Já se pode partir à descoberta do aspirante Geoparque Algarvensis…nem que seja de forma virtual

O site e o vídeo promocional já foram lançados, para fazerem desejar uma visita real a um território com muito para descobrir

Penedos do Frade, no campo de mega lapiás do futuro Geoparque Algarviensis – FOTO: Vasco Célio/STILLS

«Ainda há muito para fazer, mas já fizemos, num ano complicado, muita coisa». Foi assim que Cristina Veiga-Pires, coordenadora científica do aspirante a Geoparque Mundial da UNESCO, resumiu o muito que já fez a equipa multifacetada que está a preparar a candidatura, que terá de ser entregue dentro de dois anos.

E foi também assim que, esta quarta-feira, dia 2, foram apresentados, no auditório da Caixa Agrícola de São Bartolomeu de Messines, o site do Geoparque Algarvensis Loulé-Silves-Albufeira e o vídeo promocional.

Nuno Aires, da Comunicame, empresa responsável pela produção do vídeo, confessou: «quando nos convidaram, entrámos um bocadinho em pânico. Como resumir 400 milhões de anos em pouco mais de 4 minutos?».

Mas depois, com a ajuda do guionista Ivo Machado, e levados pela mão por Tatá Regala, que desce às profundezas da mina de sal-gema de Loulé, sobe às alturas da Rocha da Pena, salta ribeiras, retempera forças com um mosquitinho de medronho, come laranjas no castelo de Silves, sobe ao castelo de Paderne, o vídeo promocional cumpre a sua missão: despertar em quem o vê o desejo de conhecer este território, espalhado pelo interior de três concelhos – Loulé, Albufeira e Silves – e que tantas surpresas reserva.

«O território vai ser a pedra de toque nos tempos vindouros, porque é no território e nas pessoas que lá vivem que tudo radica. Este filme deixa um convite a regressar ao território e a valorizar quem lá vive», acrescentou Nuno Aires.

 

 

O filme é a primeira peça de comunicação deste que será, quando for aprovado pela UNESCO, como se espera, «o geoparque mais a Sudoeste da Europa». A outra peça, que foi igualmente apresentada na quarta-feira, é o site. Mas haverá outras.

O sítio na internet do futuro geoparque, acessível aqui, foi apresentado por Marta Caetano, da equipa de comunicação e imagem do projeto, que fez questão de sublinhar que «a página tem, por trás dela, o trabalho de muita, muita gente».

Aliás, já Dália Paulo, diretora municipal da Câmara de Loulé, uma das entusiastas iniciais do projeto, tinha salientado que há «quase meia centena de pessoas dos três municípios envolvida neste projeto». Na verdade, ilustrou, trata-se de «um trabalho de orquestra, em que a nossa maestrina é a professora Cristina Veiga-Pires».

Quanto à página na internet, trata-se de um site «sempre em construção, porque haverá sempre novos conteúdos a ser inseridos», nomeadamente ao nível de novos percursos inseridos.

Contando com a colaboração da vasta equipa, que integra técnicos das três Câmaras envolvidas no projeto – Loulé, Albufeira e Silves -, bem como a Universidade do Algarve e o seu Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA), além de outros especialistas, o site foi concebido para ser útil e fácil de utilizar. As fotografias de Vasco Célio são um importante complemento, para nos fazer sonhar com uma visita a todos aqueles locais, pessoas e atividades, tão bem retratadas.

A estrela principal deste aspirante a geoparque – e que lhe dá o nome – é o o Metoposaurus algarvensis, uma espécie de salamandra gigante, ou seja, um anfíbio que viveu na zona da Penina, no interior do concelho de Loulé, há nada mais, nada menos que 227 milhões de anos. Foi a partir da recente descoberta do seu fóssil (que é agora peça de destaque do Museu de Loulé) que se começou imaginar este geoparque.

 

O paleontólogo Hugo Campos a trabalhar no Metoposaurus algarvensis – FOTO: Vasco Célio/STILLS

Mas as outras estrelas, não menos brilhantes, são o próprio território – com paisagens e património tão diversos – e, sobretudo, as pessoas que aí habitam e trabalham. Daí que um dos lemas deste projeto seja, precisamente, que «os geoparques são para as pessoas e com as pessoas».

É por isso que, tanto no vídeo promocional, como no site ou na página de facebook do projeto, a par dos aspetos geológicos e das paisagens, o que se destaca são os rostos e as mãos de quem faz, vive e sorri nestas paragens do interior do Algarve.

Como é explicado, «um Geoparque é uma área territorial com limites claramente definidos, que inclui um notável património geológico, associado a uma estratégia de desenvolvimento sustentável do território. É um lugar identitário, inspirador, transformador e de pertença, que convida a visitar, fixar e investir, de forma consciente e em harmonia com os valores ambientais e culturais dos territórios. É, em suma, uma maneira feliz de estar e viver o território e legá-lo às gerações vindouras!»

Os municípios de Loulé, Silves e Albufeira estão a trabalhar na candidatura do aspirante Geoparque Algarvensis a Geoparque Mundial da UNESCO. A importância desta candidatura reside «na valorização do património geológico do território, fomentando o desenvolvimento sustentável local, com o imprescindível envolvimento da comunidade, agente interventivo e embaixador deste projeto».

 

Mina de Sal Gema de Loulé – FOTO: Vasco Célio/STILLS

Dália Paulo, que ali estava também em representação de Vítor Aleixo, presidente do Município, recordou que «há ainda dois anos de trabalho até à submissão da candidatura» à UNESCO.

E acrescentou que este é «um trabalho que se faz com as pessoas». Daí que, em 2021, anunciou, uma das tarefas seja criar uma rede de geoparceiros, uma espécie de embaixadores no território que recebam os visitantes que o geoparque inevitavelmente vai atrair, mas que também tirem, eles próprios, partido da existência dessa estrutura.

José Carlos Rolo, presidente da Câmara Municipal de Albufeira, sublinhou tratar-se de um «projeto fundamental para valorizar o interior», nomeadamente «a vida quotidiana do interior». «Vejo o geoparque como um grande desafio, uma grande oportunidade para valorizar o interior», reforçou o autarca.

O processo, frisou, é «muito moroso». «Mas isso só significa que é devidamente analisado e preparado», o que é uma mais valia. «Quando um dia tivermos aqui o selo da UNESCO, vai ser um valor acrescentado peta valorizar o interior e equilibrar um pouco os movimentos turísticos», que têm preferido em especial o litoral, disse ainda o edil albufeirense.

Rosa Palma, presidente da Câmara de Silves, foi a anfitriã do lançamento destas duas peças fundamentais da comunicação do aspirante a Geoparque Algarvensis, o vídeo promocional e o site. E começou precisamente por salientar que «o projeto nos envolve a todos, e não é só a equipa técnica, são também os autarcas», desde os presidentes das três Câmaras aos presidentes das Juntas de Freguesia, muitos deles presentes na sala.

«O território só ganha valor, se valorizarmos as suas gentes. E por isso chamámos a nós, neste projeto, os senhores presidentes de Junta», acrescentou a autarca de Silves.

 

José Carlos Rolo, Rosa Palma e Dália Paulo – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

Cristina Veiga-Pires, diretora científica do aspirante Geoparque Algarvensis, fez um resumo do trabalho já feito neste último ano, desde que foi assinado, pelos presidentes dos três municípios envolvidos, o protocolo que formalizou o projeto conjunto.

Para já, ao nível da Geologia e Paisagem, foram compilados 10 geossítios, que podem ser visitados, para começar, de forma virtual no site do geoparque. Estes são, sublinhou aquela professora da Universidade do Algarve, «apenas os primeiros a ser divulgados», porque haverá mais, pelo menos mais quinze.

Mas foi ainda criado o projeto do primeiro laboratório de Paleontologia no Algarve, criado o Conselho Científico e Consultivo, promovidas sessões de informação e educação ambiental com escolas (apesar das restrições causadas pela pandemia), aprovadas as normas para os geoparceiros.

Quanto ao futuro, Cristina Veiga-Pires apontou como principal objetivo a criação da Associação Aspirante Geoparque Algarvensis, que junte todas as entidades participantes. Curiosamente, há um ano, na assinatura do protocolo, este era já o projeto apontado para o futuro.

Objetivo é também, como já se referiu, submeter a candidatura a Geoparque Mundial da UNESCO ao fórum deste organismo das Nações Unidas, o que deverá ter lugar em 2022.

Finlamente, há que «trabalhar com as pessoas no território», até para as envolver num projeto que não ficará dependente de ciclos políticos, nem desta ou daquela entidade.

A presidente da Câmara de Silves resumiu o que se pretende, de forma direta: «isto não é o projeto da Rosa Palma, do Rolo ou do Vítor Aleixo. Não! É um projeto de todos e com continuidade!».

E porque estes tempos estranhos que vivemos convidam a caminhadas ao ar livre, porque não aceitar a sugestão dos nove percursos de descoberta que já estão disponíveis no site? Neste fim de semana prolongado, porque não se poderá circular entre concelhos, os privilegiados serão os habitantes dos municípios de Loulé, Silves ou Albufeira, onde estas nove rotas se situam. Mas, em breve, todos poderão partir à descoberta, destes e de outros percursos, da riqueza e especificidade geológica, das tradições e património, das paisagens e das pessoas. O convite fica feito.

 

 

 

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