Gratidão, palavra esquecida nas organizações, mas um pilar para processos de Mudança

Enquanto projetam estratégias pós-Covid, as organizações têm que mudar e poucos estão realmente a fazer isso

Na maioria das vezes, pensamos que um conjunto de palavras são apenas do nosso universo pessoal, familiar ou, se quisermos, do nosso fórum individual e íntimo…

Palavras como Paixão, Amizade, Gratidão, Companheirismo ou mesmo Honestidade, são alguns exemplos de conceitos que estão muito distantes do dia-a-dia das organizações e empresas.

Neste contexto quase pós-pandémico, devemo-nos perguntar porquê. Assumimos que, no nosso contexto profissional, temos que procurar defender-nos de expor as nossas emoções ou deceções. Por um lado, convivemos diariamente com pessoas que não conhecemos, por outro, procuramos não criar muitas expectativas que mais tarde possam ser defraudadas e assim limitar a nossa ação e a nossa motivação relacional. Pelo menos, era assim antes do que vivemos nos últimos tempos… Hoje, temos saudades do estar com estranhos, de “ver”, “sentir”, respirar os “outros”.

Mas, se pensarmos bem, na realidade, é exatamente no nosso contexto profissional que passamos a maior parte do tempo das nossas vidas!

Se é assim, por que queremos limites para a expressão do nosso “ser” básico? Somos seres emocionais e construídos de afetos, que buscamos “integração, aceitação e reconhecimento” de forma constante! Também nos sentimos bem e plenos da nossa existência quando “integramos, aceitamos e reconhecemos o Outro”. No entanto, fomos ensinados que não devemos misturar “emoções com negócios”.

Questiono-me se forçar o ser humano a ter comportamentos que inibem a sua natureza será a forma mais inteligente de construir as organizações do presente e do futuro. Será que são apenas as regras, as hierarquias, a ordem que vão inspirar os colegas de trabalho a fazerem o seu melhor, a evoluírem e a sentirem a organização como sua?

A reflexão é simples: já não vivemos na Era Industrial, na “repetição” e na “quantidade”. Vivemos na Era da Unidade, Altruísmo, Colaboração e Criatividade! Enquanto projetam estratégias pós-Covid, as organizações têm que mudar e poucos estão realmente a fazer isso!

O que defendo é que precisamos de tornar as organizações mais focadas em fatores humanos e “emocionais” para alcançar essa transformação. E para isso a palavra-chave e o traço central do processo de mudança é, para mim, a palavra gratidão. De cima para baixo e de baixo para cima (frequentemente esquecemos que a gratidão deve existir também de baixo para cima!).

Se a pandemia nos ensinou alguma coisa? Talvez nos tenha ensinado que vale a pena reaprender a ser “humano” e que a base do sucesso nas organizações são mesmo as pessoas, essencialmente a relação que possamos construir uns com os “outros”, e que palavras como Colaboração, Altruísmo, Criatividade, Genuinidade, Compaixão e Gratidão são aquelas que fazem cada vez mais a diferença entre as empresas e as grandes empresas!

É assim na academia, na investigação e deverá ser assim na sua empresa!

 

Autor: Américo Mateus é diretor do Mestrado de Design para a Economia Circular do ISMAT

 

 

 



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