Investigadores identificam nova espécie de anfíbio pré-histórico em Loulé

Investigadores da Universidade de Edimburgo identificaram uma nova espécie de anfíbio carnívoro no Algarve, que habitou a Terra no início […]

metopossaurus algarvensisInvestigadores da Universidade de Edimburgo identificaram uma nova espécie de anfíbio carnívoro no Algarve, que habitou a Terra no início da Era dos dinossauros, há mais de 200 milhões de anos. Ossos desta nova espécie, denominada Metoposaurus algarvensis, foram encontrados em rochas de um antigo lago na região de Loulé. 

Segundo o jornal britânico The Guardian, que cita o estudo, o animal, que se assemelharia a uma salamandra gigante, teria um tamanho de «um pequeno carro [dois metros de comprimento em idade adulta] e alimentava-se dos peixes que abundavam nos cursos de água no final do período Triásico».

Apesar de haver metoposauros identificados em outros pontos do globo, os investigadores dizem tratar-se de uma nova espécie, devido a «diferenças na estrutura da mandíbula e em partes do crânio onde a medula espinal liga com o cérebro». A criatura teria uma cabeça longa e chata que Steve Brusatte, que liderou o estudo, comparou com «um assento de sanita com milhares de pequenos dentes».

Segundo o palentólogo Luís Azevedo Rodrigues, do Centro de Ciência Viva de Lagos, em declarações ao Sul Informação, «o Metoposaurus algarvensis pertence a um grupo de animais chamados anfíbios temnospôndilos, com hábitos semelhantes aos dos crocodilos atuais – eram predadores de ambientes fluviais (rios e ambientes lacustres). Apesar de serem comuns em vários pontos do globo do Triásico superior (237-201 milhões de anos), são raros na Península Ibérica».

A descoberta desta nova espécie é, para o paleontólogo, «muito importante pois permite caracterizar melhor este grupo de animais a nível anatómico, das suas relações de parentesco na “árvore de vida” do Triásico e permite caracterizar alguns dos ecossistemas daquela época, para além dos ambientes em que viveu».metopossaurus algarvensis2

Apesar de este metopossauro ser comparado a uma salamandra, não existe relação entre o animal pré-histórico e qualquer espécie atual, uma vez que «grande parte dos temnospôndilos desapareceram na mega-extinção do Triásico-Jurássico (há 201 milhões de ano) tendo alguns metopossauros sobrevivido a esta extinção», mas «todos os temnospôndilos, de que os metopossauros fazem parte, extinguiram-se no Cretácico inferior (há aproximadamente 100 milhões de anos)».

Luís Azevedo Rodrigues explica que «as rochas onde foram encontrados estes fósseis faziam parte do que se designa por Bacia do Algarve, uma zona onde se acumulariam grandes quantidades de sedimentos numa época da história da Terra em que o Oceano Atlântico estaria a começar a sua abertura durante a fragmentação da Pangeia».

As descobertas do período Triásico em território algarvio não são, no entanto, uma novidade. «Durante as décadas de 1970 e 1980, um estudante alemão de Geologia (Thomas Schroter) fez várias excursões de pesquisa à Penina tendo recolhido fósseis que foram posteriormente levados para a Alemanha, estando atualmente nas coleções do Museum fur Naturkunde de Berlim (Museu de História Natural)» e, «em 2008, dois autores alemães, Witzmann e Gassner, já haviam descrito e publicados vários fósseis de temnospôndilos da Penina tendo inclusivamente colocado na publicação um mapa bastante detalhado dos locais da descoberta», refere Luís Azevedo Rodrigues.

O paleontólogo fez referência a isso mesmo no ano passado quando apresentou uma palestra no VIII Encontro de Professores de Geociências do Alentejo e Algarve, em Silves, onde falou sobre a extinção do Triásico-Jurássico, referiu os trabalhos de pesquisa paleontológica, passados e recentes na Penina, e lamentou «o depósito dos exemplares de vertebrados fora do Algarve».

No local onde foram encontrados os ossos deste Metoposaurus algarvensis podem estar, segundo refere o The Guardian, «centenas de anfíbios que morreram quando um antigo lago secou. Até agora apenas uma fração do local foi escavada», sendo que esta equipa de investigadores já fez visitas de campo ao local por duas vezes.

 

 

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