Motoristas de autocarros de turismo protestam em tempos de crise profunda

No final, houve uma reunião com a Região de Turismo do Algarve

Partiram de Albufeira e só pararam em Faro, frente à Região de Turismo do Algarve (RTA). Motoristas de autocarros de turismo fizeram uma marcha de protesto esta quarta-feira, 16 de Setembro, num período de grande crise para este setor, com profissionais a «passar por muitas dificuldades, até a nível alimentar». A Associação de Guias Intérpretes do Algarve (Agigarve) também se juntou ao protesto. 

Esta foi uma iniciativa promovida por um grupo de empresas de transporte pesados de passageiros e apoiada, além da Agigarve, pela ARP – Associação Rodoviária de Transporte Pesado de Passageiros e pelo Movimento SOS Motoristas.

No protesto participaram «15 a 20 empresas e 50 a 60 pessoas». «Felizmente algumas tinham trabalho», disse, aos jornalistas, Nelson Farinha, empresário que é representante, no Algarve, destas manifestações do movimento SOS Motoristas e ARP.

 

Nelson Farinha

 

O Algarve tem «200 a 300» pessoas a trabalhar no setor dos autocarros de turismo, «entre motoristas e outros colaboradores». A pandemia da Covid-19 veio trazer um período de grande crise.

«Há muitas empresas que têm 10, 15 autocarros e estão a trabalhar com um ou dois apenas. A questão é que isso não é suficiente sequer para pagar as despesas fixas», considerou Nelson Farinha.

Por agora, das cerca de 30 empresas que existem na região, «ainda nenhuma foi a falência», mas há «muitas pessoas a passar por muitas dificuldades, até a nível alimentar».

«Daquilo que sei, faturámos, no Verão, 5 a 10% do que seria normal e não há perspetivas de melhoria. O turismo é sazonal e vamos entrar na época baixa. É uma situação difícil e os próximos 8, 10 meses serão muito complicados», adiantou o empresário.

Uma das principais reivindicações é a questão da lotação. Os autocarros de turismo estão limitados a 2/3 da capacidade, «o que condiciona a utilização normal».

 

 

«Apelamos ao Governo que reveja esta situação porque já nos fez perder grupos e condiciona muito a situação. Nós defendemos a lotação máxima. O avião pode ir cheio e nós não porquê? Quem viaja num avião, pode viajar num avião cheio. Quem viajar num autocarro, tem de ser apenas com dois terços da lotação. Temos duas decisões opostas», considerou Nelson Farinha.

Outro aspeto, defendeu, «são os apoios concretos para o Algarve». «Até agora, não passaram de uma mera palavra e as empresas precisam de saber o que vão fazer no futuro: continuar, diminuir ou fechar completamente», disse.

No final da jornada de protesto, houve uma reunião entre a Associação Rodoviária de Transporte Pesado de Passageiros, a Associação de Guias Intérpretes do Algarve e a Região de Turismo do Algarve. Da parte da RTA, «que ouviu atentamente as nossas questões», espera-se que «seja um elo de ligação» com o Governo.

«No caso regional queremos que haja aqui uma ligação entre a RTA, o nosso Movimento/Associação e o Governo porque o turismo no Algarve, nos próximos meses, vai estar quase parado. Serão tempos difíceis», considerou Nelson Farinha.

No setor dos guias intérpretes, as expetativas não são melhores. Cristina Marreiros, presidente da Associação de Guias Intérpretes do Algarve, diz que a presença no protesto de hoje aconteceu «por uma questão de solidariedade».

 

 

«Nós muitas vezes trabalhamos em conjunto e formamos equipas de trabalho. Para nós, neste momento, estamos limitados a grupos de 10 e há monumentos que nos limitam ainda a menos, o que implica que as visitas não podem ser feitas. Há muitos cancelamentos feitos, até no país de origem, porque nós depois aqui não conseguimos fazer os serviços», lamentou ao Sul Informação. 

«A maior parte do nosso trabalho são viagens organizadas que, neste momento, são quase residuais. Aqui no Algarve há 70 guias e temos mais de 90% com quebras de faturação entre os 90 e os 100%», acrescentou.

As consequências, resumiu, são «nefastas».

«Há pessoas com problemas até do dia a dia e muita gente a equacionar se vale a pena continuar. Vem aí a época baixa e há pessoas sem trabalhar desde Outubro, Novembro. As ajudas do Estado são poucas e não temos apoios nenhuns do turismo. Muita gente equaciona deixar a profissão, mas nós somos qualificados, damos qualidade ao turismo e, quando sairmos, não há quem nos substitua», concluiu.

 

Fotos: Flávio Costa | Sul Informação

 

 

 

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