A falta de credibilidade na Justiça e na Segurança

Merecemos ter nos lugares pessoas sérias e instituições de confiança

Perante aquilo a que assistimos, temos duas atitudes: ou nos resignamos e calamos ou erguemos a voz e nos revoltamos. Entendo não me calar.

Quando pagamos impostos (e eles têm aumentado bastante nos últimos anos), estamos a alimentar as funções essenciais do Estado (a Saúde, a Educação, a Justiça, as Forças Armadas e a Segurança Interna).

Por isso, temos o direito de exigir que o nosso dinheiro seja investido em sistemas e em pessoas que resolvam bem os problemas, que nos deem conforto e confiança na administração do bem público.

Já não bastava termos, há muito, milhares de militares graduados sem nada de útil fazerem, mas vivendo à custa de quem trabalha. Agora, os casos que vieram a público nas últimas semanas são muito graves e, num Estado de Direito mais sério, já teriam feito andar alguns incompetentes que nos rodeiam.

Por muito menos, no passado, foram ( e bem) postos a andar alguns Ministros. É a única forma de separar o trigo do joio e preservar as instituições. Senão, deixamos de acreditar no sistema em si.

Os mais avançados na idade lembram-se de um Ministro que, há quase 30 anos, recontou uma anedota a respeito do alumínio nas águas da rede de Évora, ou de outro que fez um gesto de cornos na Assembleia da República. E lembram-se de um quase Secretário de Estado que ia a subir a escadaria do Palácio da Ajuda para tomar posse, mas, umas palavras à rádio minutos antes, o fizeram descer a escadaria sem tomar posse.

Agora, temos uma completa vergonha na atitude de um tal Ministro Cabrita a respeito da morte de um cidadão da Ucrânia às mãos dos seus funcionários do SEF, e quem dá lições de ética e de dignidade é a pobre viúva. Toda a opinião pública, até a família socialista, o repudia e o senhor, do alto da sua clara arrogância e incompetência, lá está.

Mas, a acrescentar a isto, temos a palhaçada da GNR e da PSP em volta da carrinha das vacinas e, perante isto, o tal dito Ministro manda fazer inquéritos num assunto que deveria resolver com um simples telefonema. Pelos vistos, o Senhor também não sabe como acompanhar as vacinas. Afinal, está Ministro para quê? Que miséria de atitude.

Além disto já ser triste e revoltante, temos ainda a atitude mafiosa da Ministra da Justiça com o currículo do tal procurador em Bruxelas por frete do Governo. Uma vergonha inacreditável.

Se uma criança do ensino básico é ensinada a não mentir e a ser honesta nos exames, que dizer desta ministra e deste sistema de justiça? A senhora começou por dizer que não comentava por ser matéria reservada, depois vem dizer que foi um lapso dos serviços. Os lapsos são meros esquecimentos ou trocas de palavras. Não foi o que sucedeu.

Houve, sim, uma fraude intencional para o Governo pressionar na adulteração das regras de um concurso. Não é assunto dos serviços. Não são os serviços que fazem as pressões políticas em Bruxelas, são os governantes, como foi o caso.

E o dito senhor procurador, que deveria ter vergonha pela aldrabice e afastar-se, mantém-se no lugar como especialista do combate às fraudes. Uma tristeza para qualquer português sentir, em Bruxelas, que, por tamanha mentira, este artista esteja em funções e não a pessoa idónea escolhida pelo júri.

Nestas e em tantas outras circunstâncias semelhantes, que, em maior ou menor grau, virão a público ( o SEF ainda vai dar muito mais), como se pode confiar em governantes destes? Como se pode confiar na justiça, quando são os seus agentes os autores de tamanha vigarice? Recordemos os casos recentes do Juiz Rangel e das trapalhadas da Relação de Lisboa…

A justiça está feita por organizações corporativas, fechada, cheia de lóbis e de sociedades secretas, com interesses obscuros. Em vez de termos um Governo capaz de fazer reformas e dar credibilidade às instituições, alimenta a aldrabice e as decisões de conveniência com sentenças compradas e pessoas colocadas nos lugares para meros fretes de baixa política.

Quem paga honestamente impostos, não pode ficar calado perante isto. Merecemos ter nos lugares pessoas sérias e instituições de confiança.

 

Autor: José Macário Correia, agricultor

 

 

 



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