Sabe como se faz e quais os efeitos benéficos da compostagem doméstica?

Fazer compostagem doméstica reduz o lixo orgânico, os gases com efeito de estufa e faz bem ao solo

A compostagem é o processo biológico em que os micro-organismos, como fungos e bactérias, são responsáveis pela degradação de matéria orgânica, transformando-a em húmus, um material muito rico em nutrientes.

Existem várias técnicas de compostagem, mas todos recriam o processo de decomposição da matéria orgânica que ocorre naturalmente, seja ela de origem urbana, doméstica, industrial, agrícola ou florestal.

Qual a importância de fazer compostagem?

1. Reduzir o “lixo”
Todos os dias deitamos para o lixo material que poderia ser compostado e devolvido ao solo. Em Portugal, cada pessoa cria um pouco mais de 1,4 kg de lixo por dia, sendo que mais ou menos 50% é orgânico e poderia ser transformado em composto.
Assim, a compostagem ajuda na redução das sobras de alimentos, tornando-se uma solução fácil para reciclar os resíduos gerados em nossa casa.

2. Produzir um fertilizante natural
O húmus produzido a partir da compostagem é um material estável, rico em nutrientes e minerais, que pode ser utilizado em hortas, jardins e para fins agrícolas, como adubo orgânico.
A compostagem permite devolver ao solo nutrientes essenciais como o azoto (N), fósforo (P), potássio (K) e micronutrientes como o cálcio (Ca) e o magnésio (Mg), evitando assim o uso de fertilizantes sintéticos.
Esses elementos são fundamentais para nutrir tanto o solo como as plantas, para que elas crescem de forma saudável.

3. Reduzir o impacto no planeta
Seja em ambiente urbano ou rural, a compostagem traz vantagens, tanto para o meio ambiente, como para a saúde pública.
Quando o lixo é tratado de maneira incorreta e fica a céu aberto, pode ocorrer contaminação de lençóis freáticos, emissão de mais gases de efeito de estufa e ainda atrair insetos e animais, que podem transmitir doenças às pessoas.
Por se tratar de um processo que ocorre na presença de oxigénio (aeróbico), a compostagem permite que não ocorra a formação de gás metano (CH4, 20 vezes mais prejudicial na atmosfera do que o CO2).

Como fazer compostagem?

A compostagem orgânica não é uma prática nova, mas está a ganhar popularidade à medida que há uma tendência de maior de preocupação com a sustentabilidade.

Os agricultores utilizam, desde sempre, o método de reciclagem do lixo doméstico para obtenção de adubo orgânico.

É possível fazer a compostagem num recipiente específico ou então sobre o próprio solo. O processo consiste basicamente em pôr uma porção de resíduos orgânicos (restos de vegetais não cozinhados) ricos em azoto (N), para duas porções de material seco (palha, folhas secas, serragem de madeira virgem) rico em carbono (C).

Em seguida, tem que se misturar bem para arejar e facilitar a ação dos microrganismos. Quando chegar ao limite do volume do recipiente, deixa-se descansar.

O húmus ficará pronto entre 2 e 4 meses até 6 meses ou 1 ano, dependendo do tamanho do compostor e das condições existentes. Após esse período, os resultados da compostagem serão um resíduo castanho, sem cheiro e homogéneo.

No mercado, existem diferentes compostores com capacidades diversas para o processamento dos resíduos domésticos: feitos em plástico, ou com paletes. Estes modelos são os mais adequados para o uso em ambiente residencial.

 

Unidade de compostagem feita com paletes (de preferência fica à sombra para manter mais a humidade) Foto: Elodie da Silva

 

Minhocas na compostagem

Uma forma de acelerar o processo de compostagem orgânica é com o uso de minhocas californianas (espécie Eisenia fetida).

Isso porque as minhocas processam os resíduos orgânicos e também ativam os organismos decompositores da matéria orgânica, facilitando assim o trabalho de todos os micro-organismos.

Esse tipo de compostagem recebe o nome de vermicompostagem ou compostagem com minhocas. O processo demora cerca de 2 a 6 meses, dependendo das condições.

Após esse período, teremos produzido em casa um adubo orgânico de excelente qualidade: o húmus de minhoca.

 

Minhocas na compostagem – Foto: Elodie da Silva

 

Quais as cidades que incentivam os munícipes a fazer a compostagem?

Em 2008, começou um projeto de compostagem em grande escala em Florianópolis (Brasil) chamado “Revolução dos Baldinhos”.
Esta iniciativa recebeu vários prémios de sustentabilidade a nível interno e internacional em 2011.

Na Europa, várias capitais, incluindo Lisboa, também estão a desenvolver compostagem, enquanto no Algarve, já existe um projeto de compostagem comunitário: “Silves a compostar”.

A compostagem já é feita em grande escala em alguns municípios. Mas qualquer um pode fazê-lo num terreno, num jardim, numa horta ou em vasos.

 

Autores: Bruno Silva é licenciado em informática na UAlg, tem curso de formação em Design de Permacultura, é membro do Glocalfaro e da associação N.E.W. Loops.
Elodie da Silva é bióloga de formação, possui doutoramento em Ciências do Solo. Faz parte da associação Projecto Novas Descobertas (Vale da Lama) e é aprendiz permacultura do projeto “Domingos de Permacultura” no Algarve. É apaixonada por minhocas, compostagem e lixo zero.

 

 

 



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