Frente ribeirinha de Faro renasce com viaduto sobre a linha férrea e Quilómetro Cultural

Faro celebrou ontem o Dia do Município

Foto: Hugo Rodrigues|Sul Informação

Dentro de alguns anos, quem for à Baixa de Faro, vai poder calcorrear um Quilómetro Cultural e contactar diretamente com a Ria Formosa, sem medo que um comboio lhe tape a vista. E tudo começa com uma passagem superior sobre a linha de caminho de ferro, na zona do Teatro das Figuras.

A assinatura de um  protocolo para a supressão da passagem de nível existente junto a este espaço cultural e construção de uma nova passagem aérea rodoviária, bem como a apresentação do Quilómetro Cultural, o novo conceito que a autarquia farense quer dar à Baixa da cidade, estiveram em destaque na sessão solene do Dia do Município de Faro, que teve lugar ontem, segunda-feira.

No caso da intervenção na Linha do Algarve, será realizada ao abrigo de um protocolo assinado hoje entre a Câmara e a Infraestruturas de Portugal.

Este acordo visa a supressão de três passagens de nível, uma rodoviária, a existente junto ao teatro e à antiga Escola Superior de Saúde, e duas pedonais: a situada na doca de Faro, na zona do Hotel Eva, e a existente frente às Portas do Mar, que dá acesso ao pontão de embarque para as ilhas.

No primeiro caso, está em causa a «supressão da passagem de nível aqui junto ao teatro, para permitir o acesso franco a esta zona, que a Câmara quer requalificar», revelou aos jornalistas Carlos Fernandes, vice-presidente das Infraestruturas de Portugal, à margem da sessão solene do Dia do Município.

«A Câmara assumiu a elaboração do projeto de execução e a Infraestruturas de Portugal irá executar a obra, uma intervenção com um investimento previsto de cerca de 2,5 milhões de euros», revelou o mesmo responsável.

 

Rogério Bacalhau e Carlos Fernandes – Foto: Hugo Rodrigues|Sul Informação

 

Suprimir essa passagem de nível rodoviária será muito mais do que uma mera questão de segurança. É, também, um bilhete para o desenvolvimento da área a sul da linha férrea e do passeio ribeirinho.

Isto porque a solução encontrada,  «uma passagem superior a ser construída naquele mesmo local», é aquilo que vem «permitir desenvolver o espaço que fica a sul da linha».

«A IP, com base na lei, não pode autorizar a requalificação daquele espaço, enquanto a passagem de nível ali estiver. Nós não podemos fomentar o aumento dos atravessamentos numa passagem de nível, pelo que iríamos obstaculizar» a requalificação desta zona da cidade, explicou o vice-presidente da empresa de capitais públicos.

Ou seja, há uma relação de causa-efeito entre a desativação da passagem de nível e a requalificação que a Câmara quer promover na zona nobre da capital algarvia, que inclui a frente de ria.

Desta forma, este é, segundo Rogério Bacalhau, presidente da Câmara de Faro, o projeto prioritário e o primeiro ao qual será dado andamento, de entre os apresentados na sessão.

«O objetivo é ter o projeto feito no próximo ano, para o entregar à Infraestruturas de Portugal, para que eles lancem concurso para a execução, provavelmente, ainda durante o próximo ano», disse o edil farense.

 

Foto: Hugo Rodrigues|Sul Informação

 

A partir do momento em que seja possível atravessar a linha de carro, passando por cima da linha férrea, a Câmara vê alargar o seu leque de possibilidades.

E ideias não faltam à autarquia farense, que desenvolveu um novo conceito, que presidirá à requalificação da Baixa: o Quilómetro Cultural, situado entre o Teatro das Figuras e a Fábrica da Cerveja.

Esta é, segundo Rogério Bacalhau, «uma ideia estruturada, que surgiu quando nós estivemos a estudar o Plano Estratégico para a Cultura».

«Tínhamos um conjunto de projetos que já estavam em andamento e juntámo-los todos aqui, para lhe dar alguma coerência, adicionando mais algumas coisas», explicou aos jornalistas Rogério Bacalhau.

«Temos uma equipa a fazer o projeto do passeio marítimo, que é a requalificação desta zona toda [desde o teatro] até à doca», resumiu.

Ao mesmo tempo, a Câmara está «a lançar um projeto para a requalificação da zona toda desde a Estação até ao Largo de São Francisco: a Avenida da República, o Jardim Manuel Bívar, etc.».

«É uma área que hoje perdeu o conforto e a atratibilidade. É a zona nobre da cidade, mas que, fruto de um conjunto de intervenções ao longo de décadas, perdeu a sua coerência», acredita o presidente da Câmara de Faro.

Assim, a Câmara decidiu «contratar uma equipa que olhe para aquela zona e faça uma requalificação que é necessária fazer, dando-lhe conforto, coerência e atratibilidade».

«Toda esta zona será intervencionada, nos próximos anos, e vamos dar-lhe toda uma componente cultural e humanística, através deste Quilómetro Cultural», resumiu.

E se numa das extremidades desta nova zona está o bem funcional Teatro das Figuras, na outra está um imóvel a quem todos reconhecem o potencial, mas que tarda a encontrar um rumo.

«Na fábrica da Cerveja, temos, neste momento, uma equipa a pensar qual será o destino cultural para aquele equipamento. É fácil dizer que vamos fazer ali um equipamento  cultural, mas temos de perceber o que iremos fazer», revelou Rogério Bacalhau.

Desta forma, o município contratou «uma equipa só para pensar nisso e para nos dar ideias do que fazer, para no final termos um projeto coerente, que seja sustentável».

 

 

Outra componente deste Quilómetro Cultural ficará na hoje pouco valorizada zona a sul da linha férrea.

Aqui, além da requalificação do passeio ribeirinho, continua prevista a construção de uma doca exterior, junto à já existente, mas do lado oposto da linha, em plena Ria Formosa, bem como um passadiço desde o novo porto de recreio até ao Largo de São Francisco.

É aqui que entra a supressão das outras duas passagens de nível constante no protocolo hoje assinado.

«O acordo global também incluiu a supressão de passagens de nível pedonais, também na zona ribeirinha», explicou Carlos Fernandes, da IP.

Neste caso, a Câmara assume não só o desenvolvimento dos projetos de execução, mas também a realização das obras.

«Vamos fazer duas passagens inferiores e uma terceira, que ainda não decidimos se será superior ou inferior, no Largo de São Francisco. Estas, pagamos nós. O custo será mais ou menos o mesmo, cerca de 2,5 milhões de euros», revelou Rogério Bacalhau.

«Quando estiverem todas feitas, deixaremos de ter passagens de nível desde o teatro até à Horta da Areia», explicou o edil farense.

«Há outro processo em curso, cujo protocolo será assinado em breve, que tem a ver  com a transferência da gestão de um conjunto de ativos que são da IP e que vão passar a ser geridos pela Câmara Municipal: o cais coberto, que fica na zona da estação, e um conjunto de terrenos que vão ser, também requalificados pela autarquia», acrescentou o vice-presidente da IP.

«Vamos assinar, dentro de um mês ou dois, outro protocolo com a IP, para que os armazéns da Estação passem para a nossa responsabilidade. Queremos criar aí uma grande área de exposições», disse, pro seu lado, Rogério Bacalhau.

 

 

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