áreas do litoral algarvio ainda com pouca edificação e presença humana, e também a uma das raras paisagens do litoral central do Algarve constituídas por áreas de pastagens em antigos pomares de sequeiro, e áreas com coberto vegetal conferindo valor social e cénico acrescentado à área», defendem.

O processo não promete, porém, ser fácil, uma vez que, tal como o Sul Informação deu conta, o Millenium/BCP, proprietário de terrenos na zona, já “ameaçou” com um pedido de indemnização milionária.

O certo é que as organizações ambientalistas «acreditam que a criação da futura Reserva Natural da Lagoa dos Salgados constitui uma evidente mais-valia económica e social para o Município de Silves, mas também para os municípios em redor, nomeadamente para a atividade turística em Silves, Albufeira e do Algarve, na medida em que constitui um fator diferenciador, centrado no Turismo de Natureza, um produto turístico de qualidade e de elevado valor acrescentado, e não sazonal (gerador de emprego estável durante todo o ano), o qual vem sendo objeto de uma crescente procura, e que se traduz numa elevada taxa de ocupação».

A este propósito, os ambientalistas recordam que esta «área é atualmente incluída na campanha promocional e no plano de atividades da Região Turismo do Algarve, Câmara Municipal de Silves e outras entidades públicas, assim como de dezenas de empresas de animação turística, operadores, agências de viagens nacionais e estrangeiras e unidades hoteleiras locais».

«Para este resultado contribui igualmente o crescente interesse da população local como espaço de lazer e usufruto do contacto com a natureza, o qual apresenta um elevado nível de visitação, bem como pela função educativa e de sensibilização ambiental para as populações escolares», acrescentam.

As organizações signatárias deste comunicado «acreditam por isso que proteger a Lagoa dos Salgados, classificando-a como Reserva Natural, é do interesse de todos, e como tal todos devem ser chamados a participar na sua gestão futura».

 

 



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