Portugal teve ano «muito quente e seco» em 2020

Ainda assim, o ano que passou foi aquele em que terminou a segunda seca mais prolongada de que há registo

2020 «classificou-se como muito quente e seco» e foi o quarto ano mais quente em 90 anos, em Portugal, e o com temperaturas médias mais elevadas a nível global e na Europa, revelou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, no seu Resumo Climatológico de 2020.

Ainda assim, não faltaram eventos extremos de precipitação, inclusivamente em Agosto, bem como fenómenos meteorológicos pouco comuns, como tornados (ver lista abaixo).

Segundo o IPMA, o ano passado teve uma temperatura média de 16.22 graus (°C) sendo superado, apenas, pelos anos de 1997, o mais quente (16.57 °C), 2017 (16.33) e 1995 (16.25).

Esta última década foi, de resto, a mais quente desde 1931 em Portugal continental, ultrapassando o anterior maior valor, que se verificou na década 1991-2000.
«Em relação à precipitação no ano de 2020 verificou-se um valor total anual de 746.8 mm que corresponde a cerca de 85 % do valor normal», acrescentou o instituto.

Ainda assim, este foi o ano em que acabou a segunda seca mais prolongada de que há registo em Portugal continental (desde 1931), que durou entre 2011 e 2020, «com uma diferença de apenas 5 mm em relação à década mais seca, 2001-2010».

A nível global e europeu, de acordo com o Copernicus Climate Change Service (C3S), 2020 foi o ano mais quente a nível global, igualando 2016.

Na Europa, foi o mais quente de que há registo, superando o de 2019, o anterior recordista.

«A década que terminou foi a mais quente de sempre, com os 6 anos mais quentes a ocorrerem todos desde 2015», disse, ainda, o IPMA

 

Eventos relevantes em 2020:

– 2º inverno mais quente desde 1931; valor médio da temperatura máxima mais alto desde 1931 e o 3º mais alto da temperatura mínima desde 2000;

– Fevereiro extremamente quente e extremamente seco: o mais quente desde 1931 e o 5º mais seco desde 1931. Temperatura máxima do ar foi a mais alta desde 1931; foram ultrapassados os maiores valores da temperatura máxima do ar para o mês de Fevereiro em cerca de 40% das estações meteorológicas;

– Maio mais quente desde 1931 (igualou 2011); valores médios da temperatura máxima e da temperatura mínima do ar os segundos mais altos desde 1931; ocorreu uma onda de calor que foi uma das mais longas e com maior extensão territorial para o mês de Maio;

– Julho mais quente desde 1931 e temperatura máxima mais alta desde 1931; ocorrência de 3 períodos em onda de calor;

– Agosto: valores diários de precipitação muito altos no dia 20 devido à passagem de uma superfície frontal fria associada à depressão Ellen; foram ultrapassados os maiores valores de precipitação diária (00h-24h) nalguns locais da região Nordeste do território;

– Tempestade subtropical Alpha, 18 e 19 de Setembro: aguaceiros fortes, trovoada; rajadas fortes (≥ 90 km/h ); ocorrência de 2 tornados associados a supercélulas, um em Beja e outro em Lagameças (Palmela);

– Outubro foi o 2º mais frio dos últimos 20 anos; valor médio da temperatura mínima do ar o mais baixo dos últimos 20 anos; valor médio da temperatura máxima do ar foi o 3º mais baixo desde 2000;

– Passagem da depressão Barbara nos dias 19 e 20 de Outubro: valores de precipitação muito elevados em particular nas regiões do Centro e Sul; foram ultrapassados os maiores valores diários de precipitação (09-09 UTC) nas estações meteorológicas de Évora, Portalegre, Portel, Zebreira, Tomar, Figueira Castelo Rodrigo e Viseu;

– Situação de seca meteorológica em especial nas regiões a sul do Tejo, sendo de realçar as regiões do Baixo Alentejo e Algarve entre Janeiro e Outubro. Entre Novembro e Dezembro terminou a situação de seca em todo o território.

 

 



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