Porto de Faro com mais carga movimentada este ano, Sines perde 1,21 milhões de toneladas

Entre Janeiro e Agosto deste ano, os portos do continente movimentaram quase 53,7 milhões de toneladas, um recuo de 8,8% face a igual período de 2019

O Porto de Faro contrariou a tendência nacional e, de Janeiro a Agosto, movimentou mais 23,8 mil toneladas do que tinha acontecido em 2019, segundo dados revelados esta segunda-feira, 19 de Outubro, pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT). O Porto de Sines perdeu 1,21 milhões de toneladas. 

Entre Janeiro e Agosto deste ano, os portos do continente movimentaram quase 53,7 milhões de toneladas, um recuo de 8,8% face a igual período de 2019, o que corresponde a uma diminuição de 5,16 milhões de toneladas.

A variação global do sistema portuário é explicada pelo comportamento negativo da maioria dos portos, com destaque para Sines, que perde 1,21 milhões de toneladas, bem como para Lisboa, que regista uma diminuição de 1,72 milhões de toneladas, e para Leixões, cujo movimento reflete um decréscimo de 1,56 milhões de toneladas.

Os únicos portos que cresceram são, então, os da Figueira da Foz e de Faro, cujo movimento reflete um acréscimo de +21,6 mil toneladas (mt) e +23,8, respetivamente, com variações percentuais respetivas de +1,7% e de +30,5%.

No entanto, e se isolarmos o mês de Agosto, verifica-se um aumento da carga superior em 12% face ao período homólogo, responsabilidade total do porto de Sines, ao registar um acréscimo de 43,7%, refletindo, no entanto, a circunstância de o mês de Agosto de 2019 ter registado o volume mais baixo do ano, e anulando as variações negativas de todos os outros portos, nomeadamente Leixões e Lisboa com decréscimos respetivos de 11,6% e 8,7%.

Neste relatório, o carvão é apontado como continuando «a exercer influência negativa no desempenho do ecossistema portuário, uma vez que não se prevê a realização de novas importações de volume significativo para alimentar as centrais termoelétricas de Sines e do Pego, com cessação da atividade anunciada para 2021».

Ao nível dos mercados de carga, o carvão registou volume global inferior ao homólogo de 2019 de menos 1,94 milhões de toneladas (-81,1%), seguindo-se nas posições seguintes os produtos petrolíferos com menos 1,65 milhões de toneladas (-13,4%), o petróleo bruto com menos 508,6 mt (-6,8%) e os outros granéis sólidos com menos 489,2 mt (-9,4%).

Também os produtos agrícolas, a carga ro-ro (a carga que entra no navio pelos seus próprios meios), a carga fracionada e os outros granéis líquidos registaram decréscimos.

«Apenas a carga contentorizada e os minérios assinalaram acréscimos nos primeiros oito meses do ano, embora com valores não muito expressivos, que se centraram em +111,2 mt e +81,4 mt, respetivamente», diz o relatório da Autoridade da Mobilidade e Transportes.

O comportamento da carga contentorizada resulta maioritariamente do desempenho dos portos de Sines, Setúbal e Leixões que, ao registarem, respetivamente, mais 1,24 milhões de toneladas, mais 154,4 mt e mais 128,6 mt, anulam os decréscimos de Lisboa e Figueira da Foz.

Com exceção de Lisboa, mas cujas causas não são alheias ao clima de instabilidade laboral, aparentemente o mercado de Carga Contentorizada já se encontra numa fase de recuperação do abrandamento induzido pela pandemia.

 

Porto de Sines

 

O porto de Sines passa a deter uma quota maioritária absoluta de 50,3% do total do movimento de carga movimentada, um acréscimo de 2,3 pontos percentuais à do período homólogo de 2019, embora esteja ainda a menos 4,1 pp do seu máximo registado em 2016. Leixões permanece no segundo lugar, com uma quota de 21,5%, seguido por Lisboa (11,1%), Setúbal (7,9%), Aveiro (6,1%) e Figueira da Foz (2,5%), sendo que Viana do Castelo, Faro e Portimão representam no seu conjunto 0,6%.

Nos primeiros oito meses deste ano, o segmento dos Contentores registou um volume total de 1,8 milhões de TEU (Twenty-foot Equivalent Unit), uma redução de -2,6%, correspondente a -47,6 mil TEU, e refletindo uma recuperação de 3,9 pontos percentuais relativamente ao mês anterior.

Esta recuperação surge na sequência de um acréscimo global de +28,4% ocorrido no mês de Agosto, com o contributo decisivo do porto de Sines, que regista uma variação de +69,3%, tendo sido acompanhado pelas variações de +29% em Setúbal e de +8,6% em Leixões.

Setúbal e Leixões registam o volume mais elevado de sempre nos períodos homólogos, com acréscimos de +0,8% e de +14,4%, respetivamente.

O porto de Setúbal regista variações mensais positivas pelo sexto mês consecutivo, oscilando entre +11,1% em junho e +44,9% em Abril. Sines fecha o período de Janeiro a Agosto com uma variação total de +6,7%, correspondente a +65,1 mil TEU. Os acréscimos de Sines, Leixões e Setúbal, não foram suficientes para anular as variações negativas de Lisboa e da Figueira da Foz que ascendem, respetivamente, a -39,9% (-125,5 mil TEU) e a – 32,3% (-4,8 mil TEU).

Ainda no mercado de Contentores, o porto de Sines eleva a liderança para uma quota maioritária absoluta de 57%, seguindo-se Leixões, com 25,9%, Lisboa, com 10,4%, Setúbal, com 6%, e Figueira da Foz, com 0,6%.

Relativamente ao número de escalas de navios, nas diversas tipologias, o conjunto dos portos registou nos primeiros oito meses deste ano um total de 6280 escalas, um recuo de 11,7% (-830 escalas no total) face ao período homólogo de 2019, correspondente a uma arqueação bruta de cerca 112,7 milhões, menos 14,8% face a igual período do ano anterior.

Este comportamento global resulta de diminuições do número de escalas observadas na maioria dos portos, tendo Lisboa dado um forte contributo ao registar -546 escalas, incluindo cerca de 176 escalas canceladas por aplicação das medidas de combate à pandemia de covid-19.

Estas medidas tiveram igualmente impacto nos portos do Douro e Leixões e Portimão, que registaram uma diminuição total de, respetivamente, 104 e 44 escalas.

Apenas Figueira da Foz e Faro registam variações positivas no número de escalas ao registar em Agosto um crescimento de 9 e de 6 escalas, respetivamente.

A quota mais elevada do número de escalas no período total dos oito meses é detida pelos portos de Douro e Leixões, com 26,1% do total, seguidos de Sines (com 21,3%), Lisboa (17,8%), Setúbal (16,7%), Aveiro (10,4%), Figueira da Foz (5,1%) e Viana do Castelo (2,1%).

 

 

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