Tráfego aéreo em 2020 diminuiu quase 60% para níveis de 1998

Em 2019, foram controlados pela NAV cerca de 816 mil voos. Este ano, o número ficou-se por cerca 345 mil

Foto: Fabiana Saboya | Sul Informação

O tráfego aéreo em Portugal «recuou para níveis de 1998», devido aos efeitos da pandemia, no total do ano de 2020, revelou hoje, segunda-feira, a NAV Portugal.

Entre Janeiro e Dezembro do ano passado, a entidade responsável pelo controlo do tráfego aéreo em Portugal processou 345,3 mil voos, quando tanto no ano de 2018 como no de 2019 andou acima dos 800 mil. Em 1998  «o controlo de tráfego aéreo geriu 357 mil voos nas regiões de informação de voo».

«De 1998 para cá, o total de movimentos controlados pela NAV manteve-se em crescimento praticamente constante até ao máximo registado em 2019, quando a NAV controlou 816 mil voos (IFR). O valor de 2020 representa assim uma quebra de 58% no tráfego de 2019 para 2020 e um recuo de praticamente 22 anos em termos de total de aeronaves no espaço aéreo sob responsabilidade de Portugal. Em termos gerais, note-se que o tráfego em toda a rede Eurocontrol caiu 55% ao longo do ano passado», segundo a NAV.

Depois de em Janeiro e em Fevereiro o número de voos controlados se ter mantido dentro do que era normal,  com a NAV a registar «os mesmos 119 mil movimentos» dos mesmos meses do ano anterior, a partir do momento em que a Covid-19 foi decretada uma pandemia, em Março,  «diversas ligações aéreas começaram a ser suspensas e a procura a cair».

«Os efeitos no tráfego foram imediatos, com os voos geridos pela NAV a cair para -94% em Abril, -92% em Maio e -88% em Junho, em comparação com os mesmos meses de 2019. Ao longo do Verão, o tráfego registou ligeiras melhorias, “estabilizando” em níveis equivalentes a -55% em relação ao mesmo período de 2019, mas os últimos meses do ano ficaram marcados por nova deterioração, tendência que se mantém nestes primeiros dias de 2021», acrescentou a mesma entidade.

 

 

«Foi uma situação que apanhou todos desprevenidos. Nunca ninguém julgou ser possível que a aviação chegasse à quase total imobilidade. Adaptar a operação às condicionantes da pandemia e, em simultâneo, às exigências inadiáveis de transporte de material médico, voos de emergência e centenas de voos de repatriamento para vários países europeus, foi um dos maiores desafios que a NAV alguma vez enfrentou. É motivo de orgulho para todas as nossas equipas termos sido capazes de manter os céus abertos 24 horas por dia, 365 dias por ano, mesmo face a estas duríssimas adversidades», considerou Manuel Teixeira Rolo, presidente da NAV.

O mesmo responsável fala de «um misto de tristeza e orgulho», ao olhar para o ano que passou.

«Por um lado, a crise pandémica e todos os custos e impactos que a mesma trouxe para milhares e milhares de famílias, deixaram em todos nós um sentimento de profunda tristeza e preocupação. Por outro lado, é com orgulho que olhamos para trás e constatamos a forma ágil, rápida, resiliente e profissional com que a NAV lidou com uma situação totalmente inesperada e jamais vista no nosso tempo de vida», reforçou.

«Apesar de mesmo as previsões mais pessimistas terem sido dizimadas pela evolução do cenário pandémico, com quedas mais avultadas ao longo do ano que o inicialmente previsto, estimamos que este ano seja de alguma estabilidade», concluiu Manuel Teixeira Rolo.

O Eurocontrol estima que o tráfego total em 2021 persista bastante aquém dos valores pré-pandemia, «ainda que se espere que o próximo Verão traga uma recuperação mais acelerada do total de voos». Já o regresso a valores próximos do total de voos registado em 2019 «só deverá ocorrer em 2024».

«Assim, e apesar da crise sem precedentes que a aviação e as economias enfrentam por esta altura, a preparação do futuro a curto, médio e longo-prazo encontra-se já entre as prioridades da NAV para este e para os próximos anos. Além da preparação para a entrada em funcionamento de um novo sistema de gestão de tráfego, também as obras para a nova sala de operações prosseguem, num claro sinal de que a NAV Portugal está comprometida na melhoria contínua da sua operação e preparada para o período pós-pandemia», refere esta entidade.

 

 



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