Investimento estrangeiro impulsiona «ano de recuperação» no imobiliário do Algarve

Compra de casas no Algarve para pessoas que trabalham remotamente é uma nova tendência

2021 vai ser um ano de recuperação no mercado imobiliário no Algarve «quer em número, quer em volume de transações». Depois de, em 2020, as vendas de imóveis terem diminuído cerca de 13%, Tiago Jerónimo, diretor da agência do Algarve da UCI, instituição financeira especializada em crédito à habitação, perspetiva que, este ano, exista uma subida impulsionada pelo «retorno do investimento estrangeiro, principalmente do mercado britânico».

Mercado britânico esse que, em 2020, revelou «uma tendência diferente da que estávamos habituados a assistir. Pela primeira vez, o conjunto de outras nacionalidades que solicitaram financiamento superou o mercado britânico, representando 66% das transações, ficando-se os compradores do mercado britânico pelos 44%», adiantou Tiago Jerónimo em entrevista ao Sul Informação.

Entre os mercados que subiram, o responsável pela UCI no Algarve destaca «os mercados do centro da Europa (Suíça, Alemanha e Holanda)», sendo que «reparámos inclusivamente que há muitos estrangeiros a comprarem casa ao abrigo do regime de Residentes Não Habituais, pois muitos podem efetuar o seu trabalho de forma remota e ainda têm um incentivo fiscal».

Tiago Jerónimo antevê que 2021 «seja um ano de recuperação quer em número, quer em volume de transações». O Algarve, «em conjunto com a área metropolitana de Lisboa, são as regiões que apresentam valores em termos de avaliações bancárias superiores à média do país, sendo que a região algarvia subiu 5,2% em Janeiro de 2021, face ao mesmo período de 2020».

Olhando para o ano que terminou, o diretor da UCI realça que «algo notório, quando olhamos para os dados por trimestre, é que a evolução do número de transações em termos homólogos acompanha a evolução da pandemia, descendo em períodos mais difíceis e aumentando assim que a pandemia abranda. Por isso, segundo os dados do INE, houve reduções no segundo e quarto trimestres, em termos homólogos, de 38% e 12%, respetivamente, mas, no terceiro trimestre, o número de transações foi praticamente igual ao de 2019».

 

Tiago Jerónimo

No que diz respeito ao montante das vendas, Tiago Jerónimo realça que «assistimos a um cenário um pouco diferente. O Algarve, ainda segundo o INE, cai apenas 4%, em 2020, face a 2019, sendo que, no terceiro trimestre, inverte o dado de decréscimo do número de transações e aumenta em 14% o montante, face ao terceiro trimestre de 2019. E a tendência de subida do valor das transações face a 2019 mantém-se no quatro trimestre, em que há um aumento de 0,6%».

Para o diretor da agência do Algarve da UCI, «esta evolução dos valores das transações, em contraciclo com o número de transações, vem comprovar a perspetiva que temos no terreno: neste momento, as pessoas privilegiam imóveis com maiores dimensões e espaços exteriores, mesmo que estejam um pouco mais afastados dos centros urbanos e que sejam um pouco mais caros. Essa possibilidade de afastamento dos grandes centros urbanos é uma clara consequência da pandemia e da nova realidade do teletrabalho».

Em relação ao valor mediano das vendas por metro quadrado de alojamentos familiares, no Algarve, os dados do INE «apontam para um aumento de 7,6% e 7,7% no segundo e terceiro trimestres de 2020, respetivamente, pelo que os preços têm continuado a subir, apesar da pandemia».

As previsões para 2021, «e que dizem respeito a Portugal no geral, apontam para que os preços se mantenham (dados da Casafari) ou que haja uma descida muito pequena (dados da CBRE), o que não será de todo um problema», segundo Tiago Jerónimo.

A pandemia alterou o mercado da compra de imóveis e alterou também os produtos que as empresas oferecem. É também esse o caso da UCI, que lançou uma campanha «para os nossos heróis que estão na linha da frente no combate à pandemia Covid-19».

Esta campanha está disponível para processos de crédito à habitação apresentados à UCI até 31 de Maio e com escritura realizada até 31 de Julho de 2021. Esta campanha isenta a comissão de abertura no crédito habitação.

«Durante o ano de 2020, 11% dos nossos clientes estiveram abrangidos por esta campanha e já tivemos heróis algarvios nas diferentes áreas profissionais, desde profissionais de saúde a profissionais das forças de segurança», destaca Tiago Jerónimo.

Outro produto da empresa passa pela «solução de crédito habitação green, que permite aceder a condições especiais de financiamento para aquisição de casas com elevada eficiência energética ou para aquisição de uma casa e realização de obras que melhorem em 30% a eficiência energética».

O responsável da UCI no Algarve explicou ainda ao Sul Informação que, na concessão de crédito à habitação, entre a UCI e um banco «há diferenças significativas na forma de trabalhar».

Tiago Jerónimo realça que, «quando o cliente está a trabalhar connosco tem a garantia de que estamos focados no crédito habitação, sem produtos associados, o que nem sempre se passa com um banco tradicional, em que o crédito habitação é visto como um produto âncora, mas o objetivo depois é que o cliente subscreva outros produtos bancários».

Outra diferença «está relacionada com a abertura de conta e domiciliação de ordenado. Num banco tradicional, esses são pré-requisitos para o crédito habitação ser aprovado, mas, no caso da UCI, o cliente não tem de se preocupar com novas contas e burocracias extra. O nosso foco é apenas o crédito habitação, portanto o cliente pode manter a sua conta habitual sem qualquer tipo de problema», conclui.

 

 



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