O FICLO, depois de duas edições em Olhão, muda de nome, de cidade, mas não de essência. E assim “nasce” o FICLA – Festival Internacional de Cinema e Literatura do Algarve, que se realizará na Primavera de 2022, em Faro, ainda com datas a confirmar, numa coprodução do Cineclube de Tavira e da Câmara Municipal da capital algarvia.
«Estamos felizes por anunciar que o Festival Internacional de Cinema e Literatura não morreu», exclamou Candela Varas, diretora do FICLA, na apresentação do festival, que decorreu esta quinta-feira, dia 9 de Dezembro, no Club Farense, em Faro.
Com o desaparecimento do programa “365 Algarve”, o festival, cujas primeiras duas edições se realizaram em Olhão, passou por momentos difíceis».
Agora, com o financiamento recebido pelo Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) para as próximas três edições, o apoio do “Garantir Cultura”, da Direção Regional de Cultura do Algarve, e com a coprodução com a Câmara de Faro, «decidimos avançar com uma terceira edição do FICLA [a primeira com esta designação] para a Primavera de 2022».
O FICLA muda-se de Olhão para Faro, «o cenário propício dadas as circunstâncias da sua massa associativa, da Universidade, mas sobretudo pela aposta clara que a Câmara está a fazer na cultura», explicou Débora Pinho Mateus, também ela diretora do FICLA.
Nas próximas edições do festival, há a possibilidade de haver «outras iniciativas pela região algarvia. Já estamos em conversações para que algumas atividades do festival viajem até outras paragens do Algarve», realçou.
Para a terceira edição, as datas ainda não são conhecidas, mas Candela Varas garantiu que a iniciativa vai acontecer nos «mesmos moldes das anteriores».
«Queremos colocar lado a lado o cinema e a literatura», criando, entre estas duas áreas, «um diálogo diferente, mais horizontal», afirmou a diretora do festival.
Para além da programação de filmes, existirão também atividades paralelas que, nesta terceira edição, «terão maior relevância como as leituras performance, workshops, residências artísticas de escrita, bem como várias parcerias com outros festivais com os quais estamos a trabalhar».
Candela Varas salientou também que «queremos mais projeção internacional e mais envolvimento com a comunidade».
«Sem isto, não vamos conseguir ter o festival que queremos e este envolvimento com a comunidade farense começou já na edição anterior, com uma parceria com o Cineclube de Faro», disse.
De modo a comemorar o regresso do FICLA, a organização vai dinamizar várias atividades já este fim de semana, 10 e 11 de Dezembro, em Faro.
O Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), em Faro, exibe, este sábado, dia 10, o filme “Destello Bravío”, com a presença da realizadora espanhola Ainhoa Rodríguez. Os bilhetes serão gratuitos e poderão ser levantados até 15 minutos antes do início da sessão.
O filme retrata «as mulheres de uma pequena localidade rural, assolada pelo despovoamento, que vivem entre a apatia do seu dia a dia, onde nada parece acontecer, e um profundo desejo de experiências libertadoras que as façam reencontrar-se com um lugar onde acham que foram felizes ou sonharam sê-lo».
A realizadora Ainhoa Rodríguez será também a responsável por uma masterclass, a ter lugar no dia 11, na Associação ArQuente, em Faro, devendo os interessados fazer a sua inscrição para o e-mail [email protected].
Ainda nesse dia, às 17h00, Candela Varas e Débora Pinho Mateus, diretoras do festival, vão dar a conhecer os novos pormenores do FICLA para 2022, seguindo-se a conferência-performance “E hoje, é um esquilo?”, de Sónia Baptista.
O colóquio “Desejo e corpo da mulher no cinema e na literatura contemporânea” começará às 18h00 com Alinhoa Rodríguez, Sónia Baptista e Ana Isabel Soares.
Para terminar estas iniciativas, decorrerá um “Jam de textos”, às 19h00, com abertura de Sónia Baptista e acompanhamento do músico Tomás Tello.
As atividades são de entrada livre, devendo os interessados fazer a sua inscrição para [email protected].
Para Gil Silva, diretor do Teatro Municipal de Faro, «é muito interessantes termos o FICLA na nossa cidade, pois estamos a apostar nestes novos formatos e em novas opções culturais. É importante termos este festival, acolhê-lo e estarmos a apoiá-lo desde a primeira hora».
«É um grande acontecimento receber este festival aqui em Faro», realçou.
Por seu lado, Adriana Nogueira, diretora regional de Cultura do Algarve, que, ainda antes de ocupar esta função, foi uma das mentoras do FICLO, disse ter ficado «muito contente» com esta mudança do festival.
«Estas são duas das artes que apoiamos e o FICLA quer mantê-las, ligando-as também a outras áreas que com elas se relacionam», acrescentou.
«Este festival tem trazido ao Algarve e ao país um conjunto de filmes que não passam nos cinemas tradicionais. Por isso, se os querem ver, têm de vir ao FICLA. Espero que aquilo que têm feito em edições anteriores, de ações por toda a região algarvia, e não apenas no sítio que acolhe o festival, também continue a ser feito para dar razão a este novo nome», sublinhou Adriana Nogueira.
Débora Pinho Mateus garantiu ainda que «o projeto tem de ir crescendo para se começar a afirmar».
«Não é uma coisa imediata e vai levar o seu tempo, mas o facto de termos convidados de outros países já o torna conhecido. São pequenos passos, mas importantes para um festival que vai para a sua terceira edição», considerou.
«Estamos conscientes de que um festival como o FICLA demora tempo a consolidar-se, qualquer festival internacional o demora, mas tenham paciência e confiem em nós, pois achamos que estamos no bom caminho», concluiu Candela Vara.
Fotos: Rúben Bento | Sul Informação
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